domingo, janeiro 23, 2005

O ano de 2004 começou com um filme sobre relacionamentos romântico, ainda que melâncólico e platônico, o (merecidamente) cultuado "Encontros e Desencontros". E depois dele vimos ainda "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" e "Antes do Por do Sol", formando assim o que chamo de tríade dos romances românticos de 2004, que foi um ano cinematograficamente romântico. Mesmo que não romanticamente idealizados, eram filmes que tratavam dos relacionamentos de forma honesta mas cheia de sentimento, também honesto e real (por isso mesmo não são filmes eminentemente felizes, pelo contrário, são quase tristes mas ainda assim nos permitem pensar que vale à pena).
Já este 2005 começa com "Closer", um filme sobre relacionamentos que tem uma visão crua, quase cruel, fria, praticamente desprovida de sentimentos. Há pouquíssimos momentos de afeto no filme, quase todo o tempo os quatro personagens parecem movidos pelo puro e simples desejo, sem sentimento. Bom e interessante filme, ainda que mantenha um tom bastante teatral (é uma adaptação de uma peça). Mas acho que a tríade de 2004 é mais feliz no seu retrato do que nos move nos relacionamentos. Ao chegar perto demais do tal desejo que seria o condutor de nossas vidas, o autor Patrick Marber (ou talvez o diretor Mike Nichols) esqueceu do sintoma afeto, que permeia, dificulta mas também colore e permite que tenhamos essa certeza que tudo vale à pena. (Se a alma não é pequena, como escreveu Pessoa).

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