domingo, fevereiro 24, 2002

Onze homens e um segredo/ Ocean's Eleven

Diversão e charme. Estas são as palavras que melhor definem Onze homens e um segredo. É um filme charmoso do início ao fim, e em praticamente todos seus detalhes. Um filme no qual você sente que aquelas pessoas na tela (e por trás dela) se divertiram, e no qual você também se diverte. Tudo isso graças a um ótimo trabalho de equipe de atores, diretor, roteiro, trilha sonora e montagem, e todos os outros responsáveis pelo filme.

George Clooney é charmoso por natureza, então, é claro que esse filme caiu como um luva para ele (e foi ele que primeiro teve a idéia do remake, após ler o roteiro), principalmente sendo dele o papel de Daniel Ocean, o cara que sai da prisão e resolve chamar os amigos para passar o tempo e arquitetar um roubo ousado de três cassinos de Las Vegas. Brad Pitty trabalha como há muito não fazia e junto com Clooney protagoniza alguns dos melhores diálogos do filme, a dupla tem um entrosamento invejável.

Mas não só os dois astros se sobressaem, todo o elenco dos 11 amigos de Ocean tem direito a brilhar. Dentre eles Matt Damon, ótimo como o novato que tem de provar que não vive à sombra do pai; Don Cheadle, divertidíssimo como o especialista em explosivos; Carl Reiner, o veterano picareta que sofre de úlcera; e ainda Elliot Gould, Bernie Mac, Scott Caan, Casey Affleck e Shaobo Qin, este um acrobata do circo chinês! Soderbergh mostra, mesmo num filme-pipoca, porque é considerado um ótimo diretor de atores, fazendo com que todos apareçam e mostrem seu valor.

O único porém fica por conta de Julia Roberts e Andy Garcia, falta charme aos dois, exatamente o mesmo charme que transborda em todos os outros atores. Talvez porque Andy Garcia seja o rival de Clooney, e Julia a garota que trocou Daniel Ocean por seu rival, eles não sejam tão carismáticos, porque nesse filme, os caras legais, goste você ou não, são os ladrões, não os caras “certinhos”!!

O que mais falar sobre Steven Soderbergh? Alguém duvida que ele é um ótimo diretor? Talvez um dos melhores da atualidade? Ele consegue passar de filmes pequenos para blockbusters com maestria. E consegue fazer dos filmes pipoca algo que apesar de ser escapismo, entretenimento puro e simples, não fere a inteligência do espectador. E, acima de tudo, ele promove duas horas di-ver-ti-dís-si-mas, para fazer até o mais chato dos intelectuais lembrar que cinema também pode ser diversão pura e simples, conatanto que o filme seja bom.

O roteiro, mesmo se aproveitando da idéia original do Onze homens e um segredo de 1960, é bastante atual e guarda muitas surpresas e reviravoltas, até para quem assistiu o filme com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr e compania. Há os elementos básicos dos atuais filmes de grandes roubos: aparatos técnicos, espionagem, jogo de gato e rato. Mas tudo isso com um ritmo que remete ao que há de mais básico no cinema: a capacidade de contar uma história e entreter o público. O filme mantém o interesse o tempo todo, e não lança mão de surpresas só para isso, pois há ótimos diálogos, que mantêm o ritmo do filme. As surpresas até existem, e são inteligentes, pouco previsíveis e servem muito bem ao filme, principalmente por não serem o seu único trunfo (o que por vezes acontece nesse tipo de filme).

E se falamos de ritmo, charme e diversão, a trilha sonora não poderia ser outra se não jazz. A música é outra aliada da história dos onze amigos, emoldurando perfeitamente todos os momentos do filme, principalmente o roubo em si. Música e cenas estão tão bem conjugadas que um completa o outro e quase não existe sem o outro. É difícil lembrar do filme sem lembrar da trilha sonora, você vê as cenas e quase vê as notas musicais como atuando no filme.

A procura de duas horas de diversão inteligente, feita com intuito de fazer você esquecer dos problemas e mergulhar numa boa história? Saia da frente da tv ou computador e vá ao cinema assistir ao roubo arquitetado por Daniel Ocean e seus amigos. Aposto que você não vai se arrepender!

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