sexta-feira, fevereiro 07, 2003

Todo Átila - ou Bush, Saddam, Kim Jong II - cedo ou tarde termina em arroz com peixe.

Grande conclusão a qual chegou Athur Dapieve, na sua coluna de hoje no Globo.
Filminho que dá susto e um certo medo...

O Chamado

Fui ao cinema assistir "O Chamado" levada pela propaganda e pela curiosidade gerada por esta. Seria esse um filme assim tão aterrorizante ou um simples terror juvenil? Não sabia muito da trama, fiz questão de me manter "no escuro" para poder garantir possíveis surpresas. Sim, eu gosto de tomar sustos, ou então não haveria porque de me interessar por um filme de terror em primeiro lugar.

E, sim, "O Chamado" me surpreendeu. Não por ter provocado sustos, eles até existem mas o filme não se constrói somente sobre eles. A direção de Gore Verbinky cria todo um clima estranho, "sinistro", como se durante todo o tempo você soubesse que há algo errado ali. A fotografia de poucos e escuros tons, a chuva constante, os poucos ambientes e os poucos personagens e a música incidental criam um clima de certa forma intimista apesar de também não nos envolver demais com os personagens. Fica claro que aquele é um filme de terror, um conto de terror e não interessa saber muito sobre os personagens, pois não é um drama. Isso fica ainda mais claro no final, quando por alguns momentos parece que o final não faz sentido exatamente porque os nossos três personagens parecem ter ganho muita importância. Sabemos que falta algo...

Os três personagens principais são uma jovem jornalista, Naomi Watts que neste filme lembra muito Nicole Kidman, seu filho, porque crianças são seres frágeis que nos sensibilizam, além de terem algum sentido mais aguçado que os adultos, e um ex-namorado que trabalha com vídeos. Podemos resumir o filme dizendo que é sobre essas pessoas tentando descobrir porque uma fita de vídeo com imagens toscas e estranhas pode levar as pessoas que a assistem a morrerem 7 dias depois. E o grande porém do filme é exatamente essa explicação, pois o roteiro deixa furos em relação a trama. Algumas coisas são sugeridas logo no início do filme, mas depois não há mais menção a elas e no final a trama toda não faz muito sentido. Não que isso atrapalhe muito o filme durante a sessão, atrapalha mais depois pois faz do filme apenas uma boa diversão. Durante as duas horas dentro do cinema você pode até saber que há pontas soltas, mas se diverte, essa diversão masoquista em que consistem os filmes de terror. Você fica com medo de qualquer forma, um medo de algo desconhecido que se consiste numa fita de vídeo. Não é a ansiedade de tomar logo o próximo susto, é um nervosismo, uma sensação incômoda de querer que algo não aconteça, mesmo não sabendo o que é esse algo. De alguma forma sabemos que essa coisa não é boa e aí está todo o porque do filme ser tão incômodo, o fato de haver algo que não é bom.

Apesar de ter várias cenas que parecem ser referências diretas a grandes filmes do gênero, como "O Iluminado" e "Poltergeist", ao final do filme eu me lembrei de "Sinais" de M. Night Shaymalan, apesar de ter me lembrado antes de "O Sexto Sentido" em função do garotinho. Mas o filme tem mais a ver com "Sinais" pelo clima de medo do desconhecido que cria, pela sensação de essa coisa desconhecida não é boa. Mas em "Sinais" nos envolvemos com os personagens, sabemos que há lago mais a ser contado que um história de terror. Como já disse, esse não é o caso de "O Chamado".

No final, é um filme de terror que cumpre o que promete, mesmo que pecando pelo roteiro. Você sai do cinema alerta a ponto de se assustar com um telefone tocando, com um espelho ou com a água parada em algum canto. Você recebe extamente aquilo pelo qual pagou na entrada do cinema. Só não sabe muito bem se quer voltar para uma próxima sessão, nem se será capaz de alugar o filme quando sair em vídeo... (Por sinal, ele teria funcionado ainda melhor se tivesse sido lançado só em vídeo, com uma campanha do tipo da "A Bruxa de Blair").