sábado, dezembro 31, 2005

Talvez o amor seja a grande resposta. A capacidade de amar o outro, em suas várias gradações, desde a compaixão pela identificação até a paixão pela pura e simples admiração incondicional (e necessidade) do outro.
Talvez seja a única resposta que nós, humanos, podemos construir para nossas dúvidas existenciais. Ou talvez seja só a minha resposta. Tudo bem, contanto que continue colocando-a em prática.
Mas, talvez não só eu. Hoje assisti "Olhos Abertos", primeiro filme de Shymalan (ao menos o primeiro longa metragem). Cada vez mais o tenho como um dos melhores (senão o melhor) diretor de cinema da atualidade. Se este primeiro filme carece de certos elementos de construção dramática rebuscados, dos quais seus filmes desde O Sexto Sentido são tão ricos, ganha numa certa simplicidade dramática e emotiva. E essa simplicidade não compromete a experiência cinemtográfica.
Nem sei se contar a história de um menino de 10 anos que busca Deus após a morte do avô poderia ser mais rebuscado. O roteiro já parte de uma idéia complexa, temos um menino católico bastante filosófico e contestador, ainda que ao mesmo tempo, querendo apenas buscar a confirmação de sua crença. Ele quer acreditar, mais do que todos os outros colegas que aceitam os ensinamentos católicos sem questionar. E em sua busca nada infantil ele acha a resposta no amor. Ao sentir sua primeira "reação biológica" (paixão), para usar seus termos, a uma menina; ao se identificar (compaixão) com os colegas que lhe eram tão distantes (o gordinho, o valentão, o estranho) entender que eram meninos como ele; e ao perceber que a amizade pode ser um milagre. Joshuavive todos esses exemplos de amor ao longo da difícil quinta série, iniciada com a perda do avô. Seu ano de mudanças (entrada na adolescência, poderíamos dizer) se inicia, como em qualquer mudança, com a perda. Mas termina com um encontro, com o amor, com seu Deus e por fim, com um anjo sem asas que esta lá o tempo todo a ajudá-lo mas que Joshua só vê como o que relamente é para ele quando aprende a amar seus semelhantes. É ou não uma história de humanidade?
E esse foi só o primeiro filme do Shyamalan...
E que a próxima volta da terra em torno do sol traga fartura de colheitas, mas também de humanidade.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Esperava um filme infantil. Como pré-julgar nunca significa algo de construtivo, o máximo que consegui foi uma bela surpresa ao assistir "As Crônicas de Nárnia". Bonito filme. Voltado ao público infanto-juvenil, sem dúvida. Mas muito mais violento do que eu poderia esperar, emocionante e com simbolismos muito interessantes. Tinha lido sobre a história ser uma alegoria do cristianismo. Ao ver o filme, ainda sem ler o livro, pude perceber o paralelo entre Aslan e Jesus. Difícil duvidar ao ver a morte/ressureição de Aslan e a frase final de Tumnus sobre ele. Falando em Tumnus, que fauno charmoso! Filmes com personagens tão charmosos tendem a ser bons... Mas o filme é das crianças, os quatro irmãos, que fazem por merecer. E ainda da Feiticeira Branca. E, para que eu visse o quão errada estava em meu pre-julgamento, os animais computadorizados não agridem em nada. Parecem computadorizados, sem dúvida, mas estão mesclados ao filme, não são coisas estranhas. E a história é bonita. Filme para se juntar a "História Sem Fim", "Labirinto" e até "Mary Poppins" no imaginário de filmes infanto-juvenis. E, para além disso, um belo filme para qualquer idade!

sábado, dezembro 24, 2005

Assisti "Warriors - Guerreiros da Noite", filme de 1979. Um pequeno filme cultuado na década de 80. E que eu desconhecia. Interessante, é um filme datado, mas no bom sentido. Retrata uma determinada época de uma forma caricata mas que acaba ganhando ares de fantasia urbana. Roteiro simples, a volta para casa de uma gangue nova-iorquina que está sendo procurada pro todas as outras gangues e pela polícia. O filme se passa numa única noite, o que faz lembrar do clássico cult "Depois de Horas", que é posterior a esse filme. Terá Scorcese se inspisrado neste filme quase camp? Lembra ainda "Loucuras pela Madrugada" filminho adolescente também do início de 80. Mas, a questão é, Warriors é anterior. Terá este filme sido tão inspirador? É possível, já que consegue, com pouco roteiro prender a atenção e criar algumas memórias no espectador. O estilo tosco se justifica dentro do filme, serve a um propósito. Acaba se tornando estilo e não falta dele. Os atores canastrões acabam se tornando reconhecíveis. E eu já estava preocupada com os Warriors não cosneguirem chegar em casa.
É por essas e outras que o importante é gostar de ver filmes. O entendimento vem depois. Quando vem...
"Can you dig it?"
"What´s so funny about peace, love and understanding?"

Já perguntava Elvis Costello...

sábado, dezembro 10, 2005

Historinhas de romance...
Alguns textos devem existir apenas o tempo de serem lidos.
Depois, que fiquem na memória, se forem dignos da lembrança... :-)

Ou não...


Quando criança achava essa música brega. Talvez ela continue sendo, mas hoje faz sentido.

"Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer..."
Roberto e Erasmo


Tenho para lhe falar também. É provável que você já saiba, mas a dúvida me corrói, gera ansiedade. E por isso, hoje, aqui, nesse espaço pseudo-público (quem lê??) declaro que sou apaixonada por você. Apesar de tudo. Da impossibilidade, da minha consciência disso, da minha racionalidade, e o que mais? Talvez apesar do céu ser azul, o sol amarelo e as estrelas cintilarem. Lhe tenho esse afeto e pronto. Iniciado antes do que possa supor. Fique zangado não, tá? A idéia nunca foi essa e continua não sendo. Simplesmente sou muito menos racional do que pareço, perco o controle com mais facilidade do que imagina. Já tem um tempo que venho descontruindo minha imagem de menina superperspicaz. Aceitar e pode dizer-lhe isso faz parte desse processo. De me tornar uma pessoa diferente, para mim e para os outros a minha volta.

Então é isso.

"Como a gente achou que ia ser..."
Damian Rice / versão de Ana Carolina e Seu Jorge


domingo, novembro 27, 2005

Falando em próximo do Shyamalan...

O teaser é interessantíssimo, mesmo que mostrando muito pouco.

sábado, novembro 26, 2005

Trechinhos de historinhas...

" Namorar é fazer pactos de amor com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível
de durar.
"

M ela fizera pacto com uma ilusão. Um pouco mais real que todas as outras mas ainda assim algo que exitira apenas em sua mente. Não que seu objeto de afeto não existisse. Algumas sensações não são imaginárias, e após cada encontro ela sabia disso. Mas a ilusão que criou, meio que sem saber, pois sabia que não podia, essa fora só sua. Não podia lhe dizer o quanto representara para ela.

Mas porque não podia?

terça-feira, novembro 22, 2005

Sinais

Shyamalan é genial. Talvez eu seja exagerada. Mas acho que não. Seus filmes nunca são sobre um tema só, sempre têm mais de uma camada. Revendo Sinais, mais uma vez, pensei nisso. Filme sobre medo? Filme sobre alienígenas? Filme sobre fé? Filme sobre relãções familiares? Sobre tudo isso e mais alguma coisa?
Acho que é sobre tudo isso. E consegue isso de forma magistral. Assusta, emociona, prende a atenção. E tudo isso contando uma história de persongens, gente como a gente, meio estranhos, com seus defeitos e dúvidas. Não há heróis nos filmes de Shyamalan. Mesmo no filme sobre heróis (Corpo Fechado/Unbreakable) ele subverte essa idéia da perfeição.
Para Shyamalan não somos perfeitos, mas ainda assim ele acredita na humanidade. Retrata-a de forma carinhosa, ainda que não negando as falhas individuias humanas (A Vila). Mas acreditando que há algo pelo qual vale à pena em cada um. Acredita na redenção, ainda que para isso haja sofrimento (todos os filmes, incluindo o primeiro sucesso Sexto Sentido, no qual a redenção vem após a morte, e no entendimento e aceitação da mesma).
Humanista esse Shyamalan. E um homem de fé. Na humanidade e suas necessidades, erros e belezas.

Cadê o próximo filme dele???? :-)

domingo, novembro 13, 2005

"Coisa mais bonita é você
Assim, justinho você"
(Coisa mais linda, Carlos Lyra e Vinícius de Moraes)
Que filme bonito é "Vinícius", o documentário sobre Vinícius de Moraes.
Também, pudera, teria de ser muito ruim para conseguir não ser bom com material tão rico em poemas, músicas e vida. É um filme sobre um homem que viveu intensamente. Contraditório, como todos, e essa contradição aparece nos depoimentos que se contradizem. Hora os amigos falam da alegria, mas vez por outra falam de um certa tristeza do poeta. Dos vários amores, mas que, frisa Tonia Carreiro, eram sempre grandes paixões. Ela fala de um homem que trocava de mulheres por não surportar viver sem paixão. Vivia a imortalidade dos amores enquanto estes duravam e não conseguia se manter nas relações após o fim da chama. Nisto parecia de uma sinceridade ímpar e por isso sofria.
Os amigos lembram da genialidade, tanto nas letras quanto nas sonoridades. E da sua necessidade de amigos e sua amizade sincera. Acho que talvez sincero seja uma palavra a definir Vinícius. Pelo menos a partir das memórias parece ser essa a idéia que passa.
O poeta Ferreira Gullar tem duas belas definições sobre nossa condição de humanos, relacionadas a vida do "poetinha". Fala da impossibilidade da Verdade e que, se não podemos saber A Verdade, então talvez seja melhor acreditar do que ser cético. E ainda que, se não é possível saber realmente o que é a vida, a nossa vida só pode ser inventada, então lhe parece melhor inventar a alegria do que a tristeza.
Assim já dizia Vinícius (com contradição, também humana)
Samba da benção
(Baden Powell e Vinicius de Moraes)
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas, pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não.
Fazer samba, não é contar piada
Quem faz samba assim, não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza, tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança:
A de um dia não ser mais triste não.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Crônica de BH

Belo Horizonte é cidade de nome bonito. Nome que fala de esperanças, de horizontes.
Quem lá chega para um Congresso de médicos de almas que se querem cientistas (a razão sempre pareceu mais verdadeira que a intuição) encontra uma cidade alta. Ao menos para aqueles que veêm do litoral. Uma cidade sem praias, mais uma característica marcante aos vindos da proximidade do mar. Mas com um sol quente, um céu azul a nos receber, como que convidando a belas férias. Ainda que fosse um Congresso...

Cidade de ladeiras, a lembrarem filme americano de perseguição de carros. Um centro de cidade com prédios cosmopolitas ao lado de outros de 40, 50 anos atrás. Muita gente nas ruas. Polícia Montada. Falavam de violência. Voltei intacta!

Cidade que nos recebeu com noites estreladas, agradabilíssimas. Música de metrópole para dançar até de manhã cedo. Acho até que esquecemos as estrelas...

Cidade de pontos turísticos que se perdem, frente a graça e simplicidade dos lugares comuns. Tão comuns que quase parecem com os de qualquer outra cidade dita grande. Mas que guardam uma certa mineirice, um convite a ser menos expansivo, ainda que não menos alegre. Talvez seja a quietude, um certo ar de respeito pelo alheio. Ou ensimesmamento. Mas cheio de afeto e cuidado.

Cidade que me permitiu conhecer melhor gentes boas, que estranhamente moram no mesmo Rio que eu, estudam onde estudei, mas ainda não conhecia tanto. Onde entendi, mais uma vez, que a vida é simples. Sei que ainda esquecerei mais algumas vezes. O tempo que se perde...

Enfim, cidade que convida ao cotidiano, ao fim dos sonhos em prol do real. Ou, talvez, seja melhor dizer que convida-nos a enxergar o horizonte, e não ficar apenas a sonhá-lo.

Cidade interessante, essa BH.

domingo, agosto 14, 2005

A perda da inocência
A crise ocorre quando nos damos conta de fatos que ocorrem há muito mas que nos incomodam. A corrupção sempre existiu (não é?) mas dessa vez incomodou alguém. Será que nos incomoda? Eu me sinto incomodada quando sei que se pagava R$30.000 para que deputados votassem nas emendas do governo, quando nós pagamos os deputados para representar a nós. Idem com o governo. E quando falta dinheiro na saúde, para falar só da área que conheço. E quando a educação não educa ninguém, pois forma semi-analfabetos acríticos. Mas isso talvez não seja falta de dinheiro e sim de interesse. Porque, um dia (sou otimista) seremos um povo (sim, acredito na idéia de um coletivo, afinal, o Brasil não é umpedaço de terra limitado pelo Atlantico e de um lado e outros países da América do Sul de outro. O Brasil é o povo que aqui vive, que fa zessa terra viva) crítico, capaz de perceber que uma das maiores denúncias dessa crise tem menos a ver com PT ou Lula, tem a ver com todos:
Se o PT precisou comprar um publicitário e partidos para se eleger isso significa que nosso poder de voto é nulo. Continuamos como na época do coronealismo, iníco do século XX, quando os coronéis pagavam para que as pessoas (na época só os homens, pouco antes só os livres) votassem em quem indicassem. Hoje nosso voto parece dirigido (pela forças da midia) e nem mesmo recebemos o dinheiro. Quem já tem é que recebe.
Sinto como se meu voto de nada valha, já que o que importa é o dinheiro gasto para comprar o melhor vendedor de idéias e os partidos que vão ajudar. Nada de ideais. Nada de representatividade, a nãos er a auto-representatividade da elite.
Nada mudou no mundo. Mas eles nos enganam direitinho com essa história de democracia, república. Mas, quem disse que a Grécia era uma terra de iguais, se só os homens livres votavam? Só essa base histórica para nosso ideais atuais já deveria nos dar a pista...
Diálogos cinematográficos
Existem filmes que dialogam. Os críticos da Contracampo já mostram isso há muito e eu aprendi com eles. Dessa vez eles (ainda) não falaram de dois diálogos que eu pude perceber.
"A Fantástica Fábrica de Chocolate" e "Terra do Nunca" - não, os filmes não têm em comum apenas o fato de ter o (perfeito) Johny Depp como protagonista. Dialogam por falarem de um protagonista adulto que não consegue sair de sua infância (o "mal" de todos nós jovens adultos atuais, o que torna os filmes bem atuais). Enquanto em "Terra" J.M. Barrie é, sim, um adulto mas frustrado (pelos desejos que não se dá o direito de aceitar) e que só encontra alguma satisfação quando envolvido pelo mundo mágico das crianças; em "A Fantástica Fábrica" Willy Wonka simplesmente não cresceu, ainda é o mesmo menino que fugiu de casa para dar a volta ao mundo no museu de Bandeiras do Mundo. Wonka cria seu mundo de fantasia, despreza os outros e chega a ser cruel, tal qual a criança que ainda é. No final podemos imaginar que a reconciliação com o pai (seqüencia mais psicanalitica do que a a debochada cena do Umpa Lumpa freudiano) marca o início da maturidade de Wonka, que parece ter parado lá na pré-adolescencia. Talvez... Mas isso não é o importante, se ele vai "crescer" ou não. Importante é que o filme nos deixa entender que Wonka encontrou seu lugar no mundo sendo quem é: pré-adolescente, um pouco cruel, criador de um mundo de fantasias e gostosuras. Ele não tem medo de ser ele mesmo. Talvez até possa se chatear por ser sozinho, e aí busca solucionar seu problema, mas não deixa de ser Willy Wonka e querer o que bem entende.
E J.M. Barrie? Um adulto, sem dúvida. Teatrólogo, casado (mas filhos...), bem sucedido, ainda que no momento inicial do filme esteja passando por uma crise. Crise criativa, crise no casamento, talvez crise de si mesmo. Barrie é um homem frustrado num casamento que nos parece sem paixão, escrevendo peças pouco inventivas, vivendo uma vida que parece nem mesmo querer. Poderíamos (ou posso eu, com minha visão psiquiátrica) chamá-lo de depressivo. Barrie prefere ficar sozinho com seu cachorro, como se as outras pessoas o importunassem. Até que conhece a família de crianças, com uma mãe viúva. Ele se apaixona por todos e tenta, de forma "adulta", viver essa paixão. Mas parece que ser adulto é siplesmente continuar frustrado, já que Barrie não pode assumir sua paixão pela mãe, pelas crianças e acaba por escrever uma peça como forma de realizar suas fantasias. A questão que fica é: por que diabos Barrie não pdoe realizar seus desejos? Porque tem de continuar frustrado? Será que crescer é aprender a conviver com a frustração auto-impegida? Pois em momento algum Barrie tenta mudar as coisas ele aceita tudo, disciplinadamente, ainda que não gostando de nada.
Então, prefiro Willy Wonka. Ele busca o que quer e parece se encontrar mais que Barrie. Wonka pode parecer meio doido mas não se frustra como Barrie. Se o real é ruim ele cria a fantasia não só em seus pensamentos, eles as faz reais, assume o controle de sua vida. Talvez até de forma mais adulta que Barrie que vive preso a seus pensamentos, em forma de peça...
Faltou falar da violência de Sin City e a de Old Boy. Fica pra depois. (Como diz o Pato Fu)
"Old man dies. Young woman lives. Fair trade."

Fala do Detetive Hartingan (Bruce Willis), no belo Sin City.

quinta-feira, agosto 04, 2005

O fundo do poço é: identificar-se com alguma cena de América.
Além do fundo é: identificar-se com uma cena da Sol!!!!!!!!!!!!!!

Eu achava que era identificar-se com um pagode.

Depois dessa, Fundo de Quintal que me espere...
O que define uma pessoa?
Suas escolhas.
Seus atos.
Suas idéias?
Seus ideais?

It was just my imagination
Running away with me

Ouvia a música de sua adolescência e de repente era como se tivesse traído seus ideais. Não era o que realmente quisera ser. Era um fantasma dos seus sonhos. Uma cópia mal acabada. O que se tornara? Uma alienada em todos os aspectos de sua vida, que tentava ir além mas sempre acabava desistindo. Desistia dos ideais de forma tão fácil que hoje se perguntava o que sobrara. O que queria. Era como se tivesse se baseado em premissas falsas. Como se quisesse se enganar. Seria fácil se não soubesse. Mas vez por outra tinha o vislumbre de que tudo não passava de auto enganação, não era real.
Sua vida não era real.
E por mais que quisesse acreditar na fantasia, sabia que era mentira. E incomodava saber que vivia na mentira...
Mas também não tinha forças para romper com tudo. Tinha medo do que poderia vir. De ficar sem fantasia, sem nada.

Think of me when you close your eyes
But don´t look back when you break all ties

sexta-feira, julho 29, 2005

"...
como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?
não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi, o vento leva!
..."
o vento, de rodrigo amarente, no álbum 4 do los hermanos

quinta-feira, julho 28, 2005

4
Álbum novo do Los Hermanos. Como sempre, não é disco para ouvir uma vez, tem de ser realmente ouvido porque de primeira tudo parece estranho. Na segunda audição nota-se a beleza e uma certa dose de tristeza, melancolia. Tem até música que parece feita para se dançar junto de alguém... Parece que se está num finzinho de tarde, numa casa a beira da praia, bem acopanhada, vendo o mar, o céu e pensando na vida.
Sim, é muito mpb, os títulos parecem até de música do Caymi, mas tem rock no meio. Mais uma vez superando os gêneros e classificações os meninos fazem simplesmente música muito da boa!!

terça-feira, julho 19, 2005

Pobres Rimas

O que fazer
Quando não se sabe o que escrever?

Ou talvez
Quando não sei escrever
O que tenho medo de dizer

domingo, julho 17, 2005

It was a cold dark evening such a long time ago
When by the mighty hand of Jove
It was a sad story how we became
Lonely two-legged creatures
It's the story
The origin of love
That's the origin of love.
The origin of love (trecho), do filme/musical Hedwig and the angry inch
Porque eu não sei escrever... Acho que é por isso que gosto de ouvir música, procuro por palavras que falem o que não sei falar.
Tentativa de escrever...

Conheceram-se no refeitório.

Ela sentada, quase imóvel, não ligando para a comida ou os demais ao seu redor. Olhava para o nada, parecia perdida em si mesma. Nem mesmo estranhava aquele lugar, apesar de ser seu primeiro dia ali.

Ele adentrou o refeitório falando com todos. Ao contrário dela que não conhecia ninguém muito menos fazia questão de conhecer, ele parecia conhecer e ser conhecido. Já fazia parte daquele ambiente e parecia gostar. Pegou sua bandeja, escolheu o que mais lhe apetecia do café da manhã e foi sentar-se na mesa com outros pacientes jovens.

Foi quando a viu na ultima mesa, sozinha e distante. Encantou-se, talvez por ela ser jovem como ele (a maioria dos outros eram mais velhos), talvez pela sua indiferença naquele meio onde todos, de alguma forma, chamavam a atenção. Parecia não se importar com tudo aquilo. Parecia fechada em si mesma de tal forma que o resto não lhe importava.

Parecia com ele.

Foi falar com ela.

Continua...

quarta-feira, junho 29, 2005

Pequeno Dicionário da Crise (trechos)

CORRUPÇÃO
Otávio Velho (professor aposentado de antropologia do Museu Nacional)

O uso do termo para referir-se a suborno, depravação, utilização de meios ilegais no serviço público etc. deriva do seu sentido geral como ato, processo ou efeito de tornar-se apodrecido. É interessante, assim, como a corrupção no terrreno jurídico-político deita raízes na observação de um fenômeno natural, certamente com a mediação da sua utilização no terreno da religião. Só que, na tradição cristã, a corrupção associa-se a uma grande anormalidade inicial: o afastamento dos seres humanos de Deus. É provável, portanto, que, no terreno jurídico-político, trate-se muito mais do controle da corrupção do que de acabar com ela.
O controle, portanto, deveria caber à lei. O que parece, no entanto, é que boa parte da vida social não é redutível a um quadro legal universal. Quase que se poderia dizer que os grupos sociais têm suas fronteiras dadas exatamente pelos limites dentro dos quais se praticam usos e costumes aceitos, mesmo que ao arrepio da lei universal. Exemplos não faltam, o que não deixa de levantar delicadas questões no manejo das relações entre o interno e o externo a esses grupos.

Não é à-toa que na política o decoro ganha proeminência. Os momentos de crise são em geral aqueles em que ele é atingido, seja pelo rompimento das regras não escritas, seja porque a disputa política leva uma das partes, como último recurso, a fazer apelo à lei universal, seja por ingerência externa. Nisso a mídia tem hoje importância decisiva na caraterização de escândalos.
Trata-se de não esquecer que o objetivo possível é aprimorar os controles, sem paralisar a política. Nem o irrealismo ou a demagogia dos que dizem pretender (até como arma política) acabar com a corrupção nem a penalização unilateral dos emergentes, obrigados a expor-se para romper os domínios tácitos. Talvez, então, daqui a dez anos não tenhamos tido nenhuma mudança dramática, mas teremos consolidado a democracia se tivermos resistido a golpes que pretendam interrompê-la ou restringi-la sob o pretexto de aperfeiçoá-la e se tivermos, até, alcançado alguma redução na corrupção. Poderíamos mesmo ter alguma mudança cultural resultado que não pode ser planejado, nem colocado como condição inicial.

REPRESENTAÇÃO
Renato Lessa (professor de teoria política na Iuperj)

Dá-se por suposto que o problema da representação política decorre de problemas de escala. O gigantismo dos eleitorados, a extensão dos territórios e a complexidade da agenda pública tornariam impraticável uma organização política fundada na participação direta dos cidadãos. O curioso é que tal princípio foi inventado e desenvolvido quando os eleitorados eram ainda diminutos, o que faz da suposição algo aparentado da superstição.
Para James Madison, um dos clássicos na matéria, o ?esquema da representação? é o que distingue a idéia moderna de república da de democracia. Mais do que um desdobramento natural do princípio clássico da soberania popular, a representação é um artifício pelo qual poucos e bons falam pelos muitos e nem tão bons assim. Ela, na verdade, é um filtro, cuja principal finalidade é a de reduzir os impactos possíveis da potência da ?multidão? sobre a ordem política.
O que resulta da operação e tal filtro é o que, de forma mais apropriada, deveríamos designar como governo representativo. As democracias realmente existentes são regimes nos quais eleitorados coexistentes à população adulta fazem-se representar por meio de mecanismos eleitorais. Se levado a sério, o desenho indica que a relação crucial é a que se estabelece entre representantes e representados, no sentido de torná-la mais densa e genuína.
O pior cenário para o governo representativo é o da redução da representação a um mecanismo no qual os representantes representam a si próprios e no qual a relação mais significativa é a que se estabelece entre eles e o governo. Qualquer analogia com os dias que correm não será acidental.

In Mais, página 6, Folha de São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005.

quinta-feira, junho 09, 2005

O homem está condenado à liberdade.


-Sim. Afinal, não pedimos a ninguém para sermos criados como indivíduos livres.
-É exatamente esse o ponto central em Sartre. Acontece que somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida. Não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos nos guiar. E isso torna mais importantes nossas decisões, nossas escolhas. Sartre chama a atenção precisamente para o fato de o homem nunca poder negar sua responsabilidade pelo que faz. Por essa razão, não podemos simplesmente colocar de lado nossa responsabilidade e dizer que "temos" de ir trabalhar, ou então que "temos" de nos pautar por certas expectativas burguesas quanto ao modo como devemos viver. Aquele que assim procede mescla-se a uma massa anônima e se transforma em parte impessoal dela. Ele foge de si mesmo e se refugia na mentira. De outra parte, a liberdade do homem nos obriga a fezer de nós alguma coisa, a ter uma existência "autêntica" ou verdadeira.

Sofia Amundsen e Alberto Knox, em O Mundo de Sofia, pág.463, de Jostein Gaarder, Ed. Círculo do Livro, 1991.

domingo, junho 05, 2005

"Perder para ganhar", assim dizia o horóscopo que ela lia às escondidas. Não queria admitir que preferia que um destino ou força superior fosse responsável por sua vida. Ainda tinha medo da idéia de que era a dona da sua história. Tal qual no filme moralista, era ela quem fazia as escolhas...

sexta-feira, junho 03, 2005

Parecia-lhe que sua vida serviria para que coletasse memórias, tal qual dados. As grandes, inesquecíveis e as pequenas, esquecíveis, mas passíveis de serem lembradas. Inesquecíveis eram os momentos únicos, aqueles que enquanto mesmo aconteciam já se sabia que eram memoráveis. Vivia-os com intensidade e guardava-os com igual força. Eram como momentos definidores, clímax de filmes. Quando a música subia, as cores ficavam mais vivas. Mas não passavam de momentos, não se repetiam e por isso era tão importante armazená-los na memória orgânica e sentimental. Eram olhares nos quais poderia se perder para sempre. E por aqueles instantes perdia-se. Mas tinha de retornar (será mesmo?). As pequenas memórias, por sua vez eram construídas no dia-a-dia. Momentos que só se sabiam memoráveis depois de acontecidos, de tão simples, cotidianos que pareciam. Eram como filmes anti-climáticos, verborrágicos de Richard Linlaker ou Erich Rhomer nos quais o todo é importante, não apenas um determinado momento. Talvez o fato de conterem em si o potencial de repetição tirasse desses momentos a urgência e a beleza trágica. Mas continham a esperança do retorno. Esperança que podia ser cultivada. Não eram momentos de perdição, mas de certezas (inda que relativas) e repetições. E ás vezes repetir não é ruim.
E assim ia, colecionando memórias. Enquanto tentava mesmo era entender porque repetir (um momento) deveria ser melhor que perder-se (num momento).

quinta-feira, maio 19, 2005

E então é isso mesmo. Anakin Skywalker se tornou Darth Vader por ter suas fraquezas manipuladas por Palpatine. Mas o interessante é que estas fraquezas não eram sede de poder, arrogância (em determinado momento o próprio Yoda é chamado de arrogante), não eram sentimantos considerados "ruins". Pelo contrário, a fraqueza de Anakin é seu amor, sua doação extrema a Amigdala, seu medo de perdê-la. Muito humano, me parece. É até fácil entender Anakin e sua escolha errada. Pois os Jedis chegam a parecer frios no seu desapego, sua raiconalidade, sua capacidade de pensar num bem maior, para além dos indivíduos. Entendemos quando Obi-Wan diz que Palpatine é mal e Anakin responde que do ponto de vista dele os Jedis é que são maus. Naquele momento, o ponto de vista dele até faz sentido. Frente ás conseqüências posteriores de tudo, sabemos como ele está errado. Mas ele não tinha como saber. O grande erro de Anakin acaba sendo sua escolha, que é mediada pela paixão. E a linha entre bem e mal, bom e ruim acaba parecendo muito tênue. No final, sabemos que Amigdala está certa ao dizer que há algo de bom em Anakin. Tanto que é isso que irá salvar todos em O Retorno de Jedi. Não esqueçamos que é Anakin/Drath Vader quem joga o Imperador da nave. Só ele tem a ira para matar. E só seu filho, Luke, terá a compaixão para salvá-lo.

Ainda que pareça um filmão B, com uns diálogos meio toscos, de alguma forma Star Wars guarda uma mitologia realmente envolvente, emocionante e inteligente. E que faz todo o sentido neste último filme. Não dá pra explicar como este que é apenas o terceiro filme é ao mesmo tempo o último. Só vendo para entender.
"Ignorar que a tarde vai
Vadia e mítica"
Te ver, Skank

Já sei, mesmo 3 horas antes de ver o filme, que em Episódio 3 Yoda fala a Anakin sobre o desapego ás coisas, que isso serai importante para que ele se tornasse um Jedi. Sabemos todos que ele vai trilhar o caminho contrário, talvez exatamente por não conseguir se desligar dos seus afetos. Me pergunto ocorre isso, esse desapego. Até faz sentido que tudo se torne mais simples sem afeto: sem anseisos, angústias, cobranças. E sem esperanças e fantasias. Com uma carga de desejo milimetricamente controlada para ser satisfeita com o que é possível e nada mais.
Será Darth Vader mais humano que os Jedis? Provavelmente não tanto mas quem sabe não é a humanidade de Anakin, manipulada, que permite tornar-se Darth Vader.
E eu ainda nem vi o filme...

terça-feira, maio 10, 2005

"[..]
- Tente imaginar que tudo o que vivemos acontece na mente de outra pessoa. Nós somos essa mente. Não possuímos, portanto, uma alma própria. Somos a alma de outro. Até aqui estamos no campo da filosofia. Um campo que nos é familiar. Berkeley e Schelling iriam aguçar seus ouvidos. [...]"
Alberto Knox, in O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, pág. 361, Ed. Círulo do Livro, 1991.

E se não passamos de produtos de uma consciência maior? E se nesse caso tivermos de aceitar que nossos pensamentos, nossas criações e fantasias podem ter vida? E se por um momento tivermos de aceitar que o mundo não gira ao nosso redor, que podemos tão ser tão responsáveis por nossas vidas quanto essas palavras estão sendo por se autodigitarem? Mas e se ainda assim existir um liver arbítrio?
Músicas da gaveta... (aquelas que guardo para o dia em que fazem sentido)

Seja Você
Paralamas do Sucesso


Vai sempre ter alguém
Com mais dinheiro, mais respeito
mais ou menos tudo que se possa ter
Vai sempre sobrar, faltar
Alguma coisa somos imperfeitos
e o falta cega pro que já se tem

Eu não te completo
Você não me basta
Mas é lindo o gesto de se oferecer

O que eu quero nem sempre eu preciso
Mas de um sorriso quando me entender
Seja você
Seja só você

segunda-feira, maio 02, 2005

Quando criança aprendi a fazer pedidos a primeira estrela
Olhava para o céu à tardinha, à procurá-la
Ansiosa pelos desejos

Ainda hoje olho para o céu ao entardecer
À procura da mesma estrela
Mas já não cobro que realize desejos
(Isto é incubência minha, já entendi)
Apenas que não me permita esquecer os sonhos
O que são essas linhas imaginárias que nos ligam uns aos outros? Isso que chamamos de sentimentos, essas estranhas sensações misturas de reações somáticas (taquicardia, falta de ar, perda de equilíbrio, ruborização,...) com genuínas percepções mentais (medo, raiva, carinho). Esses sintomas psicanalíticos que nos imepedem de entender o mundo e o outro pela ótica tão acertada da razão. Alguns antigos sábios filosofos já disseram que, onde nossa razão não pode alcançar (e a mim parece haver todo um infinito aí), nossa capacidade de acreditar, ter fé, atua de forma a nos permitir um entendimento do mundo a nossa volta. Não é reproduzível por experiências empíricas pois é pessoal e intransferível, na melhor das hipóteses pode ser compartilhado com semelhantes, de crenças/experiências semelhantes. Mas é o que nos "acalma, acolhe a alma, ajuda a viver", já que não somos capazes de entender de forma racional o mistério que nos cerca. Dessa forma a fé talvez seja o sentimento que nos mantêm unidos a todo o universo do qual, indubitavelemnte, fazemos parte de alguma forma. Da mesma forma, nossos sentimentos mais "mundanos" de medo, raiva, amor, amizade, compaixão, paixão são o que nos permite viver dia a dia uns com os outros. As pessoas são para mim um mistério quase tão grande quanto o do universo que me cerca, pois são, cada uma, um universo em si mesmas (algum filósofo já disse isso, só repito). E a convivencia com esses mistérios só é possível através dos sentimentos, às vezes torpes, mas muitas vezes sublimes que nos ligam uns aos outros. E que a minha razão continua não sendo capaz de explicar (ainda que eu possa tentar imaginar conexões mentais, sintonias corpóreas, etc)...

sexta-feira, abril 22, 2005

Lembro de uma vez, quando criança, conversar com algumas colegas no horário de recreio sobre como seria o Céu. A idéia vigente era do céu cheio de nuvens macias. Declarei, na época, que achava esse paraíso muito sem graça, ficar em nuvens, sem nada para fazer. Não lembro bem de qual seria meu "paraíso" aquela época. Hoje também não sei muito bem como seria, até porque tento me concentrar mais aqui na Terra mesmo. Fico imaginando se nossos sonhos de paraíso de hoje (que talvez involvam um simulacro de Terra melhorado, com mais respeito entre os seres humanos, mais áreas verdes, praias, sem tecnologias poluentes/destruidoras) não podem ser a Terra de gerações futuras. Se de alguma forma essa idéia de um lugar melhor não pode estar, não no além vida mas no além tempo, no futuro (se soubesse algo sobre teoria do tempo/espaço curvo poderia explicar a idéia maluca). Nesse futuro, então, crianças (e adultos) inconformistas como eu sonhariam com outros paraísos...

quinta-feira, abril 21, 2005

Às vezes tinha dificuldade para definições. De sentimentos, de acontecimentos, de desejos. Talvez por isso usasse tanto a palavra "coisa". Aquela coisa podia referir qualquer coisa que não sabia definir. Mas porque não sabia? Ainda que nunca tivesse lido um dicionário inteiro ou que não fosse uma Imortal tinha algum conhecimento da língua pátria. Então, porque tanta dificuldade para nomear o que sentia? Sabia o que era. Só não sabia o nome das coisas...

sábado, abril 09, 2005

"Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instanteneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável.
...


Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu."


Introdução do livro O Restaurante no Fim do Universo, a continuaçào inteligente e divertida de idem O Guia do Mochileiro das Galáxias, ambos de Douglas Adams.

sexta-feira, março 25, 2005

Razão e emoção. Jane Austen, dentre tantos outros (creio que mesmo o Bardo, aquele que melhor descreveu nossas emoções), já escreveu em Sense and Sensibility (que virou filme de Emma Thopson, dirigido por Ang Lee) sobre como pode ser (ou simplesmente é) difícil conciliar essas duas funções do humano. Por vezes nos (ou pelo menos eu...) alegramos com pequenos gestos que achamos que não deveriam fazer diferença. Mas o que fazer se o sentimento é mais forte que a razão? Negar o prazer obtido em gestos, atitudes simples? Ou aceitar o fato de que mesmo não fazendo muito sentido (como se fossemos inteligentes o bastante para entender o sentido de tudo), aquilo, aquela pessoa e seus gestos, nos fazem felizes. Ainda que sem ter porque, sem ter razão. ;-)


Como dizem meus barbudos favoritos:

É bom, às vezes se perder
Sem ter porque, sem ter razão
Adeus você, Los Hermanos


E ainda, lembram-se de período Barroco, do regaste dos conceitos Clássicos? Ou, mais simples, de Sociedade dos Poetas Mortos?

Carpe Diem

quinta-feira, março 17, 2005

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Futuros Amantes, Chico


É possível que essa música já tenha aparecido nesse espaço virtual. É linda, simples (pelo menos aparentemente) e bela. E faz tanto sentido (de tantads e tantas formas) que lembrei dela uma vez ao ver, de Niterói, o Rio coberto de nuvens. Melhor dizendo, não vi o Rio, só vi nuvens e chuva. Imaginei (e cantei) uma cidade submersa...

domingo, março 13, 2005

"[...]O presidente, em particular, é simplesmente uma figura pública: não detém nenhum poder. Ele é aparentemente escolhido pelo governo, mas as qualidades que ele deve exibir nada têm a ver com liderança. Ele deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele execer o poder, e sim desviar a atenção do poder. [...]"
O Guia do Mocheliero das Galáxias, de Douglas Adams

É um livro de ficção científica, de 1979, muito bem humorado, num estilo MIB. Mas é também um livro que tem a passagem acima, que parece saída do editorail de algum jornal importante de qualquer país democrático (ou não) de nossos tempos. Há que se considerar um livro "de gênero" ,e seu autor, que é crítico para além de seu pre definido gênero. E Douglas Adams consegue isso em O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Talvez o pior de tudo fosse o fato de que não podia se queixar ao gerente. Recebera exatamente aquilo o que desejara. Se desejara o mínimo, por acreditar que isso já lhe bastasse, era problema seu. O gerente, fosse quem fosse e ela não sabia muito sobre isso, nunca o vira, talvez apenas acreditasse na existência de tal "gerente", servira-a muito bem, tudo funcionara conforme o seu desejo inical. Tirando o fato de que terminara rápido. Então, se descobria que podia ter o que desejasse, tinha gora que entender que podia desejar o que bem entendesse, ou o que realmente quisesse, sem medo de não merecer. O gerente parecia inteligente o bastante para ser capaz de fazer tal julgamento de tal forma que ela poderia abrir mão do seu auto pré-julgamento, sempre mais severo que o necessário. Precisava aproveitar melhor sua estada no planetinha, afinal de contas não sabia para onde iria depois...
Imaginara que seria fácil, pois imaginava tudo. Mas descobria que era mais difícil do que imaginara, também. Se ao menos pudesse não pensar, esquecer. Já sabia que não podia e que não daria certo. Acreditava em filmes e teorias. Acreditava em tanta coisa que às vezes não entendia nada...

sexta-feira, março 11, 2005

"... Será que a ficção apenas suga a realidade, na vã tentativa de oferecer sentido, o sentido das palavras, àquilo que não faz e nem pode fazer nenhum sentido? Será?"
De cada amor tu herdarás só o cinismo, de Arthur Dapieve

E Dapieve escreve num misto de Nick Hornby, Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca. Uma salada que rende um livro a ser lido de uma só vez. Ah, ainda tem um capítulo que eu, que não sou conhecedora, achei ter algo a ver com o jornalismo gonzo. Salada interessante sobre o universo masculino.
Escrevia na terceira pessoa, talvez menos por escolha estilística e mais por pura timidez ou medo. Mesmo ao escrever ficções tinha medo do quanto de si estava ali, do quanto estava entregando dos seus sentimentos, paixões e pensamentos, ainda que aquela primeira pessoa fosse ser entendida por todos como uma personagem. Mas era também ela mesma. Não poderia escrever na primeira pessoa uma personagem que sofria com a frieza do amigo quase amante. Uma personagem tão medrosa quanto ela mesma, que não era nem mesmo capaz de admitir que sofria pela perda do quase amante, um pouco mais do que pela distância do amigo. Mas que se resigniva nesse de lugar de não admitir o que sentia. E nesse lugar de definir papéis por "quases", pura inconpetência para admitir o que realmente queria que fosse. Mas, ainda assim, podia dizer que era só uma tentativa estilística de escrever uma personagem tímida. Não era ela, não é?

quinta-feira, março 10, 2005

"O que faz alguém escolher um meio de comunicação do qual desconfia quando bem poderia chamar para um papo ao pé do ouvido no corredor? A idéia de que o corredor talvez estivesse, na cabecinha daquela Danna Scully da Carlos Góes, infestado de microfones conectados diretamente à sala de Umberto Milano arrancou de Bernardino o primeiro sorriso desde que aquele pipocar de mensagens começara."
De cada amor tu herdarás só o cinismo, de Arthur Dapieve.

Dapieve, em sua prosa simples, quase parecendo simplista, consegue no seu primeiro romance passar além da enxurrada de referências a cultura pop e enxergar também um pouco dos relacionamentos no século XXI (que no fundo não devem ser assim tão diferentes daqueles do século XII: homem e mulher, ou seja duas pessoas, que se querem e todo o resto de si mesmos e do mundo a atrapalhar). Não, não é Nick Hornby, mas consegue prender a gente ao livro. Como nas suas crônicas.
"Matar uma pessoa para defender uma idéia, não é defender uma idéia. É matar uma pessoa."
Nossa Música, filme de Jean Luc-Godard, em cartaz

domingo, março 06, 2005

Nick Hornby escreve (muito bem) sobre a cultura pop e sua influência na vida dele. Creio que gosto de seus livros porque me identifico com isso. Quinta-feira passada, convalescente de uma intoxicação alimentar, assistia tv à tarde com meu irmão e tive o prazer de poder ver Arquivo X. E ainda um dos poucos episódios da séries Clássica (1a a 5a temporadas, 6a e 7a ainda podem ser consideradas) que não tinha visto: O Serafim. Belo episódio, centrado na Scully, sobre fé. Me fez pensar nas diferenças entre religião e ciência a partir dos embates entre Mulder e Scully. Impagável ver Mulder sendo o cético da "relação". E também em como não fé e religião podem não ter nada a ver. E que fé pode ter muito a ver com ciência como no caso de Mulder e sua crença nos "homenzinhos cinzas" e própria fé de Scully que não é compreendida pela própria Igreja Católica. É por isso, porque sempre me fez pensar e descobrir fatos novos, que adoro essa série, esse produto da cultura pop. Faz parte da minha vida...

It's not a tv series
It's The X Files

domingo, fevereiro 27, 2005

Já vivera a pior noite de sua vida. Mas também as duas melhores da mesma vida. Isso no meio de muitas boas e outras horríveis mas suportáveis. Tinha de admitir que, para 25 anos, estava no lucro. Mantendo a porcentagem de 50% a mais para as boas podia contar em chegar ao fim da vida terrestre com muitas lembranças inesquecíveis...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Procuro um ponto de encontro entreo trash divertido mas manipulador Jogos Mortais e o panfletário emocionante mas também algo manipulador Mar Adentro. Talvez seja a humanidade e seus percalços que aparece, quase que sorrateira, nos dois filmes. Já no belo, triste e deprimido Menina de Ouro, a mesma humanidade e suas culpas aparece de forma plena. Clint Eastwood sabe e não tem medo (e lá Dirty Harry tem medo??) de falar de nós mesmos, com nosso sofrimentos, erros e felicidades fugazes.

(Alguém precisa bancar a adaptação de Cavaleiro da Trevas logo. O Clint tá ficando velho e por mais que devesse não via ficar aqui pra sempre, pois apesar de ser um super herói -quando li a HQ tive certeza de que só podia ser inspirada nele...- seus filmes provam o quão humano ele é!)

domingo, fevereiro 20, 2005

sábado, fevereiro 19, 2005

No Refrigerador dos Mutantes encontrei a Carolina do Chico, que procurava, e também por Quase um Segundo chorei ao lembrar. Mas não foi do Cazuza (ou dos Mutantes ou Chico) que lembrei...
Luiza tinha nome de música de Tom Jobim. Como todos nós tivera seu destino traçado pelo nome escolhido por seus pais, assim acreditam alguns. Música bonita, nome bonito, menina bonita. Sempre ouvira essas frases.

Luiza conhecia Luiza desde pequena. Sempre ouvira em sua casa a música pela qual recebera seu nome e seu destino. Quando criança encantava-se com a descrição da lua. "Lua, espada nua, bóia no céu, imensa e amarela, Tão redonda a lua, como flutua, Vem navegando o azul do firmamento". Encantava-se com imagem da lua como um grande navio redondo passeando pelo céu. Sorria com o pai quando este, ao ver a lua junto com ela, cantava o trecho favorito da filha.

Mais tarde Luiza se tornou uma esperança. Apaixonava-se sempre esperando que aquele fosse ser seu "pobre amador apaixonado". Mas Luiza, filha de escritor e professora, neta de advogados, moradora de Ipanema, estudante da PUC, conhecia até alguns trovadores cheios de estrelas. Mas as estrelas tinham brilho fugaz. Luiza, para não desmentir seu destino, se fazia de difícil e esperava por aquele que se atreveria a descobrir seu coração embaixo da neve.

E Luiza ficou esperando pelo trovador que descobriria nela a rosa louca. Esquecia, logo ela estudante de Literatura, que trovadores eram figuras da Idade Média. Não entendia que se a rosa era ela, não precisava de um outro para se descobrir. E perdera-se em acreditar no destino descrito pela música. Ficou esperando pelo destino que lhe tinha sido presenteado desde o início. A música contava sua vida para que fosse em busca dela, não para que ficasse esperando por ela.

Luiza talvez devesse ter se chamado Carolina.
Livremente inspirado no fim do horário de verão

Tinha sono mas não queria dormir. Lutava contra aquela sensação a qual sempre se entregara com facilidade, aos braços de Morfeu como dizia seu pai. Porque não aceitava aquele pequeno prazer que restituia suas forças e seus sonhos? Talvez porque dessa vez dormir significava matar mais rapidamente seu sonho real. Acordaria no dia seguinte, quando tudo estaria igual. Nada acontecendo. E teria mais certeza de que não o fim não era fruto de sua imaginação.

Queria duvidar para poder sonhar. Acordada.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Acreditava que tudo seria mais fácil se pudesse esquecer. Ainda não vira "Brilho eterno de uma mente sem lembraças". Não sabia que no final tudo que resta são nossas memórias, aquelas dos momentos que, fosse o mundo perfeito como queria, durariam para sempre. E não sabia também que esquecendo estaria apta a viver tudo novamente, pois parece que algumas coisas (senão todas) na vida são inevitáveis (Destino? Plano Celestial?). Até mesmo a tristeza... E a inexorabilidade do amor!

domingo, fevereiro 13, 2005

Meu um quarto de século termina esse ano. Estou triste, como sempre antecipadamente, por isso. Mas consigo lembrar que esse fim significa também um início, o do segundo quarto de século!
Não mentirei a vocês, desejo viver 4 quartos completos. Pouco provável, sei eu, (não, não sou uma pessoa muito saudável) mas é um pequeno sonho de participar por 100 anos da vida e história desse planetinha...
É reconfortante pensar que todo fim contém em si um outro início. Quero acreditar nisso. Talvez queiramos todos, não? É uma forma de aliviar a tristeza inerente ao fim. E se no caos aparente do Universo existe algo de inteligente e elegante, como também por muitas vezes parece, então essa Inteligência pode ter sido generosa o bastante para nos conceder sempre um início em todo e cada final.
E a aventura não termina, ainda que assim pareça. Tudo não passaria de nossas próprias ilusões e conclusões preciptadas. Coisas de seres que não entendem o todo, só veêm as partes...

(Claro está que isso tudo é construção, partindo da importância dos 25 anos e seus ciclos ao longo da vida.)

I want to believe! ;-)
Ainda Carnaval

"...
Pega a viola o repentista
Conta em versos que o grande artista
Da Dinamarca voou foi além
Como um cisne altaneiro
Hans Christian Andersen
..."
Uma delirante confusão fabulística samba-enredo de 2005 do G.R.E.S. Imperatiz Leopoldinense

Só pra constar que minha escola favorita de sempre trouxe o samba mais lindo desse ano, na minha opinião, claro!

sábado, fevereiro 12, 2005

"You're an interesting species, an interesting mix. You're capable of such beautiful dreams...and such horrible nightmares.You feel so lost, so cut off, so alone. Only you're not. See, in all our searching, the only thing we've found that makes the emptiness bearable is each other."
Trecho de diálogo do belo filme Contato.


Porque a solidão persegue os seres, quer seja aqui, em Pensacola ou Vega. E nós vivemos a nos encontrar, na tentativa de mitigá-la... :)

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Mais uma sobre a simplicidade das coisas


Céu azul
Nuvens brancas
Sol amarelo
Folhas verdes

Cores
Comprimentos de ondas
Que aos nossos olhos
(e a todo o resto de nosso ser)
São simples e belas cores

Mas o céu por vezes é laranja, rosa, vanilla
As nuves cinzas, quase negras
O sol avermelhado
As folhas, amareladas

Nada é tão simples que não possamos complicar

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

As coisas devem ser realmente simples, mas no momento eu não estou entendendo nada...

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

"O Pierrot apaixonado chora pelo amor da Colombina"
Pierrot, Los Hermanos


E os foliões se divertem!!

E a Unidos da Tijuca trouxe, mais uma vez, um enredo interessante, bem elaborado e, creio eu, capaz de aguçar a curiosidade dos foliões: A Imaginação. Com soluções de fantasias simples, diretas e bonitas a escola falou de Don Quixote, Drácula e até Atlântida. Sem didatismos creio que o carnavalesco Paulo Barros foi capaz de plantar a "sementinha do saber" (lembrando Elcio, antigo professor de matemática) ano passado, com belíssimo desfile sobre a Ciência,e esse ano, as sementes da critividade e da curiosidade em muitas pessoas.

Parabéns à Unidos da Tijuca! E que seus temas continuem assim!

"E desejo desvendar
misteriosas civilizações,
cidades perdidas encontrar,
tesouros que atraiam gerações

...

Entrei por um lado,
sai pelo outro a cantar,
e quem quiser
invente outro lugar,
o meu paraíso,
local mais perfeito não há,
faço do Borel a Shangri-lá!"

domingo, fevereiro 06, 2005

A volta do Frisbee

Relendo este blog percebi que faltou algo no post sobre a teoria do frisbee (de autoria do Edson). Disse que não concordava mas não disse o porquê. Na verdade é por uma causa simples, mas creio eu nobre. Falta afeto na teoria. Quando o teórico diz que simplesmente troca-se de frisbee, parece estar me dizendo que ele resolveu jogar uma camisa velha fora. Não se joga pessoas fora ou para o alto, a não ser por raríssimas exceções de decepções profundas. O desejo, em se falando de relacionamentos amorosos, pode acabar, não ser possível, mas aquilo que une seres humanos (o tal "sintoma") permanece. É por isso que acredito que amizades, tal qual famílias, duram para sempre. E os amores, contanto que mútuos.

sábado, fevereiro 05, 2005

Quarta-feira, 26 de janeiro de 2005 - 15h43
Soldados-robôs lutarão no Iraque

Chamados de Swords, eles carregam câmeras com lentes de visão noturna e metralhadores M240 que podem disparar até mil tiros por minuto. A primeira leva chegará ao Iraque no início de março.


São Paulo - O exército dos Estados Unidos começa a enviar, no início de março, 18 soldados-robôs para lutar no Iraque. Chamados de Swords, sigla em inglês para Sistemas Especiais de Observação, Reconhecimento e Localização de Armas, eles são operados por controle remoto, carregam câmeras com lentes de visão noturna e metralhadores M240 que podem disparar até mil tiros por minuto.

De acordo com o site The World News, cada máquina custou ao governo norte-americano cerca de 200 mil dólares. Para os especialistas, os Swords valem até mais: além de poupar a vida dos soldados reais, eles não precisam de treinamento nem de motivação para matar o inimigo.

João Magalhães

In Estadão


Será que mais alguém, ao ler essa notícia, teve a certeza de que James Cameron não apenas dirige filmes, ele prevê o futuro!! E o pior é que no mundo real o Exterminador que virava aliado virou governador da California...


"Não falo como você fala
Mas vejo bem o que você me diz

Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo
Prefiro acreditar no mundo do meu jeito

E você estava esperando voar
Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão"
Legião

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

"We are such stuff
as dreams are made of,
and our little life
is rounded with a sleep."
The Tempest, Shakespeare


E o homem de Stratfford Upon Avon sabia muito antes de Freud que somos feitos da mesma matéria dos sonhos. E se assim é como lhe parece, será que todos os sonhos se realizam???

"I can dream about you"

do filme Ruas de Fogo, cuja maior qualidade é exatamente essa música.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

A teoria do frisbee


Num relacionamento existem dois papéis possíveis: o de jogador de frisbee e de frisbee propriamente dito. Ao final de um relacionamento o jogador arremessa o prato, que vaga pelos ares à espera de ser pego por outro jogador que irá utilizá-lo como prato e depois arremessá-lo.


Essa é a teoria de um amigo (só podia ser de um homem) para explicar relacionamentos, creio que principalmente os breves. Acho que Closer inspirou-o muito, faz sentido até porquê ele me disse que viu afeto bastante no filme...

Ainda assim, se você gostou da teoria (eu não...) e ainda não definiu seu papel, escolha um e aproveite o carnaval para sair em busca de um prato ou de um jogador...
O fim da Residência

e as músicas do fim...

"É o fim, é o fim

Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz
Deixa eu bricar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz"
Los Hermanos

E ainda deles, a já citada (e por mim entoada ao longo do meu último plantão):

"Veja você, onde é que o barco foi desaguar..."

Mas essa é hours concurs:

"And in the end
the love you take
is equal to
the love you make"
Beatles

domingo, janeiro 30, 2005

Música para Ler

(Se soubesse trabalhar com midis até tentava colocar música para ouvir. Mas essa é bonita mesmo lida, ainda que seja linda, linda, se ouvida.)

Conversa de Botas Batidas
Marcelo Camelo / Los Hermanos


Veja você
Onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria o amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso, por favor

Que esse só o começo
Do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar

Veja você
Onde que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Prum amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu

Abre a cortina pra mim
Que eu não escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Prum amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Diz quem é maior
Que o amor
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer
Que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair


Comentários: É minha música favorita do Los Hermanos e uma das mais bonitas que já ouvi. Não é um rock propriamente dito, ou pelo menos não é feita "só" de guitarras e bateria. Tem um arranjo muito inteligente e sensível, variações belas, metais que são tão importantes quanto as guitarras e termina com um coro da banda!! E, ainda tem uma lenda. Dizem que é a "história" de um casal de amantes idosos que morreram no desabamento daquele prédio da rua do Rosário, há alguns anos. Música bonita e melancólica, mas feliz, já que a gente termina de cantar com um sorriso no rosto. :)

domingo, janeiro 23, 2005

O ano de 2004 começou com um filme sobre relacionamentos romântico, ainda que melâncólico e platônico, o (merecidamente) cultuado "Encontros e Desencontros". E depois dele vimos ainda "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" e "Antes do Por do Sol", formando assim o que chamo de tríade dos romances românticos de 2004, que foi um ano cinematograficamente romântico. Mesmo que não romanticamente idealizados, eram filmes que tratavam dos relacionamentos de forma honesta mas cheia de sentimento, também honesto e real (por isso mesmo não são filmes eminentemente felizes, pelo contrário, são quase tristes mas ainda assim nos permitem pensar que vale à pena).
Já este 2005 começa com "Closer", um filme sobre relacionamentos que tem uma visão crua, quase cruel, fria, praticamente desprovida de sentimentos. Há pouquíssimos momentos de afeto no filme, quase todo o tempo os quatro personagens parecem movidos pelo puro e simples desejo, sem sentimento. Bom e interessante filme, ainda que mantenha um tom bastante teatral (é uma adaptação de uma peça). Mas acho que a tríade de 2004 é mais feliz no seu retrato do que nos move nos relacionamentos. Ao chegar perto demais do tal desejo que seria o condutor de nossas vidas, o autor Patrick Marber (ou talvez o diretor Mike Nichols) esqueceu do sintoma afeto, que permeia, dificulta mas também colore e permite que tenhamos essa certeza que tudo vale à pena. (Se a alma não é pequena, como escreveu Pessoa).

sábado, janeiro 22, 2005

Momentos de Maria

(porque a série foi bela e melancólica a maior parte do tempo, e ainda assim teve final feliz...)


Diálogo:
- Menina, será que nossa sina é sempre se despedi?

- Não, Zé, nossa sina é sempre se encontrá.


Música (cantiga de roda):

Que lindos olhos
Que lindos olhos
Tem você

Que ainda hoje
Que ainda hoje
Eu reparei

Se eu reparasse
Se eu reparasse
Há mais tempo

Eu não amava
Eu não amava
Quem amei
Existe uma infinidade de experiências e conhecimentos a serem aprendidos ao longo de uma vida. Tantos mistérios que uma única vida não dá conta e acabamos tendo de fazer escolhas do que queremos saber. No meu caso, não há dúvidas, se conseguir dominar a arte de ficar calada e conter minha "perspicácia" e urgência de proferir sentenças que eu mesma reconheço serem estúpidas, já sairei da vida com bastante lucro. Quer dizer, dependendo do quanto demorar para aprender, a relação custo/benefício pode ser deveras negativa (se é que já não é)...

domingo, janeiro 16, 2005

A vida toma caminhos interessantes. Decisões que às vezes parecem sem porque (além daquele do desejo), ou cuja causa parece frívola podem levar a descobertas que além de interessantes fazem sentido com todo o resto.
É o caso de se encontrar sentido para um tema de monografia numa palestra sobre A Linguagem do Road Movie. Se bem que, é só aprofundar um pouquinho a idéia para ver que existe relação. Afinal, road movie é filme de estrada, filme de pessoas que viajam e que se sentem estranhas em algum lugar e se o tema da dita monografia é Viagem Patológica, a afinidade é bem clara, não?
Não me parecia, mas acabou sendo e rendeu algumas idéias para pensar. E, melhor de tudo, rendeu estímulo.
Moral da história: vale à pena fazer aquilo que se quer, mesmo que pareça sem razão!! ;)
Então era isso.
A vida, nada mais que a sucessão de dias.
De pensamentos.
De encontros.
De sentimentos.

Já era o bastante para fazer valer o risco.
(Do inevitável retorno -ao início.)

sexta-feira, janeiro 14, 2005

20 anos de Rock In Rio (assim me disse um cartaz) e não temos um Rock In Rio no Rio (e isso não é redundância, já que tivemos um em Lisboa...) para comemorar decentemente. Os lucros talvez sejam mais importantes que o ideal de um festival de rock com milhares de pessoas ao ar livre alegres (e eu garanto que pelo menos o último foi assim). Uma pena... :( :(
Assim falou Nietzsche (no prólogo de A Gaia Ciência)

"Talvez não baste somente um prólogo para este livro; e afinal restaria sempre a dúvida de que alguém que não tenha vivido algo semelhante possa familiarizar-se com a vivência deste livro mediante prólogos. Ele parece escrito na linguagem do vento que dissolve a neve: nele há petulância, inquietude, contradição, atmosfera de abril..."

"... Toda filosofia que põe a paz acima da guerra, toda ética que apreende negativamente o conceito de felicidade, toda metafísica e física que conhece um finale, um estado final de qualquer espécie, todo anseio predominantemente estético ou religioso por um Além, Ao-lado, Acima, Fora, permitem perguntar se não foi a doença que inspirou o filósofo. O inconsciente disfarce de necessidades fisiológicas sob o manto da objetividade, da idéia, da pua espiritualidade, vai tão longe que assusta..."

"... essa vontade de verdade, de "verdade a todo custo", esse desvario adolescente no amor à verdade - nos aborrece: para isso somos demasiadamente experimentados, sérios, alegres, escaldados, profundos... Já não cremos que a verdade continue verdade quando se lhe tira o véu... Hoje é, para nós, uma questão de decoro não querer ver tudo nu, estar presente a tudo, compreender e "saber"tudo. [...] Devíamos respeitar mais o pudor com que a natureza se escondeu por trás de enigmas e de coloridas incertezas..."


Bom, eu não me acho capaz de saber toda a verdade, mas ainda sou jovem (ou "adolescente desvairada") o bastante para acreditar na sua busca...

quinta-feira, janeiro 13, 2005

"Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade
Tudo está perdido mas existem possibilidades"
Sereníssima, Legião

Porque apesar de tudo, a esperança continua...!
Porque temos de destruir um cometa para estudá-lo?
Tenho pensado na teoria do "Bom Selvagem", quase tentada a acreditar nela. Olhar minha cidade por janelas de onibus é constatar como modificamos de forma brutal a natureza, o mundo em que vivemos. Observar cidades como o Rio de Janeiro pode ser quase assustador: concreto, fumaça, prédios, carros, pessoas apressadas, assustadas. É claro que sempre (ou talvez seja "ainda") há a Baia de Guanabara, linda mesmo que poluída (mas já melhorou muito), as praias, a cadeia de morros, a Quinta da Boa Vista, a Floresta da Tijuca e são esses lugares que ainda fazem a vida no Rio valer (e muito!!) a pena (tá, a vida cultural também!). Mas esses locais naturais parecem ficar cada vez mais distantes, cercados por concreto por todos os lados. Deve ser implicância minha mas será que estamos mesmo evoluindo?? (Para a auto-destruição??)

terça-feira, janeiro 11, 2005

Hoje é Dia de Maria
(Finalmente!!! Trabalho do Luis Fernando Carvalho é sempre algo a ser esperado e assistido com gosto.)
É a razão nossa capacidade soberana? Estaremos fadados, tal qual em A.I., a sermos substituídos, ou talvez evoluirmos para seres biotecnológicos, racionais por excelência? Conseguiremos nos livrar desse "sintoma" chamado afeto?
Ainda que sim, isso tornará essa nova espécie melhor, pior ou só diferente??
"De repente, não mais que de repente."

sábado, janeiro 08, 2005

Tudo que consegui escrever sobre Os Sonhadores e Edukators foi essa notinha aí em baixo. Mas o Eduardo Valente conseguiu muito mais na Contra Campo. Fica a dica de leitura!!
Os Sonhadores e Edukators são filmes, não complementares, mas que dialogam entre si. Vale a pena ver os dois e pensar em ideais, sonhos, juventude, ação e reação, conservadorismo e envelhecimento e o que mais for que os filmes evoquem em cada um. Talvez não filmes memoráveis cinemtograficamente, mas que valem o ingresso mesmo que para discordar.

sábado, janeiro 01, 2005

E dizem nossas (de quem??) convenções de medida do tempo que a terra inicia mais uma volta em torno do sol. Que o ciclo traga boas estações e fartas colheitas.