sábado, novembro 20, 2004

"Vivera muito tempo perdida no passado. Aquele tempo verbal cheio de perfeições, mais que perfeições mas também imperfeições. Aquele tempo que já existiu, mas não é mais. Vivera, portanto, perdida em saudades de acontecimentos, alguns reais, alguns que suas memórias já tinham tornado mais que perfeitos, quando haviam sido pouco mais que imperfeitos. Acreditara por muito tempo em suas próprias memórias, sem saber que eram suas próprias construções. Sem saber que de certa forma mentia para si mesma. Menos por maldade ou masoquismo, mas talvez por medo ou covardia. De viver o presente."
Porque, por alguma razão que não se faz conhecida a mim, tenho ouvido essa música na minha cabeça desde quando acordei ontem. Deve ser problema com o dial da minha rádio... (Quero crer que todos são capazes de ouvir música dentro de suas cabeças. Ou será isso um inicio de alucinação auditiva?? Ai, ai, lá vou eu ter de ir pro Moncorvo Filho pegar olanzapina....)

Água Viva
Raul Seixas


Eu conheço bem a fonte
Que desce aquele monte
Ainda que seja de noite
Nessa fonte está es condida
O segredo dessa vida
Ainda que seja de noite
"Êta" fonte mais estranha
Que desce pela montanha
Ainda que seja de noite
Sei que não podia ser mais bela
Que os céus e a terra, bebem dela
Ainda que seja de noite
Sei que são caudalosas as correntes
Que regam os céus, infernos
Regam gentes
Ainda que seja de noite
Aqui se está chamando as criaturas
Que desta água se fartam mesmo
às escuras
Ainda que seja de noite
Ainda que seja de noite
Eu conheço bem a fonte
Que desce daquele monte
Ainda que seja de noite
Porque ainda é de noite
No dia claro dessa noite
Porque ainda é de noite