sábado, agosto 21, 2004

Igual a Tudo na Vida ou Anything Else (Qualquer Outra Coisa??)

Filme do Woody Allen é aquela coisa: por pior que seja, no mínimo é bom. Pra quem gosta do homem, é calro. Para quem não gosta geralmente vale a mesma frase, só que lida no seu oposto: por melhor que seja, no máximo é ruim.
Um cineasta capaz de fomentar tais paixões já tem crédito pelo simples fato de que isso significa que ele tem personalidade e estilo, os quais impõe a seus filmes. É, sem dúvida, o caso de Allen.
E, para quem interessar possa, eu me incluo no primeiro grupo, os que gostam dos filmes dele!
E gostei muito deste último filme, que está em cartaz atualmente, "Igual a Tudo na Vida".
Poderia falar do que todas as críticas já falaram, de como ele parece fazer sua despedida do estúdio DreamWorks (sim, o filme tem um certo tom melancólico); de como Woody Allen tira ótimas interpretações de todos, em especial de Jason Biggs com seu alter ego jovem; da sempre ótima Cristina Ricci; de como Nova Iorque sempre parece linda e romântica; de como a trilha sonora sempre encanta, ainda que com o jazz de sempre; da visão caricatural da psicanálise; dede como o filme é igual a tudo na vida ou igual a qualquer outra coisa.
Mas tem uma outra coisa que me fascinou no filme e me parece um diferencial, quem sabe até um marcador de uma nosa fase na filmografia de Woody Allen. Dessa vez ele tenta mostrar uma outra geração. A desse pessoal de 20 e poucos a 30 anos, como eu. Foi uma surpresa me sentir de certa forma retratada num filme de Wood Allen. E foi bom ver que esse retrato é apurado e acurado. Não é um "Annie Hall" transposto para os anos 2000, ou até é, mas ele trata dos problemas dessa geração de agora e não daquela geração de 60/70. E essa capacidade de renovar sua temática (que nos últimos filmes vinha sendo apenas comédias leves, releituras de estilos, quase que como uma parada e uma volta a tempos antigos) torna o filme encantador. E cria esperanças para os próximos, pois parece que os temas das dúvidas e dificuldades desse povo de 20/30 foram apenas pincelados. Como num processo investigativo, foi como se Woody Allen começasse a estudar o terrreno, ou os espécimes. Conseguiu detectar algumas coisas interessantes do comportamento deles (sim, o filme é leve e não se parofunda muito nos dilemas que apresenta). E, eu fico esperando, vai começar análisá-los a valer. Pelo menos é o que espero!! (Quem sabe vem por aí um novo Manhatan???)
Ah! O título em inglês é melhor que o brasileiro. E faz mais sentido nas duas vezes em que a frase é proferida no filme. No final das contas, esse tais grandes conflitos dos quais falei nesse pequeno texto têm tanta importância quanto qualquer outra coisa. A ironia é que mesmo sabendo disso continuamos a dar importância. E continuamos tentando entender. Ainda que no meio tempo, continuemos vivendo... ;)

sexta-feira, agosto 20, 2004

Quero escrever, mas não sei sobre o que fazê-lo. Falta inspiração. Na verdade não. No momento estou inspirando e expirando normalmente, significa que estou viva. Mas talvez não minhas idéias, a elas falta inspiração, movimento. Pode ser que o sono também não ajude a manifestação das idéias. Ou pode ser a falta simples e pura de idéias. O que significaria que fiz a escolha certa ao pensar que não poderia ser jornalista e assim acabando como médica. Mas quem disse que jornalistas têm idéias?? De qualquer forma, eu queria mesmo era ter idéias e saber escrevê-las. Ou ainda, filmá-las, trasnformá-las em imagens. E assim emocionar, divertir e, quem sabe, fazer pensar (o que quer que fosse e não o que eu quisesse). Queria para mim um pouquinho desse dom que me fascina cada vez que leio ou que vejo um determinado filme ou ouço uma determinada música. O dom de fazer a diferença para outras pessoas através de algo que não é direto (não é curar ou aliviar a dor), mas que é a capacidade de transmitir uma determinada apreciação do mundo, uma beleza que faz com que um outro pense. Não no que aquela primeira pessoa tinha em mente no momento de construir a obra, mas pensar no que quer que tenha relevancia para quem tem contato com aquela construção do autor. E fazer as pessoas pensarem, seja no que for mesmo que seja a identificação emotiva, é um grande mérito. Coisas possíveis através do belo e do sublime.

domingo, agosto 15, 2004

"Deus é aquilo que me falta para compreender o que não compreendo"

Frase roubada de um comentário do blog do Abel (www.abelcolecao.blog.uol.com.br, esqueci o pouco que sabia de html...). Tem tudo a ver comigo, com o que penso sobre Deus. Porque para mim, o conceito de Deus só pode ser entendido a partir dos mistérios, dos fatos que não somos capazes de explicar, entender. E do fato de tais fatos existirem. E porque existem explicações para todo o resto, então simplesmente não é caso de que as coisas sejam ao acaso, aleatórias. Não consigo entender como algo tão aleatório poderia ser tão perfeitamente explicado, matematicamente explicado. Como pode a própria matemática ser aleatória? E, se não é aleatório, se existem leis universais as quais não somos capazes de entender, bom, alguém deve ser. Alguém superior, capaz de explicar o que eu não compreendo...

E por aí vou seguindo na aventura científico-emotivo-filosófica de encontrar (aceitar? entender?) Deus.
Olimpíadas... Gosto dos Jogos Olímpicos, acredito no ideal de superação humana, que me parece, deveria ser o ideal do esporte. E não o patrocínio de marcas famosas. Muito menos o acúmulo de riqueza. Ainda que não defenda que as pessoas devem ser pobres, vai aí uma diferença. E quando me pergunto se, no final das contas, ainda há ideais no show dos esportes que são os Jogos Olímpicos, a resposta aparece ao ver a entrada das delegações na cerimônia de abertura. Foi verdade, ali, que todos os atletas, patrocinados ou não (e sim, existem muitos atletas lá sem patrocínio), estavam num mesmo posto, eram iguais. Até a primeira competição, quando alguém tem de vencer, eles são iguais (e eu adoro empates...). E cada um tem a chance de superar ao outro e, ainda mais importante, a si mesmo. Então, acho que no fim das contas ainda há algo de subversivo nesse evento tão mercantilizado. Considerando a teoria da conspiração diria que é uma "peça de resistência", ainda que engolfada pela inimigo!