sábado, novembro 17, 2018

A vida segue, mas não esqueço que há 1 ano fazia a viagem para o melhor encontro até hoje. Um romance (infelizmente) de poucos dias, mas ainda a melhor história romântica.
Havia de ser um filósofo para me permitir encontrar a paixão para além do amor ao saber.

quarta-feira, novembro 14, 2018

Quais as chances de uma mulher de 1,53cm encontrar com um homem de 1,94cm? Tenho que admitir que os aplicativos propiciam encontros pouco prováveis. Que podem se mostrar encantadores.
PS: e em 09/10/18 eu nem sabia que ele seria ainda mais encantador e charmoso e tanto mais em um jantar e dois cafés da manhã.

segunda-feira, outubro 29, 2018

O país à beira de um regime fascistóide e eu aqui pensando que pela primeira vez quero ler um livro pois ele pode se encaixar na minha vida. Em outras palavras, conheci um Christian Grey sem me dar conta. E agora quero ler 50 tons de cinza, pelo qual nunca tive interesse antes...
"Ele parece ligeiramente interessado, mas acima de tudo, educado."

domingo, setembro 23, 2018

Mais um escrito de plantão (tranquilo, como têm sido os domingos no IPUB). E escrever no plantão faz re-significar o nome deste blog. Escrevo, ainda e mais uma vez, mediada pelo afeto. Desfez-se uma fixação afetiva, a da fortaleza. Algo em mim talvez esteja mais fluído, preciso menos de fortes e barreiras aos encontros. Mas ainda com tendência a fixações libidinais. 
Um encontro ótimo, ele é inteligente, charmoso, interessante. Eu nem vi a tarde passar, envolta na conversa, depois nos beijos e carícias. Quando acordei já era outro dia, na cama dele. Mas já era quase final da manhã, eu fui embora e não teve mensagem no dia seguinte. Nem uma assim por educação, tipo "foi bom te conhecer".
Vida que segue, assim é a fluidez dos amores líquidos de Bauman, intensificada pelos fantasmas virtuais que acabamos acessando: um nome no google e ele está ali, em textos, fotos, retalhos de história acadêmica. Se os aplicativos facilitam nos conhecermos (disse ele), dificultam esquecer (digo eu).
Vida que segue, mas se vão algumas lágrimas pela expectativa frustrada de, quem sabe, algum contato, um segundo encontro. Resta a lembrar da primavera que traz esperança de novos encontros e esperar que a música que me vem à cabeça seja substituída por outra em post futuro (ou não haverá post, posto que escrevo para elaborar as frustrações, a felicidade não precisa de elaboração, a felicidade é, como foi há uma semana): sei que amores imperfeitos, são as flores da estação.

domingo, julho 22, 2018

"Para definir uma taurina, a melhor palavra é fortaleza!"

É o que diz nessa descrição da "mulher de cada signo".

E então, né? Como explicar esse significante, que se fez cidade significante em minha vida, aparecendo como palavra definidora no horóscopo? Horóscopo em que não acredito, mas que tem lá seus significados imaginários no inconsciente, essa invenção discursiva que nos permite dar contornos ao Real e simbolizar o sem sentido.

Como desconstruir uma fortaleza? Desconstruir as minhas fortalezas, resistências? Fazer do significante algo novo? Morada?

Fortaleza, Ceará. E eu que estava ansiosa por escrever, nesse espaço que tenho chamado de elaboração de restos de análise, da lembrança da música de axé (exaltação do próprio grupo Araketu) que cantava errado: "Não dá pra descrever o que eu sinto pelo Ceará", quando o certo é "não dá pra esconder o que eu sinto por você ara".

Tenho a algo a resolver comigo mesma sobre esse estado, sua capital, um habitante em especial para mim. Enfim, elaborar essa repetição. Vai que ainda termino morando lá...

domingo, julho 01, 2018

"Amar é dar o que não se tem". Lacan, Seminário 8.
Escrevo sobre o amor, para quê? Na busca de amar, de dar algo algo que não tenho, de simplesmente querer dar para me fazer de amante também objeto amado(1), fico aqui escrevendo como que para elaborar restos de análise. Talvez esse blog hoje seja isso, espaço de elaboração de restos de análise.
Dar o que não tenho, é algo que a elaboração do sintoma obsessivo pode tornar possível. A emergência de algo novo em mim, de novas possibilidades de não precisar saber o que tenho a oferecer, de simplesmente me ofertar ao outro. Sem garantias do que ofereço e menos ainda de se o outro quer. Mas se o outro não quer, não quis, não há mais o que fazer, há? Salvo guardar uma fantasia do poderia ter sido e a memória do que foi por alguns dias. A fantasia de que a vida seja de fato Black Mirror e que, tal qual no episódio Hang the DJ (episódio 4x04), em algum momento o algoritmo reinicie e me prove correta em minha intuição de que havia mais que tesão naqueles encontros em duas cidades. Mas isso é a fantasia, ela é só minha sem qualquer evidência sustentada no princípio de realidade - leia-se, o homem amado nunca mais me procurou, donde se conclui no princípio de realidade que foi só tesão. E já valeu a pena assim sendo, não estou reclamando do que foi. Estou a reclamar que queria que fosse mais - e a fantasia, para Lacan, é o que vela o Real. O véu necessário para o sujeito barrado em sua relação com o objeto. Mas um processo de análise pode sustentar a travessia da fantasia (também traduzido como fantasma). Trata-se então de eu poder atravessar a fantasia para chegar em um novo lugar subjetivo? O lugar de poder me fazer amante e amada. Na brincadeira dos significantes penso agora em amadora e amada. Amadora que traz um lugar que não é o de saber garantido por diploma, conhecimento. E que tira o amante, esse significante com o qual eu já fiz sintoma edípico em triangulação amorosa. Dar o que não se tem me parece ser mesmo mais da ordem da amadora amada.
A elaboração continua. A busca de um homem que queira receber o que quero dar não tendo, também. 

1 - Fingermann, Dominique. Amar adentro. Stylus (Rio J.)  no.30 Rio de Janeiro jun. 2015. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-157X2015000100010 em: 

segunda-feira, junho 25, 2018

Retomando o antigo (de uns 15 anos) hábito de postar links para textos. Da época dos sites de conteúdo que pareciam revistas pela qualidade dos textos, tipo o estrangeiro Saloon e o brasileiro NO.
Um texto sobre afeto:
https://luizasahd.blogosfera.uol.com.br/2018/05/22/comportamento-quando-foi-que-gostar-de-alguem-virou-ofensa/

quinta-feira, junho 07, 2018

Eu fui uma adolescente muito inibida em meus desejos. A relação com o saber era a válvula de escape da libido. Havia um amor ao saber. Cabe reconhecer que fui adolescente, ao menos libidinalmente, até bem pouco tempo atrás. Racionalmente eu já era responsável há muito tempo. O que por talvez causasse estranheza entre a responsabilidade e alguma imaturidade emocional ou sentimental. Ainda essa semana minha analista me perguntou quantos anos eu tenho. De análise são 14 mas talvez eu já esteja perto dos 30 no que tange a libido. Ou dos 39 cronológicos. Não sei. Sei que entre a sensação da inibição - de que algo aconteceria, em termos libidinais e amororos, em um futuro que só me cabia esperar - e da urgência de fazer algo acontecer - independente de mim ou de um outro - parece às vezes que estou chegando a algum lugar no tempo-espaço da estrutura psíquica mais harmonioso, sem grandes atropelos, retenções ou retornos. Ou com todos eles impulsionando o caminho pulsional, um encontro com o objeto, que é um objeto faltoso mas que satisfaz a pulsão que continua em sua aventura pulsional, pulsante, em busca de objeto. Objeto esse que talvez possa se repetir sem ser chato, repetir por desejo.
Mas nesse caminho cabe a escolha de abrir mão da fantasia de um objeto amoroso fantasiado, imaginarizado, quiçá projetado (para usar do vocabulário aprendido exatamente por conta desse objeto, desse apaixonamento - o saber ainda, ou sempre, ronda minha pulsão, mas o amor está em outro lugar, num outro). Abrir mão da pura fantasia, do que existe só na minha realidade psíquica (mas toda realidade não é psíquica?), por uma relação que possa ser com um outro que queira dividir planos, com quem a relação exista não apenas para mim.
Do sofrimento de uma autosuficiência narcísica que não dava conta do meu desejo, passando por uma abertura ao desejo que se provou gozo masoquista (um super eu punidor), à uma fantasia incrível de paixão que bem poderia ser amor. Em busca do amor, acho que é isso.

terça-feira, maio 22, 2018

O inconsciente é uma escrita. Aula de hoje, do Isidoro, no Movimento Freudiano. Uma escrita de significantes sem sentido, mas que teimamos em imaginarizar e encher de sentidos. E como não fazê-lo quando o filósofo Heráclito é título da aula? Há pouco mais de um ano não faria diferença, hoje eu ri sozinha da coincidência. Cujo significado é imaginário. Sozinhos só analisamos imaginariamente. Apenas falando besteiras para um outro, no lugar de suposto saber e que se sabe mero objeto, podemos, quem sabe, falar e ouvir a leitura do nonsense inconsciente. De um "os homens somem" que se despe de imaginário vitimista e se ganha nonsense na leitura "somen somem". Homens somem mas alguns aparecem, voltam, surpreendem. Nem precisa ser alguns, só um.

domingo, maio 13, 2018

Das possibilidades de vida

Há um ano eu passei o dia das mães não no tradicional almoço da família (que junta esse dia e o aniversário do meu irmão que sempre cai próximo, por ser dia 11/05) mas viajando para São João Del Rei, para ministrar um curso e participar do Seminário Caminhos Junguianos (pensando que havia alguma graça de uma analista que estuda Freud e Lacan e nada conhece de Jung ser convidada, por um professor amigo, para um seminário com esse nome, ainda que o meu mini-curso nada tivesse a ver especificamente com orientações analíticas) da UFSJ. Quase perdi o ônibus, pois não atentei que seria mais difícil conseguir táxi na hora do almoço tradicional (e comercial). Mas tive sorte e não perdi o ônibus. Só agora, um ano depois, percebo que tive sorte de não perder o ônibus. De outra feita já havia perdido ônibus para a mesma São João Del Rei, para o mesmo curso e fiz uma pequena peregrinação entre cidades mineiras para chegar a tempo. Penso agora que perdi o ônibus na viagem em que o então namorado iria me encontrar lá. Queria eu perder o ônibus para, já então, não encontrá-lo? E dessa vez não quis perder o ônibus, ou se quase quis, alguma outra coisa (sorte? desejo?) não me fez perder. E pude chegar para a viagem que marcaria o início do fim do luto. Um processo de luto iniciado muitos anos antes (luto patológico, diria o DSM 5, sem sombra de dúvida). Processo de luto e de elaboração da castração, da falta, de perceber que não preciso ser quem eu penso que sou, que posso só ser. E ser surpreendida, não me aferrando a culpas, obrigações, certezas, a abusos do super-eu/ideal do eu e do(s) outros(s). Ser surpreendida pelo olhar do outro, pela minha capacidade de retornar esse olhar, de sustentar meu desejo até onde possível na relação com o desejo do outro. Ser surpreendida em me reconhecer desejante e desejada. Me surpreender de me reconhecer hoje querendo surpresas, eu que achava ser uma pessoa afeita à rotina. Talvez permitir que outro esteja em mim, na vida, só possa ser possível se eu me permito surpresas, se eu desejo genuinamente conhecer um outro que não um espelho meu (não que o amor não tenha suas identificações e projeções, essa palavra que vim conhecer exatamente a partir dessa viagem...). Se eu reconheço a falta constitutiva, que eu não tenho como preencher, mas quem sabe um outro possa me dar algo novo que ajuda a preencher.
O outro que pode me dar algo enquanto me descubro também disposta a dar algo de mim, a abrir mão de mim pois não preciso mais ser quem eu pensava ser, posso ser alguém nova em novas relações. Se o que me constitui é a falta e são as relações que preenchem algo dessa falta, só me resta estar em relação, em transferências de amor (toda transferência é transferência de amor).
Comecei a escrever pelo aniversário de um ano da viagem que me surpreendeu (e que gerou uma segunda, solar, desejante, os dias mais felizes) e dei o nome de possibilidade de vida e nem estava claro que passava pela elaboração e fim do luto da castração. Demorou bastante esse processo, mas faz parte do meu sintoma, minha enrolação com o tempo (não à toa por muitos e muitos anos sempre cheguei atrasada na análise, não à toa quase perdi o ônibus), com o qual ando tentando me acertar. O tempo cronológico dessa viagem tem um ano. O tempo lógico me parece com o que canta a música sobre o coração (coração que marca o ritmo, o tempo do nosso corpo) "...não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na dispensa, cabe o meu amor, cabem três vidas inteiras, cabe uma penteadeira". Nesse tempo coube amor, vida, viagens, elaborações, coube tantas coisas que não podia imaginar enquanto estava sentada, jantando sozinha em frente à igreja (falta elaborar minha questão com igrejas...) matriz de São João Del Rei.

segunda-feira, maio 07, 2018

Desejo

Que um dia a paixão chegue ao mesmo tempo
(Não precisa ser cronometrado)
A mim e ao sujeito, feito objeto, amado

Esse dia pode durar dias, meses, anos
Ou pode durar horas
Que serão infinitas, como cantou o Poetinha

O infinito comporta em si todas as possibilidades
A paixão é a centelha da possibilidade do amor
Que por sua vez nos capacita a entender estrelas
(Como disse outro poeta)
E talvez o (in)finito

Tal qual banda de Moebius
(Na capa do Seminário)
Paixão, amor e infinito
São contínuos

E nós as formigas
Caminhando pela banda
E nos esbarrabando vez por outra
Em encontros estrelados


domingo, maio 06, 2018

Das elaborações (frutos de um trabalho de análise) que surpreendem, tal qual aquilo que chamam insight, mas talvez indo além. No meio de um domingo de  plantão - isto é, enquanto estou na função de cuidar de sujeitos internados por suas loucuras - estudando sobre Balint para um curso, ao ler que a esposa do psicanalista mudou seu sobrenome penso eu "inveja dela que conquistou ele", para no segundo depois perceber que se trata de estar, pela primeira vez, disposta a abrir mão do meu sobrenome. Algo que sempre me definiu e do qual tenho orgulho. Mas que já não me é mais necessário, o sobrenome de família, como um significante fixado. Talvez, quem sabe, sinal de que a cadeia significante pode deslizar, mais um pouquinho de narcisismo elaborado.
(Claro que não se trata de querer me chamar Sra. Balint! rs)

Sobre insight:
"Para Lacan, o insight é a experiência psicológica de uma operação intelectual que define bastante corretamente o "instante de ver", seguido, na sua concepção, pelo tempo de compreender e pelo momento de concluir, os três tempos que constituem o tempo lógico (Lacan, 1973 [1964])11. O instante de ver ocorre quando há uma sutura, uma junção do imaginário e do simbólico (p. 107)."
ABEL, Marcos Chedid. O insight na psicanálise. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 23, n. 4, p. 22-31, dez.  2003 .   Disponível em . acessos em  06  maio  2018.


Sobre a cadeia significante deslizar:



quarta-feira, maio 02, 2018

Há que se abrir mão de muito narcisismo para estar em uma relação. Há que se abrir mão de ser sujeito todo o tempo para ser também objeto do desejo do outro. Podemos até estar com alguém, transar, casar, namorar e o que mais a cultura defina como algo que se chama de relação. Mas só o despojamento de si, uma capacidade nada cognitiva de rir de si e saber que há uma falta que qualquer objeto pode preencher sem nunca satisfazer totalmente, só assim para elegermos e sermos (quem sabe) eleitos ao mesmo tempo objeto de uma relação amorosa. Só quando podemos nos despojar do lugar de sujeito para sermos qualquer objeto para o desejo do outro que podemos também fazer do outro um objeto do nosso desejo. Claro, há de haver algo de sublime, como no encontro do objeto de arte, que nos captura não em uma relação intersubjetiva, mas de objeto que nos olha enquanto é olhado.

segunda-feira, abril 30, 2018

Os sentimentos são físicos. Sentimos a partir dos sentidos do corpo, na relação com o mundo, na relação eu X outro. Passei muito tempo a me enganar de que os sentimentos eram puramente mentais. Acho que foi uma das minhas defesas à castração. Cada vez mais me percebo em um corpo de sentidos e sentimentos, em relação com outros corpos. A relação, os relacionamentos, ocorrem exatamente desses encontros. Eles podem até ser mediados por corpos eletrônicos, à distância (nosso mundo Black Mirror), mas há de haver encontros. Respondendo a mim mesma (e a um título de filme) de não muito tempo atrás: de pouco serve o amor só em pensamento. O amor só se faz em atos e em relação.

segunda-feira, abril 23, 2018

"A graça (gozo) toda é sentir que vai se desfazer em pudim de gente frente o olhar do outro."
Das conversas e encontros que nos definem.

sexta-feira, abril 20, 2018

Uma carta não enviada.

Rio de Janeiro, 26 de novembro de 2017.


Mais uma vez, mais um sábado à noite (na verdade já é madrugada de domingo aqui no Rio. Há uma semana, na sua cidade, ainda seria sábado) e eu me vejo escrevendo por sua causa. Vale a pena, literal e figurativamente.
Da outra vez eu me vi escrevendo um inventário dos meus amores em uma noite de lágrimas pela certeza de que você tinha um relacionamento. E que isso significava que qualquer fantasia e qualquer tentativa de contato minha não serviam de nada.
Ah, o tempo me provou errada em meu sintoma ansioso e sempre negativo.
O tempo me provou errada das melhores maneiras.
Entre te conhecer do nada, em um almoço atrapalhado, após tê-lo percebido em uma aula, até o convite para a pizza, com aquele vinho horrível que era o único do restaurante (mas o melhor vinho horrível que já tomei), passando por adicioná-lo no Facebook (estamos em 2017), chegando ao que foi passar o final de semana com você, nem as minhas melhores fantasias deram conta do que foi tudo isso. E olha que fantasiar é algo que eu acho que sei fazer. E eu fantasiei muito estar com você. Ainda assim, o encontro real foi melhor que o imaginário. Não foi perfeito, pois eu teria ficado todo o tempo com você se pudesse (você não pôde ou não quis), mas do que foi, do que se deu em 3 dias ou quase 72 horas exatas (de meia noite e meia de sábado a meia noite e meia da terça-feira), conto como talvez os melhores dias até hoje.
O melhor encontro sexual, sem dúvida alguma. Da intensidade à facilidade do contato físico, passando pelo fato, talvez comum para muita gente mas não para mim, de que me senti completa no sexo com você. No sentido do registro clichê de que foi como se tudo se encaixasse. Você me tomou da forma que nenhum outro homem antes me tomou e eu respondi de formas que eu nem sabia que sabia fazer. Foi incrível e ótimo e eu poderia ter ficado naquela cama todo o tempo, contanto fosse com você.
Você é a primeira pessoa de quem eu pensei: eu ficaria numa ilha deserta com ele. Só com você. (Quanto clichê, deve não ser, cantariam Los Hermanos. E não foi, dou spoiler nesse adendo da releitura de abril de 2018.)
O que me leva a lembrar que não foi só o sexo, ainda que ele tenha sido um diferencial. Do qu al talvez já houvesse indícios na atração que acho que se deu ainda em uma outra cidade, que não aquelas onde moramos. Ou eu sobrevalorizei seus olhares, o próprio convite da pizza, você ter ficado próximo até que eu entrasse no táxi para a rodoviária? Isso tudo foi só um interesse menor de alguém extrovertido, como você bem gosta de se classificar/diagnosticar?
Não foi só o sexo. Foram o chope, os cafés, as conversas, o quanto fazendo tudo isso eu me sentia confortável com você. Foi ficar nua com você e nem cogitar alguma vergonha, algum comportamento inibido, pudico. Foi natural e bom ficar deitada nua ao seu lado. Ou em um momento menos intenso, trocar de roupa na sua frente. Esse texto tem um tom piegas, quem sabe eu o reveja. Mas talvez seja piegas e ridículo, como todas as cartas de amor já defendidas por Pessoa.
Eu mandei uma mensagem de madrugada dizendo estar sentindo saudades. Ação tão pouco racional e tão sincera, pois naquela noite, depois de 14 horas com você, eu me senti sozinha naquele quarto de hotel, acompanhada só das memórias mentais e físicas da sua presença no quarto e em mim. Acho que eu nunca senti falta assim de alguém específico. Já me senti sozinha, já quis estar com alguém,  já estive, mas você foi a personificação sustentada desse alguém. Não tive dúvidas enquanto estive com você. Uma obsessiva que não teve dúvidas...
Foram os risos, as histórias contadas, foi assistir sua aula – e aqui eu paro para dizer como admiro você intelectualmente e a sua capacidade de organizar pensamentos na aula e a sua disponibilidade genuína para os alunos. Eu teria me apaixonado pelo professor, se tivesse sido sua aluna (isso seria projeção?). Foi você me convidar para falar na sua aula. Pode ter sido pela sua extroversão fazer esse convite inusitado, mas para mim foi uma honra. Eu me senti parte de algo seu, como numa cumplicidade. Pode ser exagerado, mas foi como senti.
Sentir talvez seja um verbo essencial nessa história romântica de poucos dias (alguns mais se considerarmos todo o flerte virtual). Eu voltarei aí o quanto antes se você me quiser. Simples assim.