sexta-feira, abril 14, 2006

Desinteresse
Parece que sofremos de séria falta de interesse
Um desinteresse calculado
Que é mais um temer o interesse
Do que realmente não querer saber
Ou ainda
Querer e não querer
Querer e não poder
Aceitar
Mudar?
(se é possível...)

segunda-feira, abril 10, 2006

"Diga-se que um dos aspectos mais belos do filme é justamente este de trazer a atualidade do momento sócio-econômico argentino para um drama pessoal. Ou seja, não se trata de fazer um manifesto sobre a crise, não muito menos ignorá-la. Resta ver como ela afeta a vida das pessoas. Como as relações amorosas, familiares ou profissionais são impregnadas por ela. Simplesmente esta capacidade de retratar o seu tempo enquanto ele se desenvolve eleva o filme acima da maior parte da produção latina recente. E tornar a crise cômica e dramática é olhar para ela com os mesmos olhos com que somos forçados a olhá-la todos os dias."
Eduardo Valente em crítica ao filme O Filho da Noiva na ContraCampo, claro.
Esse trecho da crítica do Valente serviria também a Clube da Lua (Luna de Avellaneda), novo filme de Juan Jose Campanella. Tendo novamente como ator principal Ricardo Darin no papel de Román, e Eduardo Blanco como seu melhor amigo Amadeo, Clube da Lua fala mais uma vez da crise argentina. A diferença com O Filho da Noiva é que neste a crise parece ser o principal tema. Mas não é.
Román é sócio vitalício do clube que dá nome ao filme, lugar onde nasceu. Clube que no passado abrigou festas populares, namoros, amizades e que hoje é uma peça de resitência. Resistência da utopia de pessoas que acreditam que crise econômica, por mais que interfira em todos os aspectos do dia a dia, não precisa ser crise de valores, de sonhos, de relacionamentos. Se a economia hoje parece ser soberana e a tudo controlar, os sócios do clube Luna de Avellaneda querem apostar que existem coisas mais importantes que o dinheiro. Querem ser solidários e criar laços afetivos. Querem sonhar com um mundo melhor. E querem poder fazer tudo isso. Mas são cada vez mais assolados por uma visão cínica do mundo. Visão essa válida, como o próprio Roman chega a reconhecer. Talvez esse seja o certo, ser cínico, pensar em ter dinheiro e melhorar de vida (?). Mas o que o belíssimo, ainda que aparentemente simples em sua dramaticidade e emotividade, Luna de Avellaneda tenta falar (ou assim me pareceu) é que ainda pode existir lugar no mundo para sonhos e utopias. Para clubes ondem meninas dançam balé, meninos jogam bola, homens jogam carteado e ninguém quer ficar rico com nada disso. Querem apenas se encontrar, quem sabe à luz da lua...