domingo, novembro 28, 2004

Esboço de um roteiro de Comédia Romântica Medieval (público alvo: mulheres de todas as idades. Com possibilidade de virar uma série, ao estilo Sissi.)

Queria escrever uma história romântica. Com uma donzela a espera de um herói. Mas sua donzela teimava em resolver seus problemas antes que seu herói pudesse ajudá-la. Este também encontravasse a maior parte do tempo perdido em dúvidas e preferia se enamorar das personagens secundárias do romance a cortejar a donzela que tanto admirava. Dessa forma, a donzela não tinha porque esperar pelo herói que na realidade ansiava, pois acreditava que este já tinha pretendentes demais e que ela não poderia se comparar a elas. Pensar não era atributo tão sedutor quanto saber pedir ajuda quando não se necessitava. E ela não era capaz disso. E era exatamente isso que a fazia mais admirável aos olhos do herói. Ao mesmo tempo que a fazia mais distante, pois uma mulher tão inteligente, independente, bonita e charmosa não poderia precisar de um herói que só servia para resgatar donzelas perdidas na floresta. E ela era inteligente o bastante para sempre encontrar o caminho de volta. Mas na verdade, sempre ficava na floresta mais tempo que o necessário, esperando que talvez ele fosse resgatá-la. Pois admirava nele para além da força e beleza, que todas enxergavam, também a determinação, o senso de crítica e de humor e sua sensibilidade. Sabia que ele escrevia e morreria só para ver seus versos. Talvez morresse mesmo quando descobrisse que a maior parte era sobre ela. Seus olhos, cabelos, suas mãos, que ele tocara apenas uma vez, a voz que se atrevia a cantar versos e falar de coisas que iam além de tecidos e jóias. Ele escrevia sobre ela, sem saber que ela também fazia versos sobre ele. E assim, a história se perdia cada vez mais num romance aparentemente impossível entre dois personagens que se amavam mas não sabiam. Até o pai da donzela já estava preocupado, com sua primeira filha tão cheia de dotes poderia estar ainda solteira? Decidiu mandá-la a outro reino, para expandir seus horizontes, conhecer novos pretendentes. A donzela aceitou bem a proposta, começava a pensar que precisava de algo novo além dela mesma. E foi para o outro reino, onde, ao se ver livre do estigma de donzela reclusa, pode ser quem realmente queria. Enfeitou-se, se atreveu a participar das quadrilhas no bailes, se fez ser olhada e aceitou o olhar de príncipes, heróis e camponeses. Enamorou-se de um ou dois deles... Enquanto o herói aprendia que deveria escolher o que queria. Ouvia rumores do sucesso da donzela no reino vizinho e sentia uma raiva estranha por isso. Como poderia ter raiva de saber que ela estava mostrando a todos aquilo que ele sempre soubera haver dentro dela? Precisou ir até o reino e vê-la conversando com o príncipe para entender seus ciúmes. Pensou em desistir, nem falar com ela, mas ela o viu. E imbuída da força que acabara de descobrir em si mesma, resolveu seduzi-lo, ou pelo menos tentar. Enquanto ele, tomado de ciúmes, de um sentimento de propriedade para com ela, resolveu que a conquistaria. E a partir daí, o resto é história...

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