sexta-feira, janeiro 14, 2005

Assim falou Nietzsche (no prólogo de A Gaia Ciência)

"Talvez não baste somente um prólogo para este livro; e afinal restaria sempre a dúvida de que alguém que não tenha vivido algo semelhante possa familiarizar-se com a vivência deste livro mediante prólogos. Ele parece escrito na linguagem do vento que dissolve a neve: nele há petulância, inquietude, contradição, atmosfera de abril..."

"... Toda filosofia que põe a paz acima da guerra, toda ética que apreende negativamente o conceito de felicidade, toda metafísica e física que conhece um finale, um estado final de qualquer espécie, todo anseio predominantemente estético ou religioso por um Além, Ao-lado, Acima, Fora, permitem perguntar se não foi a doença que inspirou o filósofo. O inconsciente disfarce de necessidades fisiológicas sob o manto da objetividade, da idéia, da pua espiritualidade, vai tão longe que assusta..."

"... essa vontade de verdade, de "verdade a todo custo", esse desvario adolescente no amor à verdade - nos aborrece: para isso somos demasiadamente experimentados, sérios, alegres, escaldados, profundos... Já não cremos que a verdade continue verdade quando se lhe tira o véu... Hoje é, para nós, uma questão de decoro não querer ver tudo nu, estar presente a tudo, compreender e "saber"tudo. [...] Devíamos respeitar mais o pudor com que a natureza se escondeu por trás de enigmas e de coloridas incertezas..."


Bom, eu não me acho capaz de saber toda a verdade, mas ainda sou jovem (ou "adolescente desvairada") o bastante para acreditar na sua busca...

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