sábado, dezembro 11, 2004

Às vezes elas voltam... (as minhas críticas de filmes)

A Sétima Vítima ("Darkness"), de Jaime Balagueró


Sem dúvida, como já disseram algumas críticas, um bom mau filme de terror. Assim pode ser definido "A Sétima Vítima", cujo título ficaria melhor como a escuridão do original. É um bom filme pois cria climas, ainda que em vários momentos lembre outros filmes recentes como "O Sexto Sentido" e mesmo "O Chamado" e outros mais antigos como "O Exorcista", em função dos clichés de filmes de terror: criança sensitiva, dias contados, o horror enquanto versão de culpa pela negligência dos pais, e outros. Há ainda referência a "Os Outros", também espanhol. Mas tal uso dos lugares comuns não diminui o filme, pois todos parecem ser usados de forma honesta, sem querer enganar o espectador como sendo algo novo, importante (e talvez seja difícil fugir dos clichés quando um gênero volta a moda). O filme se assume um grande "trem fantasma", pronto a assustar o espectador, sem querer passar nenhuma mensagem, sem ser autoral . Mas ainda assim contando com um roteiro enxuto, sem buracos, que não se perde em explicar detalhes e, acima de tudo ( e felizmente), não tenta minimizar o inexplicável. E com um elenco que defende em seus papéis, ainda que de forma quase caricata mas que serve bem a proposta do trem fantasma onde pretende-se assustar e não filosofar. Cheio de sombras, cantos escuros, com sustos simples, parece um bom filme de terror, não? Mas é mau, mau, muito mau, como um trem fantasma que não acaba. E essa coragem de ser mau talvez seja a característica, senão original, pelo menos muito interessante do filme. Filme pra sair angustiado (nisso pode lembrar "Olhos Famintos") e com medo de ver de novo(e com medo da existência da maldade)...

sábado, dezembro 04, 2004

Saudade Patológica

No dia em que eu não for mais
Pode ser que tudo mais não faça diferença
Mas agora, enquanto ainda sou
Não posso evitar a estranha sensação
De sentir saudades de toda beleza inerente ao mundo
e aos seres, principalmente os ditos humanos

Não faz sentido
Pois ainda vivo tudo aquilo de que tenho saudades
Mas talvez seja o medo cético
De nem mesmo saudades sentir
Quando me acabar o tempo nesse pequeno planeta
E assim vou perdendo a felicidade completa
Por sentir saudades antes do tempo
"O que diferencia o impossível do difícil? A questão parecia-lhe importante, quase essêncial pois dela dependiam as decisões que estava por tomar. Precisava resolver se valia apena tentar ou se, sendo impossível seu desejo, apenas lhe restava resignar-se. Mas sua pergunta permanecia sem resposta, por mais que pensasse, discutisse, procurasse a resposta na filisofia, na ciência ou na fé. Queria acreditar, na verdade, que alguma lei resolveria por ela sua vida, determiando o que fazer, desejar, amar. Mas ao mesmo tempo questonava cada uma das leis humanas que poderiam cercear seu querer e amenizar a angústia que lhe era inerente. A liberdade, então, de pensar, decidir, querer tinha por preço a angústia de se saber livre e temer estar só. Mas não eram exatamente a angústia e o medo da solidão que movimentavam seu ser? Não era pelos momentos em que se sentira completa, acompanhada na imensidão, que estava disposta a correr os riscos inerentes de querer o impossível e assim acreditar que era apenas difícil? Se "assim é o que assim lhe parece", já tinha sua resposta, por mais que quisesse duvidar de si mesma, por mais que fosse manter-se a procura de uma certeza ou verdade absoluta. Ainda que duvidasse que tais existissem, seria a procura de sua vida. Mas no meio tempo tinha de viver e correr os riscos de ter, ou não, o impossível."

domingo, novembro 28, 2004

Esboço de um roteiro de Comédia Romântica Medieval (público alvo: mulheres de todas as idades. Com possibilidade de virar uma série, ao estilo Sissi.)

Queria escrever uma história romântica. Com uma donzela a espera de um herói. Mas sua donzela teimava em resolver seus problemas antes que seu herói pudesse ajudá-la. Este também encontravasse a maior parte do tempo perdido em dúvidas e preferia se enamorar das personagens secundárias do romance a cortejar a donzela que tanto admirava. Dessa forma, a donzela não tinha porque esperar pelo herói que na realidade ansiava, pois acreditava que este já tinha pretendentes demais e que ela não poderia se comparar a elas. Pensar não era atributo tão sedutor quanto saber pedir ajuda quando não se necessitava. E ela não era capaz disso. E era exatamente isso que a fazia mais admirável aos olhos do herói. Ao mesmo tempo que a fazia mais distante, pois uma mulher tão inteligente, independente, bonita e charmosa não poderia precisar de um herói que só servia para resgatar donzelas perdidas na floresta. E ela era inteligente o bastante para sempre encontrar o caminho de volta. Mas na verdade, sempre ficava na floresta mais tempo que o necessário, esperando que talvez ele fosse resgatá-la. Pois admirava nele para além da força e beleza, que todas enxergavam, também a determinação, o senso de crítica e de humor e sua sensibilidade. Sabia que ele escrevia e morreria só para ver seus versos. Talvez morresse mesmo quando descobrisse que a maior parte era sobre ela. Seus olhos, cabelos, suas mãos, que ele tocara apenas uma vez, a voz que se atrevia a cantar versos e falar de coisas que iam além de tecidos e jóias. Ele escrevia sobre ela, sem saber que ela também fazia versos sobre ele. E assim, a história se perdia cada vez mais num romance aparentemente impossível entre dois personagens que se amavam mas não sabiam. Até o pai da donzela já estava preocupado, com sua primeira filha tão cheia de dotes poderia estar ainda solteira? Decidiu mandá-la a outro reino, para expandir seus horizontes, conhecer novos pretendentes. A donzela aceitou bem a proposta, começava a pensar que precisava de algo novo além dela mesma. E foi para o outro reino, onde, ao se ver livre do estigma de donzela reclusa, pode ser quem realmente queria. Enfeitou-se, se atreveu a participar das quadrilhas no bailes, se fez ser olhada e aceitou o olhar de príncipes, heróis e camponeses. Enamorou-se de um ou dois deles... Enquanto o herói aprendia que deveria escolher o que queria. Ouvia rumores do sucesso da donzela no reino vizinho e sentia uma raiva estranha por isso. Como poderia ter raiva de saber que ela estava mostrando a todos aquilo que ele sempre soubera haver dentro dela? Precisou ir até o reino e vê-la conversando com o príncipe para entender seus ciúmes. Pensou em desistir, nem falar com ela, mas ela o viu. E imbuída da força que acabara de descobrir em si mesma, resolveu seduzi-lo, ou pelo menos tentar. Enquanto ele, tomado de ciúmes, de um sentimento de propriedade para com ela, resolveu que a conquistaria. E a partir daí, o resto é história...
Touro 28/11/2004
Humanos são aqueles que vão além do medo que dá a complexidade de tudo, e fazem o possível para merecer as pessoas com que se relacionam, assim como também oferecer a elas o melhor que há em seus corações a todo momento.
www.quiroga.net

Como não ler um horóscopo com mensagens tão bem escritas e bonitas como essa? Impessoal (ainda que não pareça para o leitor) como todos, mas com mensagens bonitas. Ou não, sou eu que gosto mesmo de ler esse horóscopo que fala menos do futuro e mais do presente.(Talvez ele fale daquilo que cada leitor queira que ele fale, os oráculos não foram todos assim? Preciso de tempo para voltar à História para saber responder...)

sábado, novembro 27, 2004

Celine: "Baby, you are gonna miss that plane."

O olhar de Jesse para Celine, em "Antes do Por do Sol" é o exemplo quase real, ainda que cinematográfico, da capacidade do olhar. A linguagem, não só a fala, é atribuição particular do humano e a visão é parte importantíssima dessa capacidade cognitiva. Ao longo do filme Jesse declara, a cada instante que olha para Celine, seu desejo, paixão, admiração, fascínio, amor. Ele não fala, talvez até precisasse (pois acreditamos que acreditamos mais na palavra, ainda que entendamos o olhar) mas não consegue. De qualquer forma, Celine entende, tanto que evita esse olhar, talvez por medo de se perder ali, talvez só por provocação, talvez por isso e mais alguma coisa. Talvez só por saber, por mais que possa duvidar, que no final é ela quem vai cativá-lo com um olhar. Ainda que tenha de fingir uma imitação de Ninna Simone para isso. Mas ele também já sabia como ia terminar. Nove anos é tempo o bastante para se planejar um encontro, mesmo para o que parece que não tem como ser. De certa forma, este "Antes..." é semelhante e diferente de "Encontros...". Semelhante ao mostrar um encontro, diferente porque nào há o desencontro (ou a "perda na tradução" do título original), talvez porque este não seja um primeiro encontro de Celine e Jesse, como o de Bob e Charlotte. Ou talvez eu esteja vendo semelhanças e dissonâncias demais entre os dois filmes.
O importante, é que Jesse vai perder o avião...

Jesse: "I know."

domingo, novembro 21, 2004

Uma Nova Esperança ou Momento Nerd

Não será "O Senhor dos Anéis" mas quem sabe, se seguir o caminho do trailer que (finalmente!!!) assisti no cinema, quem sabe aí, "Episódio 3" será o filme a resgatar "Guerra nas Estrelas" do limbo, do quase esquecimento, da quase mediocridade dos filmes dessa nova trilogia. Não sei se assim será, mas pelo menos há alguma esperança. De que George Lucas tenha reaprendido a dirigir...

sábado, novembro 20, 2004

"Vivera muito tempo perdida no passado. Aquele tempo verbal cheio de perfeições, mais que perfeições mas também imperfeições. Aquele tempo que já existiu, mas não é mais. Vivera, portanto, perdida em saudades de acontecimentos, alguns reais, alguns que suas memórias já tinham tornado mais que perfeitos, quando haviam sido pouco mais que imperfeitos. Acreditara por muito tempo em suas próprias memórias, sem saber que eram suas próprias construções. Sem saber que de certa forma mentia para si mesma. Menos por maldade ou masoquismo, mas talvez por medo ou covardia. De viver o presente."
Porque, por alguma razão que não se faz conhecida a mim, tenho ouvido essa música na minha cabeça desde quando acordei ontem. Deve ser problema com o dial da minha rádio... (Quero crer que todos são capazes de ouvir música dentro de suas cabeças. Ou será isso um inicio de alucinação auditiva?? Ai, ai, lá vou eu ter de ir pro Moncorvo Filho pegar olanzapina....)

Água Viva
Raul Seixas


Eu conheço bem a fonte
Que desce aquele monte
Ainda que seja de noite
Nessa fonte está es condida
O segredo dessa vida
Ainda que seja de noite
"Êta" fonte mais estranha
Que desce pela montanha
Ainda que seja de noite
Sei que não podia ser mais bela
Que os céus e a terra, bebem dela
Ainda que seja de noite
Sei que são caudalosas as correntes
Que regam os céus, infernos
Regam gentes
Ainda que seja de noite
Aqui se está chamando as criaturas
Que desta água se fartam mesmo
às escuras
Ainda que seja de noite
Ainda que seja de noite
Eu conheço bem a fonte
Que desce daquele monte
Ainda que seja de noite
Porque ainda é de noite
No dia claro dessa noite
Porque ainda é de noite





sábado, novembro 13, 2004

"Tinha nos olhos intenções de quermesse."
Porque tem a ver com o escrito de ontem. E porque é, para mim, um dos mais belos poemas da nossa língua. Quiça de qualquer uma.

Ouvir Estrelas
Olavo Bilac


- Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouví-las, muita vez desperto
E abro a janela, pálido de espanto.

E conversamos longo tempo, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Ainda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: - Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem quando estão contigo?

E eu vos direi: - Amai para entendê-las,
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas!


sexta-feira, novembro 12, 2004

"Desde sempre sentira-se embevecida pelas estrelas. Nunca fora capaz de se orientar por elas, nem mesmo reconhecia o Cruzeiro do Sul, ainda assim era capaz de entender a beleza plástica daqueles milhares de pontos luminozos contra o fundo escuro do espaço. Além disso fascinava-a possibilidade de estar olhando o passado. A idéia era simplesmente que seu planetinha, povoado de poeira cósmica "inteligente", era envolto por uma camada de gazes que criava um espetáculo visual a cada momento. E à noite permitia a viagem no tempo. Pois só como viagem no tempo poderia-se explicar o fato de que ela, no seu presente, olhava o passado daquelas estrelas para as quais era o futuro. Passado, presente e futuro se juntavam no todo momentâneo da sua consciência. Talvez fosse relativo para os outros. Para ela, aquilo era tão real que poderia se perder na fascinação que a tomava ao se sentir participando de algo tão incrível. Era parte, mesmo que ínfima, do universo. E isso já era ser muita coisa..."

domingo, novembro 07, 2004

"Pensava, naquele exato momento, que poderia ser feliz numa ilha deserta. Claro que não uma felicidade sustentada, mas a vida seria melhor. Contanto tivesse o direito de levar pessoas queridas. Abriria mão das facilidades complexas da vida em sociedade, até mesmo da diversidade de pessoas com quem tanto poderia aprender. Não importava, ou antes, se o conhecimento servia apenas para complicar a vida, prefeira a simplicidade. Não da ignorância completa, mas poderia ficar com os conhecimentos essenciais, aqueles baseados em sentidos e sentimentos. Por isso, estava disposta, naquele momento, a ter apenas as pessoas por quem tinha carinho, independentemete de conhecimento e influências. Aquelas de quem gostava sem nem saber direito o porque. Era só que queria. Mas sabia o que esperavam dela."


terça-feira, novembro 02, 2004

Conter, manipular até, a ansiedade frente o branco da folha ou da tela. Esta deve ser uma das primeiras lições a ser aprendida por qualquer um que flerte com a escrita. Essa ansiedade tem que ser transfomada em criação, em palavras, boas. Eu, infelizmente, não consigo conter...

domingo, outubro 31, 2004

Da série: Dúvidas Cinematográficas Existênciais
Como alguém pode ter o apelido carinhoso de "Octopussy" e passar um filme inteiro sendo chamada assim???

sábado, outubro 30, 2004

Da série: Coincidências Não Tão Esdrúxulas

Divagava ontem sobre a solidão que nos é inerente e a também inerente busca por não nos sentirmos sós, através do amor. Agora pela manhã abro um livro, para retormar a leitura perdida, e me deparo com esta passagem:
"Lembrou-se do célebre mito do Banquete de Platão: antigamente, os seres humanos eram hermafroditas, até que Deus os separou em duas metades, que a partir daí erram pelo mundo e se procuram. O amor é o desejo dessa metade perdida de nós mesmos."
Milan Kundera, in A Insustentável Leveza do Ser


Isso lembra também a (linda) música "The Origin of Love", do (ótimo) filme Hedwig and the angry inch/ Hedwid - Rock, Amor e Traição.

sexta-feira, outubro 29, 2004

"If there's any kind of magic in this world, it must be in the attempt of understanding someone, sharing something. I know, it's almost impossible to succeed, but . . . who cares, really? The answer must be in the attempt."
-Celine in "Before Sunrise"/"Antes do Amanhecer".


Tenta-se, pelo simples fato de que é impossível não tentar. E porque cada vez que funciona, vale por todas as outras em que não deu certo! ;-)
Ainda sobre as dúvidas existênciais

"São sempre as mesmas perguntas que desde a infância passam pela cabeça de Tereza. Porque as perguntas realmente sérias são apenas aquelas que uma criança pode formular. Só as perguntas mais ingênuas são realmente sérias. São as interrogações para as quais não há resposta. Uma pergunta para a qual não há resposta é uma cancela além da qual não há mais caminhos. Em outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não há resposta que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras da nossa existência."
Milan Kundera, in A Insustentável Leveza do Ser
Da Série: Coincidências Esdrúxulas da Vida

Você tem dúvidas existênciais e um belo dia resolve dar vazão a elas. Paga alguém para ouví-las! Um outro dia começa a suspeitar que algumas dessas dúvidas possam ser superficiais, por mais que você goste de dar-lhes atenção. Aí chega na locadora de vídeos da esquina e se depara com um texto profundo falando extamente das suas dúvidas. É a sinopse do dvd de uma série de tv que você imagina fútil. Você não leva o dvd. Pra que se já sabe a história?
"Queria ser poeta. Queria saber expressar a beleza do mundo e das pessoas, da forma exata como as enxergava. Mas sempre tinha a sensação de que no processo de transformar seus sentimentos em palavras, algo se perdia. Por mais que estudasse gramática, lesse bons livros, melhorasse seu vocabulário, não conseguia. Talvez fosse mais questão de capacidade do que de conhecimento. Ficava entristecida por isso. Entretanto, com o tempo entendeu que seu olhar e sensibilidade não eram características assim tão gerais da espécie humana. Eram lhe algo particulares e também lhe permitiam aproximar-se dos outros, mitigar a sua solidão inerente da espécie. Descobriu que mesmo não tendo o dom das palavras para se comunicar com muitos, o simples fato de poder comunicar-se com os poucos ao seu redor já poderia fazer a diferença. Ainda era complicado, nem sempre se fazia entender, mas estava disposta a continuar tentando, por cada momento, ainda que fugidio, em que não se sentia sozinha. Já não queria ser poeta, só queria tentar ser feliz."

quinta-feira, outubro 28, 2004

As pessoas que conhecemos...

Touro
A magia da realização não é as coisas acontecerem na velocidade do pensamento, mas a de encontrar as pessoas que unirão esforços para tudo ser mais divertido entre o céu e a terra. O objetivo atual é você encontrar a sua tribo.

Do www.quiroga.net

Porque vivemos nas relações e as pessoas que conhecemos são o que de mais importante há na vida. É por e com elas que sentimos, aprendemos e vievmos.





sábado, outubro 23, 2004

Sabem do Sabino?

Claro que sabem. Eu é que soube em Salvador, por telefone, graças ao meu irmão, que também adora seus escritos. E só agora escrevo, quase duas semanas de atraso.

Li isso na Revista Bala (www.revistabala.com.br) e achei perfeito, lindo lindo...

Em uma entrevista, falando sobre a verdade, disse que ela "fica além dos limites da realidade, lá onde só a imaginação alcança. Como o tabuleiro de damas, que não é preto com quadrados brancos, nem branco com quadrados pretos, mas de outra cor com quadrados pretos e brancos: sob a aparência que se oferece aos nossos olhos, oculta-se outra cor: a da ambivalência, da dubiedade, no comportamento da contraditória natureza humana. Principalmente nas relações conjugais".

Aconselho a leitura de toda a matéria sobre aquele que "nasceu homem e morreu menino"!!

Esboços de uma crônica sobre Salvador

"Eu queria
Que essa fantasia fosse eterna
Quem sabe um dia a paz vence a guerra
E viver será só festejar"



Digam o que quiserem, sabemos que festejamos bastante ao longo dessa semana de congresso. Festejamos por estarmos numa bela cidade, longe do dia-a-dia. Quase como se tívessemos sido convidados a uma semana na Ilha da Fantasia, aquela para a qual levavam grandes sonhos e saiam ?apenas? com a doce realidade (que quando doce, parece sonho), creio que pudemos todos viver pequenos sonhos e fantasias reais nesses dias. Vivemos pequenas aventuras em grupo, pois nos tornamos um grande grupo, acima de todas as afinidades eletivas, pois só quando saímos da rotina somos capazes de perceber características que vão além das afinidades. E ainda participamos, alguns pela primeira vez, do evento científico-mercadológico que deveria, a cada ano, nos apresentar o que de novo e relevante tem sido feito ou pensado pelos psiquiatras brasileiros. Apesar de muitas repetições, alguns temas eram relevantes, algumas discussões parecem se perpetuar pelo simples fato de que visões conflitantes continuam, felizmente, existindo e, para além das novidades das "balas mágicas", outras foram apresentadas, como uma clínica conveniada em SP que foi capaz de se desfazer de parte de seus leitos hospitalares para crias um Hospital Dia e se adequar à Reforma Psiquiátrica. Belo exemplo!

Ainda escrevo mais sobre esses dias....

sábado, setembro 25, 2004

Creio que a pergunta que fiz no texto passado (desnecessário dizer que foi inspirado pelo casamento de amigos. Ainda assim digo, mais para citar Clara e Gabriel e tornar pública uma homenagem às bodas de um belo casal.) foi ganhando pertinência após escrita. Para mim mesma. Dois filmes do Festival do Rio (desnecessário recomendar, não é?) fizeram com que me lembrasse dela. Hoje, "Pra que serve o amor só em pensamento", belo filme sobre adolescentes que descobrem as dores do amor. Ontem, "Antes do por do sol". Linda, linda, linda continuação do tão lindo quanto "Antes do amanhecer". Um filme sobre um reencontro. Mas não um reencontro que reprisa os acontecimentos de 9 anos antes, de dois adolescentes. É mais uma renovação. Uma segunda chance sem o peso de um possível erro da primeira. Não são os erros da vida que importam para Celine e Jesse. São os acertos. É a felicidade simples de estarem juntos, mais uma vez. De terem, sim, um grande amor. Não se reencontraram 6 meses depois, não se casaram ou foram felizes para sempre. Tudo isso é ruim, sem dúvida. Mas no pouco mais de uma hora que têm juntos em Paris o amor supera todas essas tristezas e nem pensam nelas. Nem na separação por vir. Pensam, ou melhor, vivem eles mesmos. São livres naquele período. São a prova da liberdade do amor. E mais um exemplo de que não se ama, depois de adulto, da mesma forma que aos 17 anos (ou na adolescência, ja que eles tinam mais idade quando do primeiro filme). Eles amam agora pelo amor que encontraram um no outro (e em si mesmos) na adolescência.

Talvez 17 anos seja a idade de se encontrar o grande amor...

Mas, amor é para ser encontrado ou vivido?

Não sei. Mas sei que viver não se resume aos 17 anos.

domingo, setembro 19, 2004

Casamentos, chegamos a idade dos casamentos. E de lembrar que quando nos conhecemos ainda estavamos na idade dos namoros, das primeiras vezes, das grandes paixões adolescentes (ama-se, depois de adulto, com a mesma intensidade de quando se tem 17 anos?). Alguns de nós estão um pouco mais adiantados, na idade dos pequenos, aqueles seres humanos que nos mostram que a vida nada tem a ver com nós mesmos, vivemos mesmo é pelo outro e para o outro. E alguns ainda atrasados, na idade da procura, talvez por tentar entender demais o que parece não ter explicação alguma. Mas, o importante, o porque de ser desse texto, é que, seja qual for a idade em que cada um de nós se encontra estamos juntos. Por alguma dessas razões que não tem porque de ser (simplesmente é), nos encontramos todos, um dia, por um interesse comum e permanecemos juntos, ainda que não como antes já que temos também outros interesses. Se o primeiro encontro (será que lembramos ainda?) foi casual, a permanência de nossos encontros, caros amigos, essa é proposital, é escolha nossa. Sejam quais fores nossas outras escolhas, se a amizade for sempre uma delas, permaneceremos juntos (ainda que não próximos em distância), até chegarmos aquela, inevitável, idade das despedidas.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Qual a utilidade de um blog? Ser um diário on line, uma forma de tornar públicos, ainda que nem tanto, aqueles seredos que sempre se quiz contar? Ou será uma forma de se exercitar a escrita, ainda que pobre e pouco inspirada? Tento fazer a segunda opção mas geralmente só consigo ficar na primeira. Ainda assim, vou tentando. Ninguém é obrigado a ler, nem estou gastando espaço ou dinheiro dos outros. Deve ser a liberdade virtual.
Mas muita gente tem feito muito bom uso desse tal espaço virtual. Tão bom uso que até já conseguiu espaço real. Parte povo jovem e talentoso escreveu algum dos contos do livro Prosas Cariocas, lançado ontem na Travessa. Momento diário: eu estive lá!! E tenho dedicatória, dentre outros, da Cecília Gianneti, do www.escreveescreve.blogger.com.br (html, html, ainda estou reaprendendo), de quem admiro os escritos e a voz do Casino. Legal, muito legal poder ter contato com quem se admira.

Termina o Linha Direta. Eles voltam na próxima quinta-feira. E eu me lembro que devo ir "pra caminha" já que tenho de estar de pé às seis da manhã...

terça-feira, setembro 07, 2004

Os atros não mentem.

E por vezes (ou pelo menos no www.quiroga.net) parecem ser psicanalíticos, só que falam de alma, no lugar de eu/ego...

Touro 07/09/2004
Seja a favor e não em contra, pois ser do contra, apesar de adotar a aparência de independência, faz com que sua alma fique atrelada aos obstáculos e limitações, alimentando-se continuamente desses para sentir-se livre.




quinta-feira, setembro 02, 2004

CONTATO ?!??

Deve haver algum equivalente a uma Ellen Arroway lá em Porto Rico...

E ainda dizem que cinema é ficção. A vida sim, é ficção. E científica!!!

Ainda que isso não seja nada demais, nenhuma mensagem a simples idéia de que realmente pode acontecer é fascinante...

02/09/2004 - 10h13
Sinal de rádio do espaço pode vir de alienígenas--revista



LONDRES (Reuters) - Um inexplicado sinal de rádio do espaço poderia ser um contato de uma civilização alienígena, disse a revista New Scientist na quinta-feira.

O sinal, que veio de um ponto entre as constelações de Peixes e Áries, foi detectado três vezes por um radiotelescópio em Porto Rico.

A New Scientist disse que o sinal poderia ter sido gerado por um fenômeno astronômico previamente desconhecido ou até mesmo ser uma interferência do próprio telescópio.

Mas a misteriosa irradiação entusiasmou astrônomos em todo o mundo.

"Se eles puderam vê-lo quatro, cinco ou seis vezes, realmente começa a ficar empolgante", disse Jocelyn Bell Burnell da Universidade de Bath, no oeste da Inglaterra, à revista.

O sinal foi transmitido na principal frequência em que o elemento mais comum do universo, o hidrogênio, absorve e emite energia, e na qual os astrônomos dizem ser o meio mais provável de alienígenas poderem avisar sobre sua presença.

(Por Alistair MacDonald)


Fonte:http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2004/09/02/ult729u39571.jhtm

Agradecimento: Abel Cordeiro (www.abelcolecao.blog.uol.com.br)

sábado, agosto 28, 2004

Repetir, Recordar e Elaborar

Título (perfeito) de um texto de Freud. A questão toda é que, ainda que se possa detectar a tal repetição na vida (como ,por exemplo, a "saga" feminina de apaixonar-se sempre por um mesmo tipo de homem ou ainda por uma mesma categoria de homem, ainda que sabendo que as chances de dar certo são poucas.Não tem nada a ver com ter "um tipo de homem", não é preferência, é reptição, você pode nem querer aquele cara.) e ainda que se chegue ao ponto de recordar o que poderia ser o fato "causador"(experesso-me mal, a relação não é causa-efeito, é mais uma relação de efeitos casuais interligados) da tal repetição, pouco muda enquanto não se consegue a tal elaboração. E o que muda é que no meio tempo tem-se consciência da tal repetição, mas ela continua ocorrendo. E aí, fica-se com raiva pela burrice. Ter consciência é uma coisa complicada...

quarta-feira, agosto 25, 2004

O que deve (se é que existe um dever...) nortear uma escolha de carreira: habilidade/aptidão/capacidade ou paixão/desejo/fascínio? Devemos ser o que sabemos ser ou aquilo que sonhamos ser? Ou será que tal conflito na realidade não existe e é apenas uma criação neurótica minha?

domingo, agosto 22, 2004

Template novo, pois o outro tinha muitos links que não mais funcinavam e que eu não sei consertar já que desaprendi o pouco que sabia de html e java (disso eu sabia praticamente nada). Por hora fica esse simples, clean, no qual pelo menos volta a parecer o nome do blog: M.D.
Para os próximos dias devo tentar recolocar uma lista de sites e blogs recomendados.
Pequeno texto inspirado em Fuso Horário do Amor (Décalage Horaire) - comédia romântica francesa, ainda que ligeiramente americanizada (o cinema exemplificando a globalização).

Nunca tinha esperado encontrar alguém como ele. Ou melhor, nunca tinha imaginado que alguém como ele fosse encontrá-la. Muito menos desejá-la, como ele dizia fazer. Estava acostumada com os homens sérios, chatos, que se interessavam por ela de forma racional. Que queriam casar, ter uma vida dita normal.
Estava acostumada com os homens comuns. E por isso acreditava ser também comum.
Quando tudo que queria era ser diferente. Queria fugir da vida programada, da vida ditada pelo senso comum.
Queria ser algo que por muito tempo duvidou que pudesse ser. Ainda que, por alguma estranha razão, não conseguisse simplesmente aceitar aquela vida de trabalho regrado, diversão programada e amor racionalizado. A vida que todos ao seu redor aceitavam tão bem.
Admirava a vida dos amigos que tiveram a coragem de buscar o incerto. Menos pelas baladas, pelas drogas ou pelos amores intensos, inda que rápidos. Ou talvez até por tudo isso e algo mais: a liberdade! Invejava a liberdade de decidir sobre sua vida sem ter de pensar 1000 vezes antes de tomar uma decisão. Invejava não pensar, siplesmente sentir.
Era o queria, mas que já tinha decidido que não poderia fazer. Mais ou menos, já que ainda sonhava, secretamente. Cobrava-se tanto (algo que nem sabia o que) que seus sonhos eram secretos para si mesma.
Enquanto mantinha esses sonhos secretos de liberdade, foi mudando, ainda que não percebesse.
Pois se ainda se cobrasse a normalidade (ainda que dissesse que eram os outros que cobravam) nunca teria aceitado que ele pudesse amá-la. Não da forma regrada como os outros fizeram. Amava-a em liberdade. Sem cobranças, a não ser aquelas do próprio desejo. E ela descobria que era também capaz de ser livre. Ainda que entendesse que a tal liberdade não se devia a ele, era dela mesma, sabia que fora graças a ele que pudera colocar em prática tal conceito. E se por nada mais (e havia muito mais) amava-o simplesmete por isso. Pela priemira vez amava não pelo tempo que fosse necessário, mas pelo tempo que fosse possível.

sábado, agosto 21, 2004

Igual a Tudo na Vida ou Anything Else (Qualquer Outra Coisa??)

Filme do Woody Allen é aquela coisa: por pior que seja, no mínimo é bom. Pra quem gosta do homem, é calro. Para quem não gosta geralmente vale a mesma frase, só que lida no seu oposto: por melhor que seja, no máximo é ruim.
Um cineasta capaz de fomentar tais paixões já tem crédito pelo simples fato de que isso significa que ele tem personalidade e estilo, os quais impõe a seus filmes. É, sem dúvida, o caso de Allen.
E, para quem interessar possa, eu me incluo no primeiro grupo, os que gostam dos filmes dele!
E gostei muito deste último filme, que está em cartaz atualmente, "Igual a Tudo na Vida".
Poderia falar do que todas as críticas já falaram, de como ele parece fazer sua despedida do estúdio DreamWorks (sim, o filme tem um certo tom melancólico); de como Woody Allen tira ótimas interpretações de todos, em especial de Jason Biggs com seu alter ego jovem; da sempre ótima Cristina Ricci; de como Nova Iorque sempre parece linda e romântica; de como a trilha sonora sempre encanta, ainda que com o jazz de sempre; da visão caricatural da psicanálise; dede como o filme é igual a tudo na vida ou igual a qualquer outra coisa.
Mas tem uma outra coisa que me fascinou no filme e me parece um diferencial, quem sabe até um marcador de uma nosa fase na filmografia de Woody Allen. Dessa vez ele tenta mostrar uma outra geração. A desse pessoal de 20 e poucos a 30 anos, como eu. Foi uma surpresa me sentir de certa forma retratada num filme de Wood Allen. E foi bom ver que esse retrato é apurado e acurado. Não é um "Annie Hall" transposto para os anos 2000, ou até é, mas ele trata dos problemas dessa geração de agora e não daquela geração de 60/70. E essa capacidade de renovar sua temática (que nos últimos filmes vinha sendo apenas comédias leves, releituras de estilos, quase que como uma parada e uma volta a tempos antigos) torna o filme encantador. E cria esperanças para os próximos, pois parece que os temas das dúvidas e dificuldades desse povo de 20/30 foram apenas pincelados. Como num processo investigativo, foi como se Woody Allen começasse a estudar o terrreno, ou os espécimes. Conseguiu detectar algumas coisas interessantes do comportamento deles (sim, o filme é leve e não se parofunda muito nos dilemas que apresenta). E, eu fico esperando, vai começar análisá-los a valer. Pelo menos é o que espero!! (Quem sabe vem por aí um novo Manhatan???)
Ah! O título em inglês é melhor que o brasileiro. E faz mais sentido nas duas vezes em que a frase é proferida no filme. No final das contas, esse tais grandes conflitos dos quais falei nesse pequeno texto têm tanta importância quanto qualquer outra coisa. A ironia é que mesmo sabendo disso continuamos a dar importância. E continuamos tentando entender. Ainda que no meio tempo, continuemos vivendo... ;)

sexta-feira, agosto 20, 2004

Quero escrever, mas não sei sobre o que fazê-lo. Falta inspiração. Na verdade não. No momento estou inspirando e expirando normalmente, significa que estou viva. Mas talvez não minhas idéias, a elas falta inspiração, movimento. Pode ser que o sono também não ajude a manifestação das idéias. Ou pode ser a falta simples e pura de idéias. O que significaria que fiz a escolha certa ao pensar que não poderia ser jornalista e assim acabando como médica. Mas quem disse que jornalistas têm idéias?? De qualquer forma, eu queria mesmo era ter idéias e saber escrevê-las. Ou ainda, filmá-las, trasnformá-las em imagens. E assim emocionar, divertir e, quem sabe, fazer pensar (o que quer que fosse e não o que eu quisesse). Queria para mim um pouquinho desse dom que me fascina cada vez que leio ou que vejo um determinado filme ou ouço uma determinada música. O dom de fazer a diferença para outras pessoas através de algo que não é direto (não é curar ou aliviar a dor), mas que é a capacidade de transmitir uma determinada apreciação do mundo, uma beleza que faz com que um outro pense. Não no que aquela primeira pessoa tinha em mente no momento de construir a obra, mas pensar no que quer que tenha relevancia para quem tem contato com aquela construção do autor. E fazer as pessoas pensarem, seja no que for mesmo que seja a identificação emotiva, é um grande mérito. Coisas possíveis através do belo e do sublime.

domingo, agosto 15, 2004

"Deus é aquilo que me falta para compreender o que não compreendo"

Frase roubada de um comentário do blog do Abel (www.abelcolecao.blog.uol.com.br, esqueci o pouco que sabia de html...). Tem tudo a ver comigo, com o que penso sobre Deus. Porque para mim, o conceito de Deus só pode ser entendido a partir dos mistérios, dos fatos que não somos capazes de explicar, entender. E do fato de tais fatos existirem. E porque existem explicações para todo o resto, então simplesmente não é caso de que as coisas sejam ao acaso, aleatórias. Não consigo entender como algo tão aleatório poderia ser tão perfeitamente explicado, matematicamente explicado. Como pode a própria matemática ser aleatória? E, se não é aleatório, se existem leis universais as quais não somos capazes de entender, bom, alguém deve ser. Alguém superior, capaz de explicar o que eu não compreendo...

E por aí vou seguindo na aventura científico-emotivo-filosófica de encontrar (aceitar? entender?) Deus.
Olimpíadas... Gosto dos Jogos Olímpicos, acredito no ideal de superação humana, que me parece, deveria ser o ideal do esporte. E não o patrocínio de marcas famosas. Muito menos o acúmulo de riqueza. Ainda que não defenda que as pessoas devem ser pobres, vai aí uma diferença. E quando me pergunto se, no final das contas, ainda há ideais no show dos esportes que são os Jogos Olímpicos, a resposta aparece ao ver a entrada das delegações na cerimônia de abertura. Foi verdade, ali, que todos os atletas, patrocinados ou não (e sim, existem muitos atletas lá sem patrocínio), estavam num mesmo posto, eram iguais. Até a primeira competição, quando alguém tem de vencer, eles são iguais (e eu adoro empates...). E cada um tem a chance de superar ao outro e, ainda mais importante, a si mesmo. Então, acho que no fim das contas ainda há algo de subversivo nesse evento tão mercantilizado. Considerando a teoria da conspiração diria que é uma "peça de resistência", ainda que engolfada pela inimigo!

segunda-feira, agosto 02, 2004

Comprei um livro que há muito queria "A Insustentável leveza do Ser". Conhecido (muito) livro de MIlan Kundera. Muito falado, parte da lista de favoritos de muitos amigos. Tinha, talvez ainda tenha, um exemplar aqui em casa mas não achei. Então comprei e logo no final do primeiro capítulo leio algo que me fala diretamente às dúvidas minhas de cada dia:

"Essa reconciliação com Hitler trai a profunda perversão moral inerente a um mundo fundado essencialmente sobre a inexistência do retorno, pois nesse mundo tudo é perdoado por antecipação e tudo é, portanto, cinicamente permitido."

Nem sei se concordo, mas sei que tem a ver com minhas indagações. Mas por enquanto tenho simplesmente feito, talvez um pouco baseada nessa ótica de que tudo é permitido. E quem é que não permite? As leis superiores ou as leis humanas?

sábado, julho 31, 2004

Tinha escrito sobre o desejo e a psicanálise, mas o pequeno texto se perdeu com um toque errado no teclado. Efêmero, só existiu para mim, ainda que num desejo de que existisse para os outros. Não vou tentar reescrevê-lo.

Mas deixo a música que teria citado.

"Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível"
Skank

Não só sobre um único amor, mas sobre o amor, o bem querer como um todo.

quarta-feira, julho 28, 2004

"Não quero lhe falar meu grande amor, das coisas que aprendi nos livros"

Desde muito nova gostei de ler, talvez por haver livros a mão nas estantes de casa. Talvez pelo estímulo, ainda que não intimação, dos pais e familiares. Ainda com a televisão tão fácil (e usada!!).

E aprendi com livros.

Mas aprendo também com a vida. Nada supera as experiências vividas. Nem as lidas, nem ouvidas, nem as assistidas.

Nada supera perder alguém. Um avô. Aquele que, ainda que distantemente fosse lembrado com um carinho enorme, pelos tempos em que não era tão distante. E pelo que era, simplesmente.

Nada supera a tristeza.

A dor nossa e a dos familiares, que compartilhamos.

Nada supera o peso de saber que deveria ter feito uma visita. Aquela que vinha adiando, adiando, adiando.

Agora, me resta acreditar que um dia, de alguma forma, ainda poderei fazer essa visita...

:( :< :( :< :( :< :( :< :( :< :( :< :( :< :( :< :( :<
E o mês já vai se findando... E o (meu) mundo não acabou. Aquelas noites de sábado não criaram um caos completo, pelo menos não para mim. Ou para ninguém, até onde eu saiba. Mas no terceiro sábado eu arrumei meu armário. Talvez, de alguma forma, eu esteja me rearranjando, arrumando, jogando fora ou dando as coais que não mais me servem. As idéias, culpas e cobranças. Mas não os sonhos e ideais, estes permanacem (ainda que num primeiro momento eu tenha escrito errado, o contrário). Talvez sejam a essência, aquilo que tem de permanecer para que eu permaneça quem sou, ainda que mudando.

Alguém entende essas minhas contradições????

Provável é que não...

Mas, continuo procurando por quem entenda. E no caminho vou tentando explicar para quem se interessar... ;) :)

Ah! E "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" é um filme a ser revisto. E, espero, revisado aqui. Quero escrever, só ainda não consegui. Mas fica a dica, quase intimação, para que seja visto. Um filme sobre a memória do amor, do amor que é feito das memórias (quem disse isso foi a Alejandra), da inexorabilidade do amor (quem disse isso foi o crítico do Globo) e dos momentos que fazem todo o resto valer a pena, independentemente do que virá. Porque não existe "felizes para sempre" mas existem momentos, ainda que fugidios, em que é possível (quiçá impossível não) acreditar. Em que se tem certeza. E esses momentos são para sempre.

"Que seja imortal posto que é chama."

domingo, julho 04, 2004

E nesse ínterim houve, na segunda, 28 de junho, a gravação do dvd do Los Hermanos, dirigida pelo Eduardo Valente. E eu estava lá no Cine Iris, cantando e pulando!!!

E houve mais algumas coisas muito boas na semana, particularmente na quinta-feira.

Fico a esperar pela quinta dessa semana e o que ela poderá trazer.

E pelo próximo sábado!

Mas assim estou sendo determinista e não estou fazendo sentido.

Quem disse que algo faz?

As leis matemáticas e fisícas parecem fazer esse sentido. E por isso talvez exista Deus.

"Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
e a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé me abandono"


(O Pouco que sobrou - Los Hermanos / Marcelo Camelo)

Se bem que, cada erro parece me aproximar mais. Talvez eu esteja apenas testando os limites da minha própria fé, esperando que algo ou alguém me provem errada.
A semana

Sábado passado, 26 de junho, foi uma dia estranho. Melhor, foi um dia cuja noite e madrugada foram cheias de ocorrências estranhas. Com conseqüências ruins.

Entretanto, quinta-feira, 1 de julho, aniversário de um amigo, as coisas melhoraram. As nuvens se desfizeram e ainda que permanecesse um clima levemente estranho, de pós tempestade, era notável que ela já tinha passado.

E então viria a bonança?

Bem, não. E ontem, sábado,3 de julho, novos acontecimentos estranhos. Mais uma noite de sábado "diferente". Pontuada por pequeninas descobertas de mal entendidos do passado, e por grandes pequenos erros do presente.

Aceito um apararentemente inocente convite para um chopp numa noite de sábado e acabo responsável pelo sentimento de culpa (a ser expiada?) de um amigo.

Na busca por mim mesma parece que estou conseguindo fazer cada vez mais coisas "erradas".

Transformo-me em uma má pessoa?

Ou será a civilização judaico-cristã que nos contamina com toda a culpa possível e impossível por cada pequeno ato que, não estando enquadrado naquilo que se determinou moral, acabamos tentados a cometer?

Talvez tenha, realmente, que me voltar para uma religião, aceitar normas dogmáticas de como viver. Pois parece que a minha busca particular está cheia de tropeços. Temo que esteja perdendo a integridade que, segundo um amigo, já tive...

Só não me pergunte se não faria de novo... (e exatamente aí reside todo o problema!)

domingo, junho 27, 2004

Viver às vezes me parece ser um simples exercício de fina irônia. A "coisa" (força, energia, destino, Natureza, Deus) que comanda a tudo ou que pelo menos determinou o início (porque houve um início e eu ainda não consigo entender um início do nada, então, tenho que acreditar que havia algo, se não há...) tem o dom da ironia. Ás vezes é difícil perceber a ironia quando se esta no meu de uma determinada situação, assim como quando fazem uma pirada irônica sobre nós. Mas se for possível, em algum momento, parar e observar boa parte das situações da vida, percebesse que por pior que sejam, há algo de muito engraçado nelas. Por isso a comédia é um genêro básico das artes.

A ironia (ou pelo menos uma delas) atual da minha vida é que estou imersa em situações dignas do velho (nem tanto) Barrados no Baile. Quem vai ficar, já ficou ou quer ficar com quem. Isso num ambiente que deveria ser de trabalho, mas parece mais de faculdade. Não é uma crítica destrutiva, até porque, eu faço parte (ativa!) dessa ciranda, mas acho que pode ser bom parar para perceber as coisas. Não me impede de continuar fazendo o que faço, mas quem sabe pelo menos faça melhor. E isto significa, não magoar pessoas no caminho. Sempre o mais importante é buscar a felicidade, mas sem que isso fira a felicidade dos outros.

mas às vezes a gente faz pequenas besteiras, meio sem querer, por pura falta de senso crítico no momento. Às vezes parar para pensar por 1 minuto é a coisa mais importante que podemos fazer. E isso geralmente ocorre quando não há grandes emoções envolvidas (quando elas existem falam por si próprias, se auto justificam e pensar não é importante), é quando simplesmente nos deixamos ser um pouquinho inconsequentes. Mas esquecemos dos amigos ou colegas que podemos ferir, ainda que sem querer...

Mas, por pior que seja a pequena tragédia (e não é tão grande, espero eu) há toda uma grande ironia intrinseca. Digna de um filme!! (Só falta aprender a escrever roteiro!)

quinta-feira, junho 24, 2004

Temível Ataque dos Incas Venusianos

Domingo, 20 de junho, no sempre profundo Jornal da Família do Globo a matéria de capa foi sobre Neurociência e Psicanálise. O tema está na moda, pois também no caderno Mais da Folha (já disse aqui uma vez e repito, uma das melhores publicações do país) havia uma entrevista sobre isso. O entrevistado do Mais, o neurocientista Mark Solms, era também citado no Jornal da Família.

Difícil decidir qual das matérias foi pior...

Se a do Jornal da Família populariza demais o tema, chagando a cometer erros ao tentar fazer determinações com achados ainda pouco conclusivos de pesquisas básicas (Neurociência ainda é pesquisa básica! Quer dizer, ainda não tem como dar explicações, ela busca apenas comprovar fenômenos!). O maior dos erros sendo aquela "localização" neuroanatômica da aparelhagem psíquica de Freud. Difícil aceitar que o Incosciente "esteja" em bulbo, ponte e mesencéfalo, já que o Inconsciente é próprio do humano e tais estruturas são filogenéticamente mais antigas, estando presentes em outros animais (como explicar que eles não tenham Inconsciente?). Talvez assumam que assim seja porque entendem Inconsciente como fonte de "impulsos" que para eles devem ser o mesmo ou quase o mesmo que "instintos". Não devem saber a diferença de "instinto" e "pulsão". De qualquer forma, não dá para aceitar Inconsciente pré cortical, não faz sentido! Mas, pelo menos a reportagem é toda capenga, pobre em informações e não se assume como sendo científica. Como toda reportagem desse suplemento, quer-se apenas como mera informação para que a "família" tenha matéria para conversas. Papai e mamãe devem ter se achado mais inteligentes depois de lerem aquilo, mas isso servirá apenas de bate papo na roda de amigos.

O caderno Mais, por outro lado, quer-se um suplemento um pouco mais sério. Ainda que não seja um caderno de ciências, no mínimo tenta ser um mero informativo um pouco mais detalhado e crítico que o Jornal da Família. E na verdade nem é para o Mais e sim para o próprio entrevistado. Mark Solms defende a busca de correlatos da Psicanálise pela Neurociência. Pesquisa sempre é válida e o próprio Freud tentava, no início da sua carreira, buscar os correlatos neurológicos e físicos para alguns de seus achados clínicos, de acordo, claro, com as possibilidades de entendimento da época (fim do séculoXIX, início do XX). Portanto, a pesquisa em Neurociência tem validade, pode ser útil, ainda que, por enquanto essa utilidade não seja para clínica, pois, volto a repetir, ainda é pesquisa básica, é procura de fenômenos, criação de hipóteses que expliquem tais fenômenos e tentativa de validação de tais hipóteses. Ainda não podemos saber se as hipóteses vão se confirmar! E por isso é complicado entender como alguém que trabalha nessa área pode falar ao público como se falasse de certezas. E ainda como que alguém que se propõem a estudar correlatos da Psicanálise pode dizer que faz seus experimentos com primatas. Nào existe análise de animais! Não se pode estudar Psicanálise com animais! Eles estão estudando qualquer outra coisa, como Neurofisiologia do Comportamento (a área pela qual Erik Kandel ganhou o prêmio Nobel), mas não Psicanálise. Já é difícil os psicanalistas aceitarem essas pesquisas (e isso eu não entendo direito porque), mas, falando de pesquisa com primatas fica impossível não só para eles como para qualquer um que tenha um mínimo de conhecimento da área.

No final, fica difícil saber qual das duas matérias foi pior para a divulgação tanto da Neurociência quanto da Psicanálise. Ao tentarem falar de uma interface que é por demais interessante e polêmica fizeram apenas criar uma idéia errada para os leigos e não acrescentar em nada para quem acompanha e se interessa pelo tema. Criaram um Inca Venusiano, uma figura saída das profundezas abissais, que deforma o conhecimento ao invés de informar.

Lembrando apenas que o erro é menos dos jornalistas que escreveram e mais dos "divulgadores" das duas áreas!
Minha amiga de Quito tem um blog. Se você vem aqui (depois de tanto às traças talvez ainda tenha sobrado algum você), vá !

sexta-feira, junho 11, 2004

Voltando a escrever sobre filmes

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é o melhor livro da série. E não sou apenas eu que digo, grande parte dos leitores concorda que este é o livro que apresenta alguns dos personagens mais interessantes, revelações importantes e é mais sombrio e menos infantil que os dois anteriores. Os personagens jovens estão crescendo e já começam a apresentar certas dúvidas e sentimentos mais ambíguos (ainda que isso não seja tão explorado, é uma série infanto-juvenil). No todo esse é um bom livro, que você não consegue parar de ler.

E o filme, quem diria, faz, finalmente, juz a série literária. Particularmente até gosto do primeiro filme, é divertido e apresenta bem todos os elementos da série. E tem alguns momentos inspirados, como o da compra da varinha de Harry, em que tive a impressão de ver como poderia ter sido realmente um ótimo filme. Ainda assim, acho que é um bom filme. O segundo, eu discordo da maioria e não acho bom, apenas regular. Talvez não ajude o fato de ser o livro mais fraco da série, o qual chego a achar um pouco lento e cansativo, e isso me pareceu ser transposto para o filme. Significaria que é uma boa adaptação? Não, para mim a boa adaptação é exatamente aquela que toma liberdades, que transforma uma linguagem em outra (no caso, literária em cinematográfica), sem negar a mediação que existe. Isto é, que o que antes era o diálogo entre um escritor e seu leitor, agora se transforma no diálogo entre um escritor, mediado pela visão de um roteirista, de um diretor, de atores, figurinistas e etc, e o espectador. Isso muda muita coisa, e pode enriquecer muito a história, que, sem dúvida nenhuma, não é mais a mesma das páginas do livro, e nem pode ser. Ver uma adaptaçõa cinematográfica de um livro é exatamente ver como outras pessoas leram e entenderam aquele livro, e agora ler e entender aquela obra pela visão destas pessoas, é ver uma outra outra obra. Os dois primeiros filmes da série Harry Potter tentavam, como vários outros filmes baseados em livros, negar isso. De forma que se tornavam meras imagens tentando transcrever as letras dos livros. Alguns gostam disso. Eu não. E é por isso que gostei muito mais deste Prisioneiro de Azkaban. Exatamente porque ele toma liberdades. E olha que nem tantas assim, mas consegue não ser uma adaptação literal e, exatamente por isso, consegue ser uma adaptação melhor e mais fiel, se não aos acontecimentos literais, mas ao espírito do livro, o mais importante.

Me parece que tudo funciona melhor neste terceiro filme. Da atuação do protagonista Daniel Radcliffe, que finalmente toma para si o personagem de tal forma que a dupla de amigos que antes o ofuscava passa quase a coadjuvante, até a música. John Williams estava inspirado dessa vez e música faz parte do filme e lembra o filme. Pequenos detalhes como o jazz (ragtime, para ser mais específica?) ouvido pelo professor Lupin ajudam na construção dos personagens e do filme, como antes não parecia acontecer. E falando em personagens, já tinah dito que esse era o livro com personagens mais interessantes. E é ótimo ver esses personagens sendo vividos por atores que, mesmo não aparecendo muito, marcam esses personagens. Emma Thopson esta hilária como Trelawney, e, veja só, sua Trelawney pode atá ser um pouco diferente daquela imaginada pelos leitores, mas é uma ótima Trelawney. Posso manter agora a visão da "minha" personagem e da personagem dela, sem problemas, só com ganhos. O mesmo ocorre com outros personagens, em especial, com o meu favorito, o professor Lupin. David Thewlis criou um Remus Lupin mais velho, mais sério, mais angustiado que o do livro (e isso ajuda o filme a ser mais sério), mas tão apaixonante e frágil quanto não podia deixar de ser. Perfeito ao ser um pouco diferente daquilo que imaginamos. E isso é ótimo, porque, simplesmente ver aquilo que imaginamos não teria tanta graça. A graça é ver que ainda que um pouco diferente, imaginamos coisas semelhantes na essência. Não esqueço Gary Oldman e seu Sirius Black, aparentemente louco, na verdade amoroso. Não vejo a hora de reve-los, participando mais lá na Ordem da Fenix...

Os atores de sempre também estão bem, talvez até melhor, talvez por terem se sentido mais livres. A direção de Alfonso Cuaron fez toda a diferença para que tudo fosse melhor. O livro ajudou, mas a direção finalizou ao permitir um filme mais solto em sua adaptação, mais sombrio, e até mais real ao vestir os personagens com roupas de "trouxas". As roupas de "bruxos", quer dizer, batas, faziam tudo parecer infantilóide, agora o filme consegue ser mais fantasioso e real, ao mesmo tempo. É como se levasse mais a sério a fantasia que cria e com isso consegue que o espectador também acredite mais. E isso tudo exatamente por ser menos literal...

Então, por fim, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é um bom filme. Diverte, emociona, surpreende e até faz diferença em comparação ao livro. Ainda que o livro ainda seja melhor. Quer dizer, de repente, quem sabe... Não tem uma coisa que faz falta, para quem leu o livro. A explicação sobre o Mapa do Maroto, acho até que fica subentendida, mas falta um diálogo entre Lupin ou Black explicando para Harry sobre o Mapa, teria sido importante e provavelmente uma cena emocionante. Por isso o livro ainda é melhor. Mas este, sem dúvida, é o melhor filme da série. Até agora e provavelmente até o final. A não ser que Cuaron volte. Ou que J.K. Rowling crie algo de muito surpreendente nos próximos dois livros. Até lá, este fica como o mais mágico de todos!

domingo, junho 06, 2004

Algumas pessoas, amigos de mais tempo, têm perguntado pelas minhas palavras escritas, pelos comentários de filmes e até pelo blog (os poucos que conhecem). E eu tenho me perguntado sobre voltar a escrever.

Preciso.

Mas parece que não consigo.

O tempo falta. Ou talvez não, talvez falte algum ânimo, a disposição para saber abrir mão de algumas coisas (horas de sono?) por outras. Ou falte organização (talvez devesse contrar um consultor para dar jeito na minha vida... E não necessariamente isso ocorreria por causa da consultoria... ;) ). Só sei que quero escrever e não escrevo.

Mas talvez esteja vivendo um pouquinho mais. Esteja coletando dados para escrever alguma coisa. Como se realmente fosse escrever "alguma coisa". Só um blog que tem se transformado em diário on line (coisa que nunca quis).

E coletar dados não é a forma correta de expressar o que faço. Acho que tenho jogado os dados ou vivido o jogo de dados (ainda tenho alguma dúvida com relação ao destino aleatório ou não, por nossa conta ou não). Ganhando, perdendo, empatando. Mas jogando.

E vivendo as minhas próprias teorias. Como a dos "três lados" de qualquer situação. Descubro que sou a pessoa que um dia quis ser, mas que hoje talvez eu queira, e seja, alguma outra pessoa. Ou melhor, que sou todas, ainda que só eu (é, sem multiplas personalidades, felizmente).

Para constar, algo que deveria ter constado no início do ano: Encontros e Desencontros (Lost in Translation), belo filme de Sofia Coppola ("As Virgens Suicidas", também ótimo, sendo que um pouco mais agressivo e um pouquinho menos belo) com um Bill Murray mais que perfeito e uma Scarlet Johasson encantadora na simplicidade. Filme para rir, chorar, lembrar, cantar, pensar e acreditar, que, apesar do mundo não ser perfetio, alguns momentos o são. E se tudo mais não valesse à pena, e até que vale, esse momentos (fugidios como disseram na Contra Campo) já fariam tudo, tudo, valer.

Dois blogs de amigos: Je Suis Abacaxi (esse pouco atualizado, mas vale à pena o que já há escrito) e La Vie en Blues (este para ler sempre).

quarta-feira, abril 07, 2004

Leio alguns posts antigos e penso no quanto mudei. Ainda sou a mesma pessoa que escreveu tudo aquilo, ainda penso da mesma forma, mas, talvez nem tanto. As certezas estão abaladas, cada vez mais. Será bom? Não faço idéia...

Descubro que amores se acabam (ou somente se abalam Magister e Cinderela?), mas por certo novos aparecem. E o mais interessante é que as dúvidas parecem trazer um pouco mais de esperança do que as certezas. Trazem mais força, mais coragem, talvez?

E será que trazem mudanças? (Minhas, pois começo a entender que não é possível ficar esperando pela boa vontade de um destino que pode ser completamente aleatório.)

Por Enquanto
Renato Russo


Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente
Chegou um dia acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar
O que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem discutir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa


Prova de que não mudou é que já usei essa música antes, é uma constante. Prova de que mudou é que nesse momento me pergunto quem é o "você" (sei quem queria que fosse e sei que esse é o meu querer, o meu desejo) e não quero "deixar tudo como está".

sábado, abril 03, 2004

Algum tempo se passou e eu sem dar as caras por aqui...

Talvez eu volte. Talvez não. Veremos. Assim como verei em que ser "analisada" poderá ajudar, ou não...

Mas já que estava fazendo terapia (ainda que não análise) com os outros, tinha que eu mesma me submeter a algo, não para provar do próprio remédio, mas para tentar ser melhor enquanto ofereço o tal remédio.