sábado, dezembro 04, 2004

Saudade Patológica

No dia em que eu não for mais
Pode ser que tudo mais não faça diferença
Mas agora, enquanto ainda sou
Não posso evitar a estranha sensação
De sentir saudades de toda beleza inerente ao mundo
e aos seres, principalmente os ditos humanos

Não faz sentido
Pois ainda vivo tudo aquilo de que tenho saudades
Mas talvez seja o medo cético
De nem mesmo saudades sentir
Quando me acabar o tempo nesse pequeno planeta
E assim vou perdendo a felicidade completa
Por sentir saudades antes do tempo
"O que diferencia o impossível do difícil? A questão parecia-lhe importante, quase essêncial pois dela dependiam as decisões que estava por tomar. Precisava resolver se valia apena tentar ou se, sendo impossível seu desejo, apenas lhe restava resignar-se. Mas sua pergunta permanecia sem resposta, por mais que pensasse, discutisse, procurasse a resposta na filisofia, na ciência ou na fé. Queria acreditar, na verdade, que alguma lei resolveria por ela sua vida, determiando o que fazer, desejar, amar. Mas ao mesmo tempo questonava cada uma das leis humanas que poderiam cercear seu querer e amenizar a angústia que lhe era inerente. A liberdade, então, de pensar, decidir, querer tinha por preço a angústia de se saber livre e temer estar só. Mas não eram exatamente a angústia e o medo da solidão que movimentavam seu ser? Não era pelos momentos em que se sentira completa, acompanhada na imensidão, que estava disposta a correr os riscos inerentes de querer o impossível e assim acreditar que era apenas difícil? Se "assim é o que assim lhe parece", já tinha sua resposta, por mais que quisesse duvidar de si mesma, por mais que fosse manter-se a procura de uma certeza ou verdade absoluta. Ainda que duvidasse que tais existissem, seria a procura de sua vida. Mas no meio tempo tinha de viver e correr os riscos de ter, ou não, o impossível."

domingo, novembro 28, 2004

Esboço de um roteiro de Comédia Romântica Medieval (público alvo: mulheres de todas as idades. Com possibilidade de virar uma série, ao estilo Sissi.)

Queria escrever uma história romântica. Com uma donzela a espera de um herói. Mas sua donzela teimava em resolver seus problemas antes que seu herói pudesse ajudá-la. Este também encontravasse a maior parte do tempo perdido em dúvidas e preferia se enamorar das personagens secundárias do romance a cortejar a donzela que tanto admirava. Dessa forma, a donzela não tinha porque esperar pelo herói que na realidade ansiava, pois acreditava que este já tinha pretendentes demais e que ela não poderia se comparar a elas. Pensar não era atributo tão sedutor quanto saber pedir ajuda quando não se necessitava. E ela não era capaz disso. E era exatamente isso que a fazia mais admirável aos olhos do herói. Ao mesmo tempo que a fazia mais distante, pois uma mulher tão inteligente, independente, bonita e charmosa não poderia precisar de um herói que só servia para resgatar donzelas perdidas na floresta. E ela era inteligente o bastante para sempre encontrar o caminho de volta. Mas na verdade, sempre ficava na floresta mais tempo que o necessário, esperando que talvez ele fosse resgatá-la. Pois admirava nele para além da força e beleza, que todas enxergavam, também a determinação, o senso de crítica e de humor e sua sensibilidade. Sabia que ele escrevia e morreria só para ver seus versos. Talvez morresse mesmo quando descobrisse que a maior parte era sobre ela. Seus olhos, cabelos, suas mãos, que ele tocara apenas uma vez, a voz que se atrevia a cantar versos e falar de coisas que iam além de tecidos e jóias. Ele escrevia sobre ela, sem saber que ela também fazia versos sobre ele. E assim, a história se perdia cada vez mais num romance aparentemente impossível entre dois personagens que se amavam mas não sabiam. Até o pai da donzela já estava preocupado, com sua primeira filha tão cheia de dotes poderia estar ainda solteira? Decidiu mandá-la a outro reino, para expandir seus horizontes, conhecer novos pretendentes. A donzela aceitou bem a proposta, começava a pensar que precisava de algo novo além dela mesma. E foi para o outro reino, onde, ao se ver livre do estigma de donzela reclusa, pode ser quem realmente queria. Enfeitou-se, se atreveu a participar das quadrilhas no bailes, se fez ser olhada e aceitou o olhar de príncipes, heróis e camponeses. Enamorou-se de um ou dois deles... Enquanto o herói aprendia que deveria escolher o que queria. Ouvia rumores do sucesso da donzela no reino vizinho e sentia uma raiva estranha por isso. Como poderia ter raiva de saber que ela estava mostrando a todos aquilo que ele sempre soubera haver dentro dela? Precisou ir até o reino e vê-la conversando com o príncipe para entender seus ciúmes. Pensou em desistir, nem falar com ela, mas ela o viu. E imbuída da força que acabara de descobrir em si mesma, resolveu seduzi-lo, ou pelo menos tentar. Enquanto ele, tomado de ciúmes, de um sentimento de propriedade para com ela, resolveu que a conquistaria. E a partir daí, o resto é história...
Touro 28/11/2004
Humanos são aqueles que vão além do medo que dá a complexidade de tudo, e fazem o possível para merecer as pessoas com que se relacionam, assim como também oferecer a elas o melhor que há em seus corações a todo momento.
www.quiroga.net

Como não ler um horóscopo com mensagens tão bem escritas e bonitas como essa? Impessoal (ainda que não pareça para o leitor) como todos, mas com mensagens bonitas. Ou não, sou eu que gosto mesmo de ler esse horóscopo que fala menos do futuro e mais do presente.(Talvez ele fale daquilo que cada leitor queira que ele fale, os oráculos não foram todos assim? Preciso de tempo para voltar à História para saber responder...)