Pensamentos e ensaios
Qual é o lugar da clínica, da saúde pública em nosso país?
Qual a importância da saúde? De manter o tal “bem estar bio-psico-social”?
Quando comecei a faculdade de medicina perguntava as pessoas no posto de saúde do Barreto o que elas entendiam como “saúde”. Não me lembro das respostas, mas não eram as da OMS.
Hoje, ainda trabalhando na assistência de saúde pública, especificamente psiquiátrica, vejo as pessoas procurarem um serviço médico, isto é, um centro de atenção “psicosocial” (porque será que tiraram o bio?) por diversas questões psicológicas, psiquiátricas, por sofrimentos diversos que nem patológicos são. Mas quem disse que sofrimento tem que ser patológico? E aí só o patológico é que deve ser tratado? Talvez sim. Mas o que fazer com os outros sofrimentos humanos? Será isso responsabilidade da saúde pública? Se não, de quem? Do indivíduo? Mas e a responsabilidade do governo em oferecer serviços que são pagos pelos impostos?
E o que é feito com os impostos? Saindo da esfera da saúde pública e começando na saúde dentro da Justiça descubro um outro mundo. Sem ostentações, sem excessos, mas com essencial para um bom trabalho. Bons salários, boa infra-estrutura, respeito e reconhecimento do trabalho feito. Não há tudo, não é perfeito. Mas que diferença da falta quase onipresente da saúde. Falta de verbas, de medicamentos, de boas condições de trabalho (salvo as exceções temos serviços com condições no máximo razoáveis de trabalho), de profissionais, por vezes de respeito e de reconhecimento. Reconhecimento este que se faz ver nos salários muito aquém daqueles da justiça (e de outras esferas públicas). E não falo aqui de equiparar a salários do executivo, nem dos altos escalões. Mas posso perguntar porque a base da comparação, que é uma arbitrariedade, uma construção, é o salário mínimo. Mínimo de que? Da cesta básica? Então nosso direito básico é de alimentarmo-nos? Se aceitamos tal base como justa porque será que aceitamos os salários 50 vezes maiores? Nossos deputados, senadores são assim tão melhores que nós? E nossos trabalhadores não o são, não valem isso? Não só na saúde, mas também na educação, não valem salários dignos de serem além do básico melhorado?
De repente me vejo a pensar porque só questiono os salários de funcionários públicos. Estarão estes acima dos outros? Ou talvez o mercado privado tenha outras lógicas de valorização, e muitas vezes também de desvalorização quando não exploração. Sujeitos portanto a fiscalização, denúncias. Mas me parece que no mercado privado fica mais claro, para o bem e para o mal, que cada um defende seus direitos. O problema é que alguns têm mais armas para defesa e ainda para ataque. Mas no serviço público temos a tal máquina pública a qual deveria servir aos cidadãos, os quais constituem o país e o sustentam, já que não estamos aqui por benevolência de algum dono do Brasil que nos permite aqui residir. Frase clichê mas o país é seu povo. Então me pergunto: é o povo que determina que funcionários da saúde devem ganhar pouco? É o povo que determina o salário mínimo (comparado ao qual nem todos da saúde ganham tão pouco)? É o povo, essa entidade onipresente de não sei que presença, que desvaloriza a si e aqueles que dele cuidam? Será então a saúde um valor desvalorizado?
Ou será que máquina pública reflete bem menos do que o esperado os desejos dos indivíduos que a constituem e mantêm?
Qual a importância da saúde? De manter o tal “bem estar bio-psico-social”?
Quando comecei a faculdade de medicina perguntava as pessoas no posto de saúde do Barreto o que elas entendiam como “saúde”. Não me lembro das respostas, mas não eram as da OMS.
Hoje, ainda trabalhando na assistência de saúde pública, especificamente psiquiátrica, vejo as pessoas procurarem um serviço médico, isto é, um centro de atenção “psicosocial” (porque será que tiraram o bio?) por diversas questões psicológicas, psiquiátricas, por sofrimentos diversos que nem patológicos são. Mas quem disse que sofrimento tem que ser patológico? E aí só o patológico é que deve ser tratado? Talvez sim. Mas o que fazer com os outros sofrimentos humanos? Será isso responsabilidade da saúde pública? Se não, de quem? Do indivíduo? Mas e a responsabilidade do governo em oferecer serviços que são pagos pelos impostos?
E o que é feito com os impostos? Saindo da esfera da saúde pública e começando na saúde dentro da Justiça descubro um outro mundo. Sem ostentações, sem excessos, mas com essencial para um bom trabalho. Bons salários, boa infra-estrutura, respeito e reconhecimento do trabalho feito. Não há tudo, não é perfeito. Mas que diferença da falta quase onipresente da saúde. Falta de verbas, de medicamentos, de boas condições de trabalho (salvo as exceções temos serviços com condições no máximo razoáveis de trabalho), de profissionais, por vezes de respeito e de reconhecimento. Reconhecimento este que se faz ver nos salários muito aquém daqueles da justiça (e de outras esferas públicas). E não falo aqui de equiparar a salários do executivo, nem dos altos escalões. Mas posso perguntar porque a base da comparação, que é uma arbitrariedade, uma construção, é o salário mínimo. Mínimo de que? Da cesta básica? Então nosso direito básico é de alimentarmo-nos? Se aceitamos tal base como justa porque será que aceitamos os salários 50 vezes maiores? Nossos deputados, senadores são assim tão melhores que nós? E nossos trabalhadores não o são, não valem isso? Não só na saúde, mas também na educação, não valem salários dignos de serem além do básico melhorado?
De repente me vejo a pensar porque só questiono os salários de funcionários públicos. Estarão estes acima dos outros? Ou talvez o mercado privado tenha outras lógicas de valorização, e muitas vezes também de desvalorização quando não exploração. Sujeitos portanto a fiscalização, denúncias. Mas me parece que no mercado privado fica mais claro, para o bem e para o mal, que cada um defende seus direitos. O problema é que alguns têm mais armas para defesa e ainda para ataque. Mas no serviço público temos a tal máquina pública a qual deveria servir aos cidadãos, os quais constituem o país e o sustentam, já que não estamos aqui por benevolência de algum dono do Brasil que nos permite aqui residir. Frase clichê mas o país é seu povo. Então me pergunto: é o povo que determina que funcionários da saúde devem ganhar pouco? É o povo que determina o salário mínimo (comparado ao qual nem todos da saúde ganham tão pouco)? É o povo, essa entidade onipresente de não sei que presença, que desvaloriza a si e aqueles que dele cuidam? Será então a saúde um valor desvalorizado?
Ou será que máquina pública reflete bem menos do que o esperado os desejos dos indivíduos que a constituem e mantêm?
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