quinta-feira, março 17, 2005

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Futuros Amantes, Chico


É possível que essa música já tenha aparecido nesse espaço virtual. É linda, simples (pelo menos aparentemente) e bela. E faz tanto sentido (de tantads e tantas formas) que lembrei dela uma vez ao ver, de Niterói, o Rio coberto de nuvens. Melhor dizendo, não vi o Rio, só vi nuvens e chuva. Imaginei (e cantei) uma cidade submersa...

domingo, março 13, 2005

"[...]O presidente, em particular, é simplesmente uma figura pública: não detém nenhum poder. Ele é aparentemente escolhido pelo governo, mas as qualidades que ele deve exibir nada têm a ver com liderança. Ele deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele execer o poder, e sim desviar a atenção do poder. [...]"
O Guia do Mocheliero das Galáxias, de Douglas Adams

É um livro de ficção científica, de 1979, muito bem humorado, num estilo MIB. Mas é também um livro que tem a passagem acima, que parece saída do editorail de algum jornal importante de qualquer país democrático (ou não) de nossos tempos. Há que se considerar um livro "de gênero" ,e seu autor, que é crítico para além de seu pre definido gênero. E Douglas Adams consegue isso em O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Talvez o pior de tudo fosse o fato de que não podia se queixar ao gerente. Recebera exatamente aquilo o que desejara. Se desejara o mínimo, por acreditar que isso já lhe bastasse, era problema seu. O gerente, fosse quem fosse e ela não sabia muito sobre isso, nunca o vira, talvez apenas acreditasse na existência de tal "gerente", servira-a muito bem, tudo funcionara conforme o seu desejo inical. Tirando o fato de que terminara rápido. Então, se descobria que podia ter o que desejasse, tinha gora que entender que podia desejar o que bem entendesse, ou o que realmente quisesse, sem medo de não merecer. O gerente parecia inteligente o bastante para ser capaz de fazer tal julgamento de tal forma que ela poderia abrir mão do seu auto pré-julgamento, sempre mais severo que o necessário. Precisava aproveitar melhor sua estada no planetinha, afinal de contas não sabia para onde iria depois...
Imaginara que seria fácil, pois imaginava tudo. Mas descobria que era mais difícil do que imaginara, também. Se ao menos pudesse não pensar, esquecer. Já sabia que não podia e que não daria certo. Acreditava em filmes e teorias. Acreditava em tanta coisa que às vezes não entendia nada...