sábado, dezembro 28, 2002

Eu vi um filme...

O filme do meio

"As Duas Torres" é, sem dúvida nenhuma, o filme do meio da trilogia "O Senhor dos Anéis". E Peter Jackson parece ter assumido essa condição do filme. Ele começa sem grandes explicações, pois as explicações iniciais estão no primeiro filme e deixa grandes questões (como quem será a "ela" sobre quem Gollum fala no final, até quem leu o livro e sabe quem é "ela"sai do cinema morrendo de curiosidade para ver esta que deverá ser uma grande seqüência de "O Retorno do Rei") para o terceiro. Então, se não há explicações, o que resta para esse filme? Aventura, ação, drama, romance, suspense, esses elementos básicos de qualquer história. E todos esses elementos são bem desenvolvidos no filme. A guerra entre o mal (encarnado por Sauron e Saruman) e o bem (todos os seres que se unem para lutar, superando suas fraquezas e diferenças) se torna real e batalha no Abismo de Hellm é uma seqüência grandiosa. A amizade entre Aragorn, Legolas e Gimmli (e também com o hobbits) é o grande emblema da união de todas as raças e seres e isso fica muito claro ao longo do filme. De outro lado, o encontro de Merry e Pippin (que estão mais sérios e responsáveis, mostrando o quanto a jornada está afetando a todos) com os Ents (que têm um aspecto um tanto infantil) também é importante, apesar de ser menos mostrado no filme. A tomada de Isengard pelo Ents é bem retratada, mas o final ficou para o terceiro filme (é, muita coisa ficou para o terceiro filme...). Mas, falta ainda falar de uma das frentes contra o mal, talvez a mais importante, a que corre maiores riscos e, para mim, a mais bela. A jornada de Frodo e Sam até Mordor para destruição do Um Anel é difícil e cheia de obstáculos a serem superados. O principal é o próprio anel que cada vez mais influência Frodo, de tal forma que em determinado momento ele se volta contra o próprio Sam, numa cena que termina mostrando o valor da amizade para que toda a jornada tenha sucesso. Há ainda Gollum, que se revela um personagem em CGI impressionantemente real (há uma atuação importante por baixo dos efeitos especiais e isso conta muito para o sucesso do personagem) e dúbio em seus sentimentos e atos (como quase tudo nesta grande obra). Esta parte da história é a que termina deixando os espectadores curiosos e aflitos pelo próximo (e último) filme. É uma das várias mudanças com relação ao livro, mas todas são feitas para dar maior agilidade e tornar a história mais "cinematográfica". A única que talvez deixe os leitores cismados é a mudança de Faramir, mas essa na verdade é menor do que realmente parece. Faramir não é como Boromir e em nenhum momento clama para usar o anel, apesar de quer que ele seja usado para ajudar seu povo.
Grandes seqüências, atuações emocionantes, pequenos grandes dramas, três histórias formando uma só sendo unidas por um diretor e toda uma equipe que parecem ter imergido na fantasia de "O Senhor dos Anéis". Isso, basicamente, é o que forma "As Duas Torres". Talvez não seja um filme tão bom quanto "A Sociedade do Anel" porque aquele foi espetacular, mesmo assim é um grande filme. Se o ano de 2002 começou cinematograficamente bem, não poderia terminar melhor.

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