segunda-feira, maio 02, 2005

Quando criança aprendi a fazer pedidos a primeira estrela
Olhava para o céu à tardinha, à procurá-la
Ansiosa pelos desejos

Ainda hoje olho para o céu ao entardecer
À procura da mesma estrela
Mas já não cobro que realize desejos
(Isto é incubência minha, já entendi)
Apenas que não me permita esquecer os sonhos
O que são essas linhas imaginárias que nos ligam uns aos outros? Isso que chamamos de sentimentos, essas estranhas sensações misturas de reações somáticas (taquicardia, falta de ar, perda de equilíbrio, ruborização,...) com genuínas percepções mentais (medo, raiva, carinho). Esses sintomas psicanalíticos que nos imepedem de entender o mundo e o outro pela ótica tão acertada da razão. Alguns antigos sábios filosofos já disseram que, onde nossa razão não pode alcançar (e a mim parece haver todo um infinito aí), nossa capacidade de acreditar, ter fé, atua de forma a nos permitir um entendimento do mundo a nossa volta. Não é reproduzível por experiências empíricas pois é pessoal e intransferível, na melhor das hipóteses pode ser compartilhado com semelhantes, de crenças/experiências semelhantes. Mas é o que nos "acalma, acolhe a alma, ajuda a viver", já que não somos capazes de entender de forma racional o mistério que nos cerca. Dessa forma a fé talvez seja o sentimento que nos mantêm unidos a todo o universo do qual, indubitavelemnte, fazemos parte de alguma forma. Da mesma forma, nossos sentimentos mais "mundanos" de medo, raiva, amor, amizade, compaixão, paixão são o que nos permite viver dia a dia uns com os outros. As pessoas são para mim um mistério quase tão grande quanto o do universo que me cerca, pois são, cada uma, um universo em si mesmas (algum filósofo já disse isso, só repito). E a convivencia com esses mistérios só é possível através dos sentimentos, às vezes torpes, mas muitas vezes sublimes que nos ligam uns aos outros. E que a minha razão continua não sendo capaz de explicar (ainda que eu possa tentar imaginar conexões mentais, sintonias corpóreas, etc)...