terça-feira, agosto 05, 2008

"Eu vou por aí quando a dor me encontra
Ouvindo as canções que já sei de cor
E o meu coração vai achar bem fundo
O amor Maior "
O Som da Música, versão de Claúdio Botelho para The Sound of Music de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II
Você já voltou no tempo?
Não é necessário um DeLorean movido a plutônio. Às vezes um momento, uma música, uma pessoa, um cheiro, uma peça de teatro permitem a viagem. Viagem interna, de volta a uma outra idade. Eu voltei aos meus 12 anos de idade quando assisti, domingo dia 03 de agosto de 2008, aos 29 anos de idade, a montagem de A Noviça Rebelde. Voltei a idade quando vi o filme pela primeira vez, no Supercine. Bom ano o de 1992, algum programador de filmes da Globo teve idéia feliz de fazer um festival de clássicos no, à época, nem tão triste horário dos sábados à noite. Vi alguns dos grandes clássicos neste ano, neste horário. (Alguns anos depois, talvez o mesmo programador, teve uma outra idéia genial: um festival de Chaplin! O horário era mais ingrato, domingo à noite, mas ainda assim foi uma alegria ver Chaplin substituindo os Charles Bronsons da vida).
Adorei aquele filme, que a princípio achava que seria "bobo" (aos 12 anos eu já me achava crítica e adulta). Eu fiquei triste quando Maria voltou para o convento e acreditei que ela se tornaria freira. Que delícia foi ver a seqüência de "Something Good" e a dança do laendler (google e wikipedia me ajudaram a acertar o nome), eu sonhei muito em dançar aqueles passos com alguém. Terminei o filme encantada, querendo ver de novo, querendo cantar as músicas. Sei todas! Vi o filme algumas muitas vezes depois.
E domingo, no teatro, voltei a esse momento. Me encantei quase como aos 12 anos. Até me surpreendi, pois a montagem muda algumas músicas de lugar, inclui dois números que não existem no filme e acima de tudo, mesmo que muito baseada no filme (e essa é a única crítica, no início é um pouquinho difícil desgrudar da comparação), a peça consegue ser uma obra independente. Aos poucos os elementos inicialmente que parecem cópia do filme vão ganhando vida própria, se tornam referências (homenagens?) e elementos outros vão surgindo e garantindo a bela montagem caracteríticas próprias. As versões das músicas são os primeiros elementos a fazer essa apropriação de um original sem se tornar cópia. Alguns versos mantém sonoridade ganhando novos sentidos, sem destoar do original, mas sem precisar ser mera tradução. O verso citado lá em em cima é um exemplo.
Mas também os personagens e os atores que os encarnam conseguem essa mágica, da referência sem ser plágio. Alguns ainda se sobressaem, como o Tio Max de Fernando Eiras, simplesmente divertido, irônico e cativante, como o do filme mas sem ter nada a ver com aquele. O Capitão Von Trapp de Herson Capri, se não canta tanto quanto aquele de Cristopher Plummer, é muito mais apaixonante do que o do filme. Comparar a Maria é mais difícil, Julie Andrews ficou marcada pelo papel, mas ainda assim Kaira Sasso não fica a dever e cria uma Noviça mais leve e até mais decidida, mais século XXI. As crianças são lindas, a pequena Gretel em especial, pena não ter tido créditos para que eu soubesse qual era o elenco infantil do domingo (e também não consegui comprar o programa, tudo muito cheio no grande Oi Casa Grande, podem melhorar a organização) e todo o elenco, com a Madre Superiora que canta muito, já tão falada é muito bom.
Cenários incríveis que sobem, descem, iluminação que cria Alpes no entardecer, noites e chuvas. Figurinos que completam.
No todo um grande espetáculo musical, que emociona adultos, idosos, crianças e aidna faz alguns adultos se sentirem criança novamente.
E você não acredita em viagem no tempo...
Serviço: no site oficial (anovicarebelde.com.br) pode-se ouvir as músicas.