sexta-feira, novembro 12, 2004

"Desde sempre sentira-se embevecida pelas estrelas. Nunca fora capaz de se orientar por elas, nem mesmo reconhecia o Cruzeiro do Sul, ainda assim era capaz de entender a beleza plástica daqueles milhares de pontos luminozos contra o fundo escuro do espaço. Além disso fascinava-a possibilidade de estar olhando o passado. A idéia era simplesmente que seu planetinha, povoado de poeira cósmica "inteligente", era envolto por uma camada de gazes que criava um espetáculo visual a cada momento. E à noite permitia a viagem no tempo. Pois só como viagem no tempo poderia-se explicar o fato de que ela, no seu presente, olhava o passado daquelas estrelas para as quais era o futuro. Passado, presente e futuro se juntavam no todo momentâneo da sua consciência. Talvez fosse relativo para os outros. Para ela, aquilo era tão real que poderia se perder na fascinação que a tomava ao se sentir participando de algo tão incrível. Era parte, mesmo que ínfima, do universo. E isso já era ser muita coisa..."

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