segunda-feira, fevereiro 04, 2002

Antigamente eu achava que a pessoa para dividir a vida seria a pessoa perfeita. Isto é, aquela pessoa com quem temos várias coisas em comum, com quem nos damos bem sem o mínimo esforço, com quem concordamos em quase tudo e que nos completa de diversas maneiras como: você não entende nada do lado "técnico" da internet ela (a pessoa) entende; você gosta de rock "comportado" e jazz, ela de heavy metal, gótico e música clássica; você é emocional demais, ela é mais fria; e por aí vai. As chances são altas de que, ao encontrarmos tal pessoa, nos apaixonemos por ela. E se ela também se apaixonar, pode ser um ótimo relacionamento, algo para se levar para toda a vida. Mas pode não ser o relacionamento de uma vida...

Dúvidas...

Hoje me pergunto onde fica o amor nessa história. Será que não é possível você desejar alguém que não tem muito em comum com você, alguém que você talvez nem notasse, caso o destino não o tivesse colocado diretamente no seu caminho? A diferença aqui é que não estamos falando em "afinidades", "compatibilidades". Estamos falando de sentimentos. E também não de paixões arrebatadoras, pois você mantêm suas faculdades mentais conservadas. Mas ainda sim, quer muito bem a pessoa que aparentemente "não tem nada a ver". Nesse amor "para toda vida" há desejo, atração física, carinho, preocupação, uma capacidade incrível de passar horas e horas falando sobre coisas absolutamente sem importância (com a pessoa ideal isso nunca ocorreria, sempre haveriam assuntos relevantes para discutir!) e de se perder no olhar dessa pessoa. Há uma certeza estranha, mas ao mesmo tempo reconfortante, de que você realmente poderia passar toda a vida ao lado dessa pessoa, aprendendo e ensinado, crescendo.

Ou não...

Talvez eu não esteja fazendo sentido, talvez esteja misturando tudo.

Talvez eu simplesmente queira me perder num certo olhar...

Quase
Caetano Veloso/Antonio Cícero


Por uma estranha alquimia
(Você e outros elementos)
Quase fui feliz um dia.
Não tinha nem fundamento.
Havia só a magia dos seus aparecimentos.
E a música que eu ouvia e um perfume no vento.
Quase fui feliz um dia.
Lembrar é quase promessa.
É quase quase alegria.
Quase fui feliz a beça
Mas você só me dizia:
Meu amor vem cá.
Sai dessa
Meu amor vem cá.
Sai dessa.


Nenhum comentário: