quinta-feira, junho 22, 2006

"Trocávamos idéias sobre tudo. Submetíamos nossos trabalhos um ao outro. Juntos reformulávamos nossos valores e descobríamos o mundo, ébrios de mocidade. Era mais do que a paixão pela literatura, ou de um pelo outro, não formulada, que unia dois jovens 'perto do coração selvagem da vida': o que transparece em nossas cartas é uma espécie de pacto secreto entre nós dois, solidários ante ao enigma que o futuro reservava para o nosso destino de escritores."
F. S., em Cartas perto do coração, de Fernando Sabino e Clarice Lispector.
Saio do cinema, após ver um filme sobre solidão, encontros e humanidade e entro numa livraria. Me deparo com o livro de cartas trocadas entre dois escritores que falavam sobre esses mesmo temas. Há muito desejava ler o livro. Hoje leio!
Já tem crítica de "Eu, você e todos nós".

E é na Contracampo.

E é do Edurado Valente.

Uh hu!!

terça-feira, junho 20, 2006

Eu, você e todos nós
ou "... danço eu, dança você, na dança da solidão."
Esses pequenos filmes independentes americanos...
São eles, ao lado dos grandes "filmes de verão" e épicos (sim, estes ainda existem) que fazem o dito cinema americano. Este "Eu, você e todos nós", da artista Miranda July é um pequeno filme independente. É um filme sobre solidão. E sobre a busca humana para mitigar essa solidão. Essa busca que por vezes parece sem sentido, sem fim, que se faz compreender apenas naqueles momentos em que um toque, uma presença, um saber que o outro está realmente junto, ainda que geograficamente distante, esses momentos permitem que não nos sintamos sós no mundo. Momentos que são eternos enquanto duram. Quisera ter essa eternidade para sempre...
Filme que também mostra algumas pequenas sordidezes humanas, que se fazem menos sórdidas quando colocadas nesse contexto humano de necessidade e busca. Coisa que lembra Todd Solondz, mas com uma visão mais carinhosa que a dele.
Pequeno belo filme.
Como ainda não tem crítica da Contracampo, deixo a da Folha.

domingo, junho 18, 2006

Então, após um jogo da Copa meio sem graça mas com vitória da Seleção, fiu eu ver um filme em dvd, "O Terceiro Olho". Já via o filme na prateleira da locadora há algum tempo. Namorava ele por conta de ser Ryan Phillipe o ator principal (ele é lindo), mas acabava não levando por não conhecer. Ontem resolvi alugar, afinal tem outros bons atores, como Stephen Rea e uma trama pouco explicada na capa, mas que parecia interessante. O filme é pouco inventivo enquanto cinema, mas o roteiro é bastante interessante, sobre um homem que acorda numa cama de hospital, não lembrando dos dois últimos anos de sua vida. Acompanhamos sua busca pela memória, busca essa cheia de delírios ou viagens no tempo, coisa meio psiquiátrico-metafísica. Não conto mais pois senão perde a graça. Mas é filme para discutir no final.
"And late last night
makes up her mind
another fight
left behind"

There goes the fear, The Doves

No meio da noite de ontem, assistindo tv de forma aleatória, deparei-me com o festival de Glastonbury, edição de 2005. Tido como um dos melhores festivais de rock do mundo. Pensar que eu já fui a um semelhante, chamado Rock in Rio, versão 2001. Pensar que nunca mais houve outra edição, uma pena, pois foi um momento mágico de música e encontro de pessoas. Mas, aí eu paro no festival de Glastonbury exatamente quando tocava uma música muito querida, There goes the fear, do grupo The Doves, em bela versão ao vivo. Depois se sucederam outros novos nomes da cena roqueira atual, ótimos novos nomes, como Keane, The Killers (a banda americana mais inglesa da atualidade), Kasabian, Coldplay, entre outros. Dentre tantas novidades uns tiozinhos no meio, New Order. Interessante que eles tem cara de tiozinhos, de senhores de 40 e tantos, 50 anos, pais de família. Diferentemente de outros nomes tão antigos quanto como o U2 ou até mais antigos, como os Rolling Stones, que parecem se manter jovens para sempre. Mas o importante, a música, continua jovem e contagiante. Ouvir o New Order foi como estar numa pista de dança da década de 80 e isso não tem a ver com velharia. Pelo contrário, tem a ver com a magia da música, que mantém a juventude não pelo visual, que pode ser forjado para manter uma banda na moda, mas pela vitalidade musical. Assistir o New Order tocando "Love will tear us apart", ainda que pela tv, mostrou que pais da família podem ser roqueiros, jovens em seu talento. Essa talvez seja uma das grandes possibilidades do rock, unir gerações pela música, verdadeira. Sem necessitar de imagem!

"Oh simple thing where have you gone?
I´m getting old and I need something to rely on
So tell me when you´re gonna let me in
I´m getting old and I need somewhere to begin"
Somewhere only we know, Keane