domingo, junho 16, 2002



"...
Em pouco mais de 400 anos de ciência, passamos do centro do Universo a um planeta orbitando uma humilde estrela em meio a bilhões de outras. O que essa visão tem de humilhante, ela tem de magnífica. Termos consciência de nossa insignificância cósmica é, talvez, um dos nossos maiores motivos de orgulho; ao mesmo tempo, aprendemos a celebrar a enormidade do cosmo e a nossa capacidade de compreendê-la.
Essas reflexões tornam a questão da nossa existência ainda mais fascinante: como foi possível, em um Universo movido pelo acaso, que seres vivos tenham aparecido e, mais impressionante ainda, seres vivos inteligentes? Como foi possível, em um Universo dominado por matéria inerte, que átomos destituídos de consciência ou objetivo tenham se organizado em sere conscientes? Essas questões, claro, são bem mais antigas que ciência, tendo sido abordadas por inúmeras religiões no decorrer da história da humanidade. Temos uma profunda necessidade de compreender as nossas origens, de justificar de alguma forma a nossa presença aqui. Se a origem da vida permanece ainda um mistério, a sua emergência é algo que deve ser explicado cientificamente, a partir da complexificação crescente da matéria orgânica, desde os seres mais primitivos até a humanidade moderna.
..."

Marcelo Gleiser, 16/06/2002, no caderno Mais, da Folha.

Tendo assistido Contato (filme que sempre me emociona e me leva a pensar, mesmo depois de várias sessões, mesmo já tendo lido o livro de Sagan), mais uma vez, ontem (mesmo que decepado pelo sbt) e lendo a coluna do Marcelo Gleiser de hoje, não posso deixar de pensar que, no final das contas, tudo se resume a fé, a acreditar em algo que para nós faz sentido e nos toca como sendo a verdade. Nem mesmo a ciência conseguiu, até agora, todas as explicações. Até os mais racionais dos cientistas têm de se ver aceitando algo tão irracional como o acaso para poderem explicar aquilo que ainda não somos capazes de entender.
Um dia, eu espero, seres humanos vão olhar para trás e se perguntar "como podíamos ser tão ingênuos?".

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