sexta-feira, janeiro 20, 2006

2046 ou "A (im)possibilidade do amor"
Em algum momento de 2046, filme de Wong Kar Way, o personagem principal, Chow, escritor, diz que o amor chega na hora certa. A questão é que a pessoa amada não pode chegar nem antes nem depois disso. Alguns filmes também chegam na hora certa. A tempo de serem experiências catárticas.
Os filmes (a experiência cinematográfica em si) foram e são parte de minha formação. Mais que simples entretenimento, sempre foram uma forma de contato com o mundo. Forma de aprendizado e até de diálogo.
E, algumas vezes, foram forma de identificação.
Como em 2046 e sua história de amores possíveis e impossíveis. Muitas vezes as duas coisas ao mesmo tempo. O único romance que se torna realmente possível, plenamente, não nos é mostrado. Podemos apenas acreditar no relato dele. Todas as outras história amorosas são marcadas pela impossibilidade. Ainda que se tornem reais, possíveis, por algum tempo. Como o relacionamento de Chow e Bai Ling, no qual ela se apaixona, aidna que sabendo que não deveria...
Talvez seja do culpa do tempo que alguns encontros ocorram em momentos errados, antes ou depois.
Talvez não haja culpa. Só o fato da impossibilidade.
Ainda assim 2046 é um filme belo, transbordante de paixão, obrigatório.
Tanto quanto cada amor é belo, transbordante, obrigatório.
Mesmo que impossível.
Para uma crítica balizada, tem o ótimo escrito de meu amigo Jr na contra campo.
"As lembranças são os vestígios das lágrimas."

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