sábado, dezembro 31, 2005

Talvez o amor seja a grande resposta. A capacidade de amar o outro, em suas várias gradações, desde a compaixão pela identificação até a paixão pela pura e simples admiração incondicional (e necessidade) do outro.
Talvez seja a única resposta que nós, humanos, podemos construir para nossas dúvidas existenciais. Ou talvez seja só a minha resposta. Tudo bem, contanto que continue colocando-a em prática.
Mas, talvez não só eu. Hoje assisti "Olhos Abertos", primeiro filme de Shymalan (ao menos o primeiro longa metragem). Cada vez mais o tenho como um dos melhores (senão o melhor) diretor de cinema da atualidade. Se este primeiro filme carece de certos elementos de construção dramática rebuscados, dos quais seus filmes desde O Sexto Sentido são tão ricos, ganha numa certa simplicidade dramática e emotiva. E essa simplicidade não compromete a experiência cinemtográfica.
Nem sei se contar a história de um menino de 10 anos que busca Deus após a morte do avô poderia ser mais rebuscado. O roteiro já parte de uma idéia complexa, temos um menino católico bastante filosófico e contestador, ainda que ao mesmo tempo, querendo apenas buscar a confirmação de sua crença. Ele quer acreditar, mais do que todos os outros colegas que aceitam os ensinamentos católicos sem questionar. E em sua busca nada infantil ele acha a resposta no amor. Ao sentir sua primeira "reação biológica" (paixão), para usar seus termos, a uma menina; ao se identificar (compaixão) com os colegas que lhe eram tão distantes (o gordinho, o valentão, o estranho) entender que eram meninos como ele; e ao perceber que a amizade pode ser um milagre. Joshuavive todos esses exemplos de amor ao longo da difícil quinta série, iniciada com a perda do avô. Seu ano de mudanças (entrada na adolescência, poderíamos dizer) se inicia, como em qualquer mudança, com a perda. Mas termina com um encontro, com o amor, com seu Deus e por fim, com um anjo sem asas que esta lá o tempo todo a ajudá-lo mas que Joshua só vê como o que relamente é para ele quando aprende a amar seus semelhantes. É ou não uma história de humanidade?
E esse foi só o primeiro filme do Shyamalan...
E que a próxima volta da terra em torno do sol traga fartura de colheitas, mas também de humanidade.

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