sábado, março 09, 2002

Hoje à noite a Praça da Apoteose será palco de um momento antológico (o que já é da sua natureza) quando Roger Waters e banda derem os primeiros acordes dessa música cuja letra segue abaixo (só por mera ilustração, já que qualquer habitante do mundo ocidental a conhece).

O público - enorme já que parece que os ingressos se esgotaram - fará parte desse momento, cantando, entoando junto. E mostrando qual o verdadeiro sentido dessa música, que eu acredito, não ser servir a um albúm histórico ou a um filme lisérgico e sim ser cantada por uma multidão!!

Pena que não estarei lá...

Mas desejo a todos uma noite inesquecível!!!

Another Brick In The Wall (part II)
Pink Floyd


We don't need no education.
We don't need no thought control.
No dark sarcasm in the classroom.
Teacher, leave those kids alone.
Hey, Teacher, leave those kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.

We don't need no education.
We don't need no thought control.
No dark sarcasm in the classroom.
Teachers, leave those kids alone.
Hey, Teacher, leave those kids alone!
All in all you're just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.

sexta-feira, março 08, 2002

Uma música feliz sobre a felicidade, baseada tão somente nas coisas simples (e importantes) da vida.

O Decobrimento do Brasil
Legião Urbana

Letra: Renato Russo
Música: Marcelo Bonfá

Ela me disse que trabalha no Correio
E que namora um menino eletricista
- Estou pensando em casamento,
Mas não quero me casar.

Quem modelou teu rosto?
Quem viu tua alma entrando?
Quem viu tua alma entrar?

Quem são teus inimigos?
Quem é de tua cria?
A professora Adélia,
A tia Edilamar
E a tia Esperança.

Será que você vai saber
O quanto penso em você com o meu coração?

Quem está agora a teu lado?
Quem para sempre está?
Quem para sempre estará?

Ela me disse que trabalha no Correio
E que namora um menino eletricista
As famílias se conhecem bem
E são amigas nesta vida.

- A gente quer é um lugar p’rá gente
A gente quer é de papel passado
Com festa, bolo e brigadeiro
A gente quer um canto sossegado
A gente quer um canto de sossego.

- Estou pensando em casamento
Ma’inda não posso me casar.
Eu sou rapaz direito
E fui escolhido pela menina mais bonita.
Alguns dias sem nada escrever...

Falta de tempo!

A vida real urge e a gente se esquece da virtual!

segunda-feira, março 04, 2002

Existem escritores...

Essas pessoas que têm o dom de transformar simples palavras em sentimentos, em coisas sublimes.

Assim como existem pintores, escultores, músicos e artistas em geral.

Milan Kundera foi capaz (claro!) de expressar de forma muito mais feliz algo que eu apenas consegui esboçar no início do post de ontem (03/03):

Atravessamos o presente de olhos vendados; mal podemos pressentir ou advinhar aquilo que estamos vivendo. Só mais tarde, quando a venda é retirada e examinamos o passado, percebemos o que foi vivido, compreendemos o sentido do que passou.
Mais um post introspectivo e talvez sem sentido.

Mas necessário, num momento em que talvez esteja me libertando de uma ilusão de dois anos, para "odernar" as idéias... ;-)

Até que ponto, se você acredita muito em algo, isso não se torna real?

Às vezes a vida nos prega grandes peças.

Ou talvez sejamos nós que nos auto enganamos.

Pode acontecer de nos perdermos em sentimentos, em crenças, em "verdades" que não passam de ilusões. Se a ilusão não atrapalha a vida, se pelo contrário ela ajuda, ao estimular a criação, ao transfomar-nos em pessoas melhores. Então pode se até viver neste mundo à parte. Como numa paixão platônica, que não fere ninguém mas traz para o apaixonado a sensação de alegria e felicidade que só os apaixonados conhecem.

Mas e se essa ilusão nos cria problemas? Nos tira do convívio com aqueles que nos querem bem? Nos leva a cometer atos que normalmente consideraríamos impensáveis? Nos torna alguém de quem não nos orgulhamos??

A paixão é um tipo de ilusão. É um período de tempo durante o qual enxergamos uma outra pessoa de uma forma diferente. Sentimos por ela uma atração mais forte que a normal. Somos capazes de tudo, ou quase tudo, por ela. Mas cedo ou tarde a paixão acaba. Em algum momento os fenômenos neurofisiológicos que mantêm cesa a chama cessam e a chama se extingue.

Ou não...

A não ser que haja amor, carinho, querer bem, amizade, que seja. Aí, a paixão acaba mas o relacionamento permanece.

Mas e naqueles casos em as coisas não deram muito certo? Quando você descobre facetas nada agradáveis da pessoa que você quiz, ou quer, bem? Será covardia desistir do relacionamento e largar o outro a própria sorte por seus defeitos? Ou será covardia consigo mesmo levar a diante uma relação que nada traz de bom para você, que faz de você uma pessoa pior??

Cedo ou tarde chega-se a uma certeza do que fazer. Mas no meio tempo a dúvida é cruel...

domingo, março 03, 2002

Às vezes parece difícil não acreditar no destino, é quase impossível não enxergar que existem sinais pelo caminho. As grandes revelações, decisões e mudanças muitas vezes não acontecem do nada. O momento do acontecimento pode parecer insólito à primeira vista. Mas se olhamos só um pouquinho para trás percebemos como aquilo já vinha se anunciando, por meio de pequenas e sutis pistas.

São pequenas alterações da sua rotina diária, amigos que aparecem quando menos se espera, uma sensção estranha de que há algo que você deve fazer, uma série de textos, filmes e músicas que de repente parecem versar sobre apenas um tema. São pistas que não são compreendidas logo, até porque, elas estão ali para falar ao subconsciente. Quando finalmente aquela idéia, decisão, acontecimento que seja, consegue ganhar força bastante para se tornar real e consciente, nos surpreendemos ao ver que o caminho estava lá e não notamos. Caminhamos por ele quase sem perceber para onde ele nos levava.

Nesse momento sabemos também que é hora de começar uma nova trilha. Que mais uma vez nos lerará a algum lugar desconhecido, mas do qual temos pelo menos idéia de como gostaríamos que fosse. É hora de juntar tudo (amigos, pertences e alegrias), lembrar do que foi aprendido e cuidar para acertarmos mais ou pelo menos não cometer os mesmos erros.

E tentar prestar mais atenção às pistas. Quem sabe assim, um dia, seremos capazes de prever o futuro...;-)

Mistério é tudo aquilo que (ainda) não somos capazes de explicar...

O maior mistério é não haver mistérios.
O hábito de estar aqui agora
aos poucos substitui a compulsão
de ser o tempo todo alguém ou algo.

Um belo dia (por algum motivo
é sempre dia claro nesses casos)
você abre a janela, ou abre um pote

de pêssegos em calda, ou mesmo um livro
que nunca há de ser lido até o fim
e então a idéia irrompe, clara e nítida:

É necessário? Não. Será possível?
De modo algum. Ao menos dá prazer?
Será prazer essa exigência cega
a latejar na mente o tempo todo?
Então porque?
E neste exato instante
você por fim entende, e refestela-se

a valer nessa poltrona, a mais cômoda
da acasa, e pensa sem rancor:
Perdi o dia, mas ganhei o mundo.

(Mesmo que seja por trinta segundos.)


Paulo Henrique Britto é autor de Trovar Claro

Retirado do caderno Mais+, Folha, 03/03/2002.